Rise – A Ressurreição (2007)

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Rise - A Ressurreição
Original:Rise
Ano:2007•País:EUA
Direção:Sebastian Gutierrez
Roteiro:Sebastian Gutierrez
Produção:Carsten H.W. Lorenz, Greg Shapiro
Elenco:Robert Forster, Lucy Liu, Carla Gugino

Ao acordar em um necrotério, a bela a repórter Sadie Blake tem apenas uma certeza: caçar os responsáveis por sua morte. Lutando desesperadamente contra a insaciável sede por sangue humano, Sadie parte para jornada violenta em busca de vingança. No meio da jornada encontra o policial Rawlins, cuja filha foi assassinada pelo mesmo clã que a transformou numa morta-viva. Juntos, eles deverão superar suas diferenças e destruir o sedutor e implacável vampiro Bishop.

É visível a tendência do cinema contemporâneo em reinventar e recaracterizar os personagens clássicos da literatura. Na tela grande, os vampiros foram os que mais sofreram transformações. Desde os anos 80, com Os Garotos Perdidos, os sanguessugas rejuvenesceram, e de sedutores “senhores” como Christopher Lee passaram a jovens cabeludos fãs de Jim Morrisson. Aos poucos foram perdendo o medo do alho, do crucifixo e da água benta. O cenário também mudou e os belos castelos europeus transformaram-se em enormes edifícios e barulhentas casas noturnas. No final do século passado, as estacas tão usadas por Peter Cushing caíram em desuso. Entraram em cena as pistolas automáticas e outras armas de última geração, como as usadas pelo meio-vampiro Blade e posteriormente na batalha interminável entre os hematófagos e os licantropos na série Anjos da Noite. Em Rise – A Ressurreição, os vampiros foram privados de seu maior orgulho: os grandes e salientes caninos. Para se alimentar de sangue, com uma pequena adaga cortam a jugular de suas vítimas. Diminuídos a quase humanos, os vampiros de Rise não possuem força descomunal, nem voam, desaparecem e embora tentem, não são sedutores como Drácula ou o andrógino Lestat.

Infelizmente a subversão do mito vampírico não é a única fragilidade de Rise – A Ressurreição. Realizado pela Ghost House Pictures, produtora de Sam Raimi (diretor do clássico Evil Dead – A Morte do Demônio) especializada em filmes de horror, que tem em catálogo O Grito (2004), O Pesadelo (2005), O Grito 2 (2006), Os Mensageiros (2007) e 30 Dias de Noite (30 Days of Night, 2007), Rise permaneceu no limbo por quase dois anos, antes de ser distribuído nos cinemas americanos. No pouco tempo que ficou em cartaz colecionou críticas negativas, que condenaram o filme ao lançamento direto em DVD pelo resto do mundo.

Dirigido e escrito por Sebastian Gutierrez (roteirista de Na Companhia do Medo e Serpentes a Bordo), Rise apresenta uma trama pouco original, sem reviravoltas e com pouca emoção. Gutierrez tenta em vão construir um filme mais sofisticado utilizando uma narrativa fragmentada, intercalando os acontecimentos “antes” e “após” a transformação. Não que fique confuso, pelo contrário, nada acontece durante os 90 minutos de exibição de Rise. O dilema pós-transformação é até bem aproveitado no início, com destaque para a sequência em que a Sadie vampira tenta um suicídio se jogando de um viaduto. É lógico que ela, mesmo arrebentada e atropelada, sobrevive. Neste ponto surge do nada um casal de “mentores”, que a ajuda na aceitação de sua condição de morta-viva. Com uma pequena besta (uma espécie de arpão), Sadie parte então em busca de vingança. A matadora de vampiros, como num jogo de videogame, enfrenta dois ou três sanguessugas (que não oferecem muita resistência), até chegar ao chefão Bishop (que de chefão não tem nada).

Mas nem tudo é ruim em Rise. O destaque positivo é o desempenho de Lucy Liu (Kill Bill), estreando no gênero fantástico. Mesmo que sua interpretação acabe ofuscada pelas situações pouco convencedoras propostas pelo roteiro, algumas cenas mais “calientes” quase valem o aluguel do DVD. O elenco ainda conta com Michael Chiklis (o Coisa o Quarteto Fantástico) como o detetive Rawlins e o veterano ator japonês Mako (de O Combate: Lágrimas do Guerreiro e Robocop) no seu último trabalho (o ator faleceu em 2006, antes da estréia de Rise nos cinemas). O ponto fraco do elenco é o pouco carismático James D’Arcy, de Maldição (2005), interpretando o antagonista Bishop. Parece que os produtores da Ghost House ainda não aprenderam que num filme de horror, na grande maioria das vezes, o vilão é o grande personagem. Não podemos nos esquecer da talentosa namorada do diretor, a linda Carla Gugino (de Sin City), interpretando a vampira Eve; além de uma rápida participação do roqueiro satânico Marilyn Manson.

A versão em DVD lançada pela Universal no Brasil não traz nenhum material extra. Não que o filme merecesse uma edição muito caprichada, mas talvez uma faixa em áudio com comentários do diretor/roteirista nos ajudasse a compreender quais as suas reais intenções dos produtores.

Mesmo que tecnicamente bem acabado, Rise – A Ressurreição se revela uma produção pretensiosa demais e que se afunda num roteiro vazio e só não é o a maior bomba do ano pela presença da pantera Lucy Liu. Enfim, aos corajosos que arriscarem uma locação, boa sorte e tentem não morrer de tédio.

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

2 thoughts on “Rise – A Ressurreição (2007)

  • 16/12/2020 em 21:18
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    O filme é péssimo, o pior foi que comprei o DVD para assistir.

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  • 28/06/2013 em 01:29
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    Realmente um filme muito fraco,me arrisquei a assistir e me decepcionei.

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