Sigourney Weaver: A Rainha do Grito do Espaço Sideral

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Sigourney Weaver

“Nunca imaginei ficar famosa com um filme de ficção científica”. A frase, que mais parece clichê, é da atriz Sigourney Weaver, que para os amantes do gênero, é mais conhecida como Ellen Ripley, personagem que a imortalizou no clássico filme Alien, O 8º Passageiro (Alien, 1979). Hoje, mais de 30 anos depois, a atriz, não esconde orgulho da personagem que para ela é fruto de uma boa história.

Aliás, uma boa história foi a única exigência que a atriz fez para voltar a encarnar a tenente Ripley nos demais filmes da série. Já a falta de um bom roteiro foi o motivo que fez com que Sigourney nem tivesse interesse em ler o roteiro do péssimo Alien Vs Predador (Alien Vs Predador, 2003). “Fiquei triste quando comecei a escutar que esse filme (AVP) seria produzido e de forma alguma eu me envolveria nele ou qualquer outra porcaria do gênero”, rebate a atriz quando perguntada sobre a sua ausência na trama envolvendo os dois monstros espaciais.

Evitar participar de filmes que julgue serem ruins é a fórmula que Sigourney utiliza para escolher seus papéis desde que começou a sua carreira. Hoje, a estrela já soma participação em mais de 60 filmes e conseguiu o que a maioria das atrizes de ficção, suspense ou terror gostariam de ter: notoriedade e sucesso em outros segmentos, como drama, comédia, romance, entre outros. O que faz de Sigourney uma atriz completa e reconhecida por público e crítica.

Monstro gosmento

Filha do produtor de televisão Sylvester L. Weaver e da atriz inglesa Elizabeth Inglis (39 Degraus, 1939), a jovem Susan Alexandra Weaver passou a infância e adolescência frequentando os melhores colégios. Foi no começo da década de 60 que Susan começou a se interessar em atuar, passando então a ter as primeiras aulas de teatro. A futura atriz adotou o nome Sigourney ao ler o livro O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald. A mudança foi necessária, pois, de acordo com a própria, Susan era um nome pequeno para uma moça de 1,83 de altura.

Na década de 1970, Sigourney começou a participar de algumas produções teatrais que tiveram repercussões positivas na mídia especializada. No entanto, a grande projeção na carreira da atriz aconteceria em 1978, quando ela aceitaria fazer o teste para um filme de ficção científica, que seria lançado no ano seguinte. “Eu estava achando que fosse ser algo trash, como se o alienígena fosse uma gosma verde que devorava todo mundo”, comenta Sigourney sobre as primeiras impressões que teve ao ler o roteiro de Alien – O 8º Passageiro. Sucesso de bilheteria, público e crítica, Alien é, até hoje, um marco nas produções de ficção científica. A direção de Ridley Scott criou um universo hostil dentro de uma produção de qualidade que mescla ficção científica e suspense. Destaque para o design do monstro desenhado pelo artista plástico suíço H. R. Giger.

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A história acompanha um grupo de sete astronautas que, acidentalmente, recolhe para dentro da nave um ser alienígena que não demora em se mostrar como a mais perfeita máquina assassina do universo. Os anos seguintes foram de ascensão para a estrela, que começou a se aventurar em outros gêneros como o suspense policial Testemunha Fatal (Eyewitness, 1981), o romance O Ano em que Vivemos em Perigo (The Year of living dangerously, 1982), além da comédia Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984), que foi um grande sucesso de bilheteria.

Dessa vez, é guerra

Após o sucesso de Os Caça-Fantasmas, Sigourney continuou sendo escalada para boas produções, até que, o que parecia improvável para ela, aconteceu. “Eu recebi um roteiro da sequência de Alien e fiquei bastante temerosa, pois não sabia se seria interessante voltar ao personagem ou fazer outra produção de ficção”, explica Sigourney sobre o projeto que daria origem ao filme Aliens – O Resgate (Aliens, 1986). “Mas após ler o script, percebi que o filme era exclusivamente sobre a Ripley e isso me fez aceitar”, completa a atriz.

Com direção de James Cameron, a segunda aventura espacial de Ripley conseguiu ser tão boa quanto o primeiro episódio, principalmente por ser considerada uma versão ampliada do filme de Ridley Scott. O suspense original deu lugar à ação, o que tornou Aliens um dos filmes mais aclamados de todos os tempos. A trama acontece 57 anos depois da aventura original, quando a tenente Ellen Ripley acorda de um sono criogênico e percebe que terá de enfrentar um verdadeiro exército alienígena.

O novo Aliens era uma produção grandiosa com um excelente roteiro e uma direção cuidadosa. Na trama, a história ganhava em dramaticidade, o que fez com que Sigourney recebesse a sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Um fato raro, pois se tratava de um personagem vindo de uma sequência de ficção científica.

A atriz pode não ter levado o prêmio, mas colecionou elogios em quase todo o globo. A performance dela em Aliens foi eleita como a 58ª melhor da história do cinema pela revista Premiere Magazine. Os anos seguintes foram produtivos para Sigourney, que conseguiu concorrer a dois Orcars no mesmo ano. Pelo papel principal no drama Nas Montanhas dos Gorilas (Gorillas in the Mist, 1988), e como atriz coadjuvante da comédia romântica Uma Secretária de Futuro (Working Girl, 1988). Curiosamente, Sigourney saiu da cerimônia sem nenhum dos prêmios, o que foi considerado, pela crítica, uma injustiça.

