Poder Sem Limites (2012)

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Poder Sem Limites
Original:Chronicle
Ano:2012•País:EUA
Direção:Josh Trank
Roteiro:Max Landis, Josh Trank
Produção:John Davis, Adam Schroeder
Elenco:Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Petersen, Anna Wood, Rudi Malcolm, Luke Tyler, Grant Powell,

Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Essa é uma das mais célebres falas do filme Homem-Aranha, de Sam Raimi, proferida pelo Tio Ben como uma importante lição para Peter Parker. O que poucos sabem é que essa frase é considerada uma versão de uma máxima do Presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt dita em 1945: Today we have learned in the agony of war that great power involves great responsibility.. Há aqueles que ainda apontam a fala como uma adaptação da Parábola de um Servo Fiel, de Jesus Cristo, onde foi dito: Qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá. De todo modo, trata-se de uma constatação interessante, fidedigna para aqueles que adquirem algum dom, alguma habilidade especial. Será que qualquer pessoa dotada de um novo poder se transformará em um herói para salvar o mundo ou fará uso para seu próprio prazer?

Até então, o mais próximo que havíamos chegado com esse debate foi no longa de M. Night Shyamalan, Corpo Fechado, de 2000, uma visão bastante realista da transformação de um homem comum num super-herói. Pois, essa produção acaba de perder seu primeiro posto para o filme de Josh Trank, Poder Sem Limites, que estreou nos cinemas brasileiros em 2 de março. Trata-se da abordagem mais realista do que poderia acontecer se pessoas comuns ganhassem superpoderes. Aqui ninguém será salvo, heroísmos não servem para nada, basta apenas usar o que você adquiriu para se divertir, tornar-se popular e até machucar aqueles que te incomodam.

A partir de um roteiro de Max Landis – filho do cineasta John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres) -, a trama de Poder Sem Limites traz três jovens que acidentalmente descobrem num buraco um objeto estranho e cristalino – que emite sons e brilha – e acabam ganhando poderes de telecinésia, alta resistência, além da capacidade de voar. Andrew Detmer (Dane DeHaan) é um jovem antissocial, atormentado na escola pelos valentões, pela bebedeira do pai e a doença terminal da mãe, tendo apenas como apoio seu primo Matt (Alex Russell). Ele é o oposto do popular Steve (Michael B. Jordan), que consegue fama e garotas com suas competências no esporte. Durante uma rave, os três se juntam para investigar o que parece ser o resultado de uma queda de algum meteoro ou coisa parecida e, ao tocarem no objeto, perdem a consciência. No dia seguinte, eles já não são mais os mesmos: resolvem, então, aproveitar os poderes adquiridos para se divertir e assustar as pessoas, até que algo não previsto começa a abalar o grupo, colocando em questão o caráter de um dos envolvidos.

Para dar vida ao longa, Josh Trank fez uma aposta arriscada ao utilizar mais uma vez o desgastado recurso da câmera em primeira pessoa, produzindo uma espécie de found footage, mas sem aquelas informações que dizem que as fitas foram encontradas e todos estão mortos. Por mais que você não aguente mais o estilo, posso afirmar que em Poder Sem Limites ele serve adequadamente ao roteiro, quando a trama transforma Andrew num rapaz que usa sua câmera como uma barreira de contato social. Por outro lado, exagera ao incluir a namorada de MattCasey (Ashley Hinshaw) – como dona de um videolog, fazendo uso do material de filmagem para seu diário virtual.

As gravações intensificam a sensação de verossimilhança, principalmente com as atitudes dos rapazes que, em nenhum momento, pensam em usar seus poderes para salvar o mundo, algo bem próximo do que poderia realmente acontecer. Eles começam fazendo brincadeiras com o movimento de objetos, voam pelos céus…até gerar um acidente com um veículo na estrada. Andrew já foi apresentado no filme como um rapaz problemático, um vulcão prestes a entrar em erupção, restando apenas alguns incidentes para que os problemas venham à tona. Nem todos sabem lidar com seus dons!

Apesar do roteiro consistente e interessante, os efeitos especiais não foram tão eficientes em algumas tomadas: por exemplo, na cena em que os rapazes brincam de bola no céu e um deles é quase atropelado por um avião; e no terceiro ato, na sequência de confrontos entre os prédios. Contudo, no show de talentos e na observação dos acontecimentos por cima os recursos de movimentação da câmera e a qualidade técnica foram bem realizadas.

Com a esperança de alcançar $15 milhões em seu final de semana de estreia, com a divulgação no Super Bowl, enquanto a Fox projetava apenas $8, com o filme abrindo em 2900 salas nos EUA, Poder Sem Limites surpreendeu alcançando $22 milhões, em primeiro lugar, ultrapassando A Mulher de Preto ($21) e Perseguição ($9,5). Para um orçamento estimado em $12 milhões, o sucesso já está incentivando a realização de uma continuação, como é de praxe na América, local onde funciona a frase: Grandes estreias trazem muitas continuações.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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