Cocoon (1985)

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Cocoon
Original:Cocoon
Ano:1985•País:EUA
Direção:Ron Howard
Roteiro:Tom Benedek, David Saperstein
Produção:David Brown, Lili Fini Zanuck, Richard D. Zanuck
Elenco:Don Ameche, Wilford Brimley, Hume Cronyn, Brian Dennehy, Jack Gilford, Steve Guttenberg, Maureen Stapleton, Jessica Tandy, Tahnee Welch

Filmes sobre a terceira idade são muitos, e o gênero fantástico não é exceção, ainda que os senhores de Hollywood acreditem que o público do gênero é composto apenas de adolescentes desbocados e viciados em sexo. Os idosos do cinema de horror e ficção científica geralmente são representados como padres exorcistas, zeladores macabros de casas assombradas, monstros em busca da juventude eterna ou vítimas indefesas. Algumas exceções como o envelhecido Elvis de Bubba Ho-Tep (brilhantemente interpretado por Bruce Campbell) e as deliciosas megeras de Bette Davis ainda nos mostram que idade não é justificativa para criar estereótipos. E se há um filme que representa isso melhor do que qualquer outro é Cocoon (1985) de Ron Howard, que não apenas traz um grupo de velhinhos como protagonistas, mas não tem medo de tratar temas pertinentes a esta misteriosa fase da vida com uma boa dose de humor e (o que é mais raro) otimismo contagiante.

Apesar da presença do astro cadente Steven Guttenberg (que bebeu chá de sumiço em algum ponto dos anos 90) como um marinheiro atrapalhado, estar visivelmente servindo de alívio para o caso de o público ficar cansado de caras enrugadas, é o elenco idoso que faz de Cocoon um filme realmente especial. Art (Don Ameche, que ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante por sua performance), Ben (Wilford Brimley) e Joe (Hume Cronyn) são os três idosos que gostam de dar uma escapulida da casa de repouso onde vivem para nadar na enorme piscina da mansão abandonada ao lado.

A festa parece ter sido interrompida quando um excêntrico grupo de mergulhadores liderados por Walter (Brian Dennehy, fantástico) e Kitty (Tahnee Welch, filha da Raquel) aluga o lugar e enche a piscina com misteriosos casulos de corais retirados do fundo do mar. Os casulos trazem uma energia revigorante para a água, que desperta a vida no nosso trio de protagonistas, além de curar o câncer de Joe.

Junto com suas esposas Bess (Gwen Verdon), Mary (a sempre ótima Maureen Stapleton), Alma (Jessica Tandy, que foi casada de verdade com Cronyn) eles descobrem que os mergulhadores são, na verdade, alienígenas amigáveis, que vieram à Terra para resgatar seus companheiros, presos nos casulos. Com a permissão de Walter, os velhinhos desfrutam da energia na água e voltam a ter a vitalidade de sua juventude. O roteiro ainda reserva tragédias e surpresas, culminando numa conclusão emocionante e corajosa, que foi subvertida na desnecessária continuação lançada em 1988.

Apesar de ser uma história que envolve alienígenas e discos voadores (em efeitos fantásticos, que garantiram outro Oscar para o filme), o que realmente marca em Cocoon é o núcleo de personagens humanos, que cativa o espectador desde a primeira cena. O que não quer dizer que a ficção científica soe deslocada. Ao contrário de Super 8, onde os elementos espaciais estragam o que poderia ser uma história tocante, Cocoon sabe o que realmente importa para a trama, e oferece cada faceta da história em doses precisas para causar o efeito desejado no espectador.

Num gênero e época em que o cinema família estava mais preocupado em ser edificante, Cocoon ainda assume os riscos de criar uma conclusão ao mesmo tempo otimista e levemente amoral, que prefere dar um destino digno aos protagonistas a ensinar lições para as crianças. Ou talvez seja essa mesmo a lição planejada: uma vez que todos os voos mais altos nos são negados, por que não arriscar tudo por uma chance de sermos felizes de novo? Afinal, eles não são apenas nossos avôs e avós; são, antes de tudo o mais, exploradores.

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Matheus Ferraz

Mineiro, autor publicado e mestre em Biografia pela University of Buckingham

7 thoughts on “Cocoon (1985)

  • 24/02/2023 em 16:27
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    Maravilhoso. Quem não chorou assistindo a este filme é porque tem uma pedra no lugar do coração.

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  • 03/05/2021 em 13:30
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    Muito bom,pra bons entendedores, há sim um contexto bíblico no filme,bem explícito, na fala da senhora que toma conta das crianças no parque,onde narra de um lugar um paraíso, onde entre muitas coisas boas,fala de uma cidade reluzente que se vê ao longe,no final do segundo filme na despedida com Walter onde comenta que em breve se verem novamente os próprios aliens que se parecem com anjos de luz.

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  • 26/05/2020 em 17:24
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    Filme excelente! Já assisti milhares de vezes e é sempre incrível!

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  • 11/07/2013 em 18:12
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    E um classico das tardes da globo.passava muito quando era menor.a cena em que o STe ve LOucademia de policia” transa com o espirito energetico da alien magrinha e bizarra “quase sexual”.

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  • 23/03/2013 em 00:40
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    filmaço sem sombra de dúvida um clásssico ,assistí várias vezes na minha infância..

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