Carrie, do sangramento à sanguinolência!

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“Se você gosta de terror…Leve Carrie ao Baile!”

O primeiro best-seller escrito pelo autor Stephen King é de uma fluidez narrativa impressionante. Curto, mas nunca deixando de ser absolutamente descritivo como é a característica do escritor, o romance acompanha a triste sina de Carietta “Carrie” White, uma estudante do colegial que sofre nas mãos das colegas de escola e ainda tem que aturar a mãe Margaret, uma fanática religiosa. Um incidente natural (a primeira menstruação – tardia – de Carrie) vira motivo de chacota no vestiário da escola onde estuda, já que a ingênua moça não faz ideia do que está acontecendo e pensa estar sofrendo uma hemorragia. Mais um motivo para as outras garotas fazerem o diabo com a pobre Carrie, lhe arremessando tampões e absorventes e gritando coisas como – Arrolha!!! e deixando a pobre moça ainda mais desesperada. Porém, diferente de outros adolescentes que sofrem bullying e não tem como se defender, Carrie logo descobre que junto com sua primeira menstruação, seus poderes telecinéticos – quase desconhecidos para ela até então – se intensificam com uma força assustadora.

O filme que surgiu apenas dois anos após o lançamento do romance sempre é lembrado não só como um clássico do cinema de horror, mas também como um dos filmes que mais habilmente souberam transpor a atmosfera criada pelo autor nas páginas da obra original. Contando com um design de produção belíssimo, retratando a casa dos White com uma riqueza de detalhes religiosos e como uma sobriedade de cores e ambientes estreitos, que ressaltam o ambiente opressor do local e também a magia do baile de formatura, a produção consegue ressaltar as principais descrições gráficas do livro. De resto, a duração enxuta e a montagem ágil confere a mesma fluidez presente no romance. O tema musical único do filme também é belo e dá um toque ainda mais sensível ao drama vívido pela personagem-título.

Carrie (1976)
Carrie (1976)

Entretanto, a força principal de Carrie está em suas atuações principais, ambas indicadas ao Oscar (melhor atriz para Spacek e atriz coadjuvante para Laurie). Mesmo correndo o risco de cair no humor involuntário da caricatura de uma fanática, Piper Laurie entrega uma mulher ultrarreligiosa mas que nunca perde a essência de uma mãe superprotetora, enquanto Sissy Spacek caracteriza sua Carrie com a doçura de uma criança ingênua e a timidez de alguém excluído de seu círculo social, ao mesmo tempo em que convence o espectador com seu estado catatônico nos momentos cruciais do filme onde demonstra sua fúria através da telecinesia.

Livro X Filme
Enquanto a obra de De Palma segue bastante fielmente o romance no qual se baseia, retratando até mesmo diálogos e passagens integrais, há diferenças bastante notáveis para quem leu o romance de King. Eis algumas delas:

• Estão ausentes no filme passagens como o relacionamento entre Chris e seu pai, um poderoso advogado que ameaça processar o diretor da Escola após as penas aplicadas pela professora de Educação Física, Srta. Desjardim;

• Toda a estrutura jornalística e de depoimentos, incluindo uma maior participação de Sue Snell, naturalmente está fora do filme também;

Carrie (1976)
O Horror adolescente de Carrie!

(SPOILER) O final do livro é mais extenso, mostrando Carrie sistematicamente destruindo a cidade toda antes de chegar a sua casa e matar sua mãe. Esse aspecto também é diferente no filme: enquanto no romance Carrie faz o coração de sua mãe parar de bater, o filme mostra Margaret sendo praticamente crucificada pelos utensílios da cozinha;

• O romance específica mais de 400 mortes devido à destruição de Carrie. No filme subentende-se que ela apenas destruiu o ginásio, e portanto, um número bem menor de mortes ocorreu;

(SPOILER) Enquanto no livro há uma forte e tocante conexão psíquica entre Sue e Carrie no desfecho, sendo que Sue acaba encontrando Carrie quase morta vagando após matar sua mãe, Billy e Chris; o filme mostra Carrie morrendo abraçada com sua mãe enquanto a casa literalmente cai em cima delas. Sue acaba encerrando o filme com um jumpscare safado e desnecessário.

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Marcus Augusto Lamim

Um seguidor fiel do cinema em todos seus formatos e gêneros, amante de rock e do gênero fantástico, roteirista amador e graduando em química.

2 thoughts on “Carrie, do sangramento à sanguinolência!

  • 12/12/2015 em 18:51
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    Os dois são maravilhosos!
    Eu tenho o livro e o filme! Já li o livro e assisti o filme DIVERSAS VEZES!!!!!
    Porém, tive a infelicidade de assistir ao HORRÍVEL remake de 2002, não uma, mas DUAS vezes!
    Nem vou gastar linhas falando no quando o remake é horroroso.
    Tentei assistir a versão de 2013, mas, não consegui também.
    Pra mim, CARRIE só foi adaptada uma única vez, e essa vez foi em 1976, pelas mãos de Brian de Palma!

    UM CLÁSSICO!!!! Da Literatura e do Cinema!!!!!

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  • 11/12/2015 em 08:09
    Permalink

    eu sinceramente gostei mais do final do filme do que o final do livro…

    Resposta

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