Tesis – Morte ao Vivo (1996)

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Tesis - Morte ao Vivo
Original:Tesis
Ano:19966•País:Espanha
Direção:Alejandro Almenábar
Roteiro:Alejandro Almenábar, Mateo Gil
Produção:José Luis Cuerda
Elenco:Ana Torrent, Fele Martínez, Eduardo Noriega

“Me chamo Ângela. E eles vão me matar.”

Ângela Márquez escolheu como tema de sua monografia para a conclusão do curso de audiovisual a violência no cinema. Durante a pesquisa para o projeto, a futura cineasta solicita ao seu orientador filmes que contenham violência extrema ou pornografia. O professor tenta convencê-la do risco de abordar um tema tão controverso. Alguns dias depois ela encontra seu orientador morto no auditório da universidade. Tudo indica que ele sofreu um forte ataque de asma após assistir um misterioso filme. Por mórbida curiosidade, a jovem furta a fita antes que a polícia chegue até o local. O que poderia haver de tão terrível num filme capaz de causar a morte de uma pessoa? Após assistir o filme, Ângela mergulha num mundo perigoso de violência e de medo.

Tesis – Morte ao Vivo é a estréia na direção do cineasta espanhol Alejandro Amenábar. O filme abocanhou nada menos do que sete prêmios Goya em 1997 (premiação semelhante ao Oscar, para filmes espanhóis). A carreira curta, mas brilhante, chamou a atenção de Tom Cruise, que em 2001 o convidou para trabalhar na América. A parceria rendeu o ótimo Os Outros (dirigido pelo espanhol e protagonizado pela bela Nicole  Kidman, esposa de Cruise na época) e o remake da ficção Abra Los Ojos (dirigido por Almenábar em 1997) estrelado pelo próprio Cruise em 2001 (Vanilla Sky). Ambos as produções foram sucesso de público e de critica, consolidando internacionalmente a carreira de Amenábar. Felizmente, indo contra a tendência natural dos diretores não-americanos que acabam encarando blockbusters insossos e se enquadrando no esquemão hollywoodiano de sucesso, Alejandro Amenábar retornou a Europa, onde alguns anos depois escreveria e dirigiria o notável drama Mar Adentro, ganhador de mais de 60 prêmios internacionais, entre eles o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Amenábar também é o responsável pelo roteiro em Tesis – Morte ao Vivo (em parceria com Mateo Gil). A trama, repleta de reviravoltas, desenvolve eficientemente o clima de suspense, que gradualmente vai sufocando a protagonista e o espectador. Muito desta tensão é resultado das pistas falsas que são distribuídas a todo o momento, tornando impossível adivinhar a identidade do verdadeiro assassino.

O roteiro aborda ainda um tema sempre polêmico e instigante, os chamados snuff movies: filmes que apresentam mortes reais e propositais que seriam distribuídos num suposto mercado negro de vídeo. No longa de Amenábar o tema dos Snuffs é abordado com pouca profundidade, servindo de pano de fundo para um jogo de gato e rato, onde a crítica à violência gratuita no cinema até existe, embora seja leve e subliminar.

Mas os Snuff Movies realmente existem??

Provavelmente sim, embora não existam provas concretas de sua existência. O mito dos Snuff Movies surgiu na década de setenta, quando nos Estados Unidos o presidente de uma organização anti-pornografia começou a comentar sobre filmes pornográficos onde mulheres eram mortas em frente às câmeras. As autoridades americanas investigaram o caso durante anos e nada encontraram.

Ainda na década de setenta, alguns produtores começaram a explorar comercialmente o assunto, divulgando oficialmente, ou não, que seus filmes eram snuffs reais. Em 1976 foi lançado o fraco Snuff, co-produção entre Argentina e Estados Unidos. Um exemplar bem mais famoso e interessante foi dirigido pelo italiano Ruggero Deodato no começo da década seguinte. Holocausto Canibal é tão violento e realista que tem muita gente que acha que as mortes são verdadeiras até hoje. A assustadora série Guinea Pigg (Za ginipiggu, 1985, Japão) é filmada de modo que pareça um snuff. Ainda oriundo de terras orientais temos o ótimo Campo 731: Bactérias – A Maldade Humana (Hei tai yang 731, 1988), onde experiências com humanos são realizadas por nazistas. São centenas os exemplos de filmes que se valem do mito snuff, mas oficialmente nunca nenhum filme deste tipo foi encontrado.

Ainda listando outros filmes sobre o mesmo assunto, temos o sensacional Testemunha Muda (Mute Witness, 1994, EUA/Russia), do diretor Anthony Waller. Na trama uma maquiadora muda presencia acidentalmente a filmagem de um snuff e acaba sendo perseguida implacavelmente por assassinos da máfia russa. O drama O Bravo (The Brave, 1997, EUA), de Johnny Depp conta a história de um índio pobre que aceita US$ 50 mil para protagonizar (“morrer”) um snuff.

Comercialmente, o filme mais conhecido é o blockbuster 8mm, dirigido por Joel Schumacher, protagonizado pelo canastrão Nicolas Cage (cuja continuação, intitulada 8 mm 2 foi recentemente lançada em DVD).

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João Pires Neto

João Pires Neto é apaixonado por livros, filmes e música, formado em Letras, especialista em Literatura pela PUC-SP, colaborador do site Boca do Inferno desde 2005, possui diversos contos e artigos publicados em livros e revistas especializadas no gênero fantástico. Dedica seu pouco tempo livre para continuar os estudos na área de literatura, artes e filosofia

5 thoughts on “Tesis – Morte ao Vivo (1996)

  • 03/06/2014 em 03:04
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    “Ainda oriundo de terras nipônicas temos o ótimo Campo 731: Bactérias – A Maldade Humana (Hei tai yang 731, 1988), onde experiências com humanos são realizadas por nazistas. ” Erro bem feio esse. Campo 731 é um filme chinês, que conta as experiências feitas pelos japoneses contra civis chineses e russos num campo de concentração na Manchúria. É um filme bem chocante, cuja realização foi patrocinada pelo próprio governo chinês.

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    • 27/09/2021 em 22:30
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      Corrigido, obrigado pelo apontamento!

      Resposta

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