Herdeira

Após participar de Os Caça-Fantasmas 2 (Ghostbusters II, 1988), a atriz resolveu que era hora de cuidar um pouco da vida pessoal. Ela e o marido, o diretor e escritos Jim Simpson, resolveram aumentar a família e durante essas férias, a atriz engravidou da sua única filha, Charlotte, que nasceu em 13 de abril de 1990. Sigourney passou os dois anos seguintes cuidado da herdeira e por isso recusou diversos projetos que chegaram até ela. Até que um roteiro em especial foi forte o suficiente para que a licença maternidade acabasse.

Alien 3 (Alien 3, 1992) foi um dos projetos que mais sofreu mudanças desde a sua concepção até o seu lançamento. A ideia original era que a ação da trama acontecesse na Terra, enquanto outros roteiros previam a realização de um terceiro e de um quarto filme gravados simultaneamente. Como produto final, a terceira parte da saga iniciada em 1979 dividiu opiniões principalmente pelo roteiro que (é verdade) possui diversos furos (ou cortes impostos pela Fox). A realidade é que Alien 3, estreia de David Fincher na tela grande, é inferior os seus antecessores, mas funciona como sequência tendo bons momentos e um ótimo final. Na trama, a nave da tenente Ripley, que possui um alienígena a bordo, cai em um planeta prisão e a própria heroína precisa se sacrificar para eliminar a última das criaturas.

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A morte de Ripley foi uma decisão da própria Sigourney, que “queria retirar a personagem da série para evitar o desgaste dela”. A atriz participaria posteriormente de sucessos como 1492 – A Conquista do Paraíso (1492: Conquest of Paradise, 1992), Dave – Presidente por um Dia (Dave, 1993) e A Tempestade do Gelo (The Ice Storm, 1997). Tudo ia bem com a carreira da atriz, até que estranhas notícias começaram a envolver o nome dela com um quarto filme da franquia Alien. Com um salário de US$ 11 milhões, Ellen Ripley estava de volta.

Alien – A Ressurreição (Alien: Ressurrection, 1997) é um filme que pode até não ter sido o mesmo sucesso dos três anteriores, mas que possui bons momentos e um roteiro no mínimo criativo. A trama mostra uma Ripley clonada que possui DNA alienígena enquanto um grupo de cientistas faz experiências com os bichos. Com direção do competente Jean-Pierre Jeunet, Alien 4 merece ser conferido, mesmo sendo o mais fraco da série.

Mulher madura

Após Alien 4, Sigourney continuou envolvida em boas produções e estrelou trabalhos nos quais passou a fazer papéis de mulheres maduras. Desta fase destaca-se O Mapa do Mundo (A Map of the World, 1999), Doce Trapaça (Heartbreakers, 2001), A Vila (The Village, 2004), Heróis Imaginários (Imaginary heroes, 2004), além de ter estrelado a estreia na direção do marido, o elogiado Os Heróis (The Guys, 2003), baseado nos atentados do 11 de setembro.

E para alegria dos fãs de ficção-científica, o nome dela logo foi ligado ao então novo projeto de James Cameron, Avatar (2009). O filme foi um sucesso de bilheteria sem precedentes e colocou a atriz e o diretor na capa das principais revistas de cinema e entretenimento do globo. Do Japão ao Brasil, Europa e América, uma verdadeira avatarmania tomou conta de todos. No filme, Sigourney interpreta uma cientista do bem disposta a ajudar a raça azulada criada por Cameron.

Atualmente, a atriz está envolvida em várias produções, mas uma dúvida (ou seria um desejo?), sempre passa pela cabeça dos fãs. Vai existir um Alien 5? Muito já se falou a respeito, até porquê o Alien 4, apesar do final, terminou de forma inconclusa para Ripley. (In)felizmente o projeto esbarra em vários fatores, pois Sigourney diz que só aceita fazer se o filme for dirigido por Ridley Scott, que iria fechar a saga iniciada por ele próprio. James Cameron já demonstrou interesse em assumir o comando do projeto. E até já se cogitou a possibilidade desse quinto capítulo ser uma continuação direta do Aliens – O Resgate, ignorando os filmes 3 e 4. No entanto, o próprio Ridley Scott resolveu dar um basta na franquia para realizar Prometheus, que tem raízes na série Alien, embora não possa ser considerado uma pré-sequência.

Filmografia no Gênero Fantástico:

2015 – Avatar 2 (?)
2012 – Poder Paranormal (Red Lights)
2011 – Sem Saída (Abduction)
2011 – Vamps
2011 – O Segredo da Cabana
2011 – Paul – O Alien Fugitivo
2009 – Avatar
2008 – Wall-E (voz)
2006 – Confidencial (Infamous)
2004 – A Vila (Village, The)
1999 – Heróis Fora de Órbita (Galaxy quest)
1997 – Alien – A Ressurreição (Alien: Ressurrection)
1997 – Floresta Negra (Snow white in black forest)
1997 – Tempestade de Gelo (Ice storm, The)
1995 – Copycat – A Vida Imita a Morte (Copycat)
1994 – A Morte e a Donzela (Death and the maiden)
1992 – Alien 3 (Alien 3)
1989 – Os Caça-Fantasmas II (Ghostbusters II)
1986 – Aliens – O Resgate (Aliens)
1984 – Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters)
1981 – Testemunha Fatal (Eyewitness)
1979 – Alien, o Oitavo Passageiro (Alien)

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

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