Canibais & Solidão (2006)

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Canibais e Solidão (2006)

Canibais & Solidão
Original:Canibais & Solidão
Ano:2006•País:Brasil
Direção:Felipe M. Guerra
Roteiro:Felipe M. Guerra
Produção:Eliseu Demari, Felipe M. Guerra
Elenco:Rodrigo Guerra, Eliseu Demari, Fábio Prina Da Silva, Leandro Facchini, Niandra Sartori, Edna Costa, Daniela Vidor, Diego Guerra, Christiane Tomasini, Taísa Baldissera, Oldina Cerutti Do Monte, Bethlem Migot, Bianca Bertotto, Daiane Baldasso, Giovana Do Monte

Felipe M. Guerra já é um nome conhecido entre os apreciadores de cinema de horror que acompanham listas de discussão, comunidades e sites na internet, contando com uma grande legião de fãs e admiradores, principalmente por causa de seus artigos e resenhas sobre filmes do gênero, sejam comerciais ou bagaceiros, num interessante trabalho detalhado de pesquisa e análise crítica. Ele também é o criador da Necrófilos Produções Artísticas e com muito idealismo se aventura na produção independente de filmes caseiros. Em 2001 ele lançou Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-feira 13 do Verão Passado, um filme com nome quilométrico parodiando as histórias com psicopatas assassinos mascarados.

Dois anos depois Felipe iniciou um novo projeto (dirigindo, escrevendo o roteiro, produzindo e editando), só que dessa vez homenageando os cultuados filmes italianos do ciclo de canibais entre o final da década de 70 e início dos anos 80 do século passado, como o polêmico Cannibal Holocaust e O Último Mundo Canibal (ambos de Ruggero Deodato), e Cannibal Ferox (80) e Os Vivos Serão Devorados (ambos de Umberto Lenzi), utilizando um roteiro que mistura comédia romântica e uma dose discreta de horror e humor negro. Intitulado Canibais & Solidão, uma série de imprevistos forçou a interrupção da produção por longos três anos, até que em 2006 finalmente o cineasta independente conseguiu concluir o projeto e lançar o filme em DVD, que traz como materiais extras um trailer para exibição nos cinemas de Carlos Barbosa/RS, cidade natal de Felipe e cenários das locações, e aproximadamente quinze minutos com erros de filmagens.

A história básica de Canibais & Solidão apresenta um grupo de três jovens amigos que possuem dificuldades no relacionamento com as mulheres e estão tentando perder a virgindade. São eles, Rodrigo (Rodrigo M. Guerra, irmão de Felipe), Eliseu (Eliseu Demari) e Marcelo (Fabio Prina da Silva).

Rodrigo passa seu tempo vendo filmes de canibais, e acha que isso talvez esteja influenciando em seu comportamento. Sua melhor amiga é a bela morena Niandra (Niandra Sartori). Já Eliseu teve uma decepção amorosa que o deixou inseguro, além de ser exageradamente ciumento com sua irmã Kátia (Daniela Vidor), tendo o costume de estourar a cabeça dos namorados dela com um taco de baseball. Ele também se envolve com uma bela loira conhecida como castradora (Cíntia Dalposso). E Marcelo é fã de filmes pornô. Para resolverem o problema, eles solicitam a ajuda de Vini (Leandro Fachinni), que é mais experiente e conhecido pelo sucesso com as mulheres.

O grande desafio dos três amigos é colocar em prática os ensinamentos de Vini e conseguirem o objetivo com suas primeiras experiências sexuais, porém no caso de Rodrigo, afetado pelos violentos filmes de canibalismo, o desafio maior é conquistar o amor de Edna (Edna Costa), uma morena lindíssima que conheceu numa locadora de vídeo.

Canibais & Solidão é uma produção independente realizada com idealismo por todos os envolvidos, especialmente o seu autor, Felipe M. Guerra. E só por esse idealismo, virtude reservada para poucos, o filme já merece admiração, principalmente pelas imensas dificuldades enfrentadas por Felipe na condução do projeto, com a desistência de atores, cenas que tiveram que ser descartadas e refilmadas, entre outras coisas. Houve uma evolução nítida na qualidade de produção em relação ao longa metragem anterior de 2001, parodiando Pânico e similares. Porém, existem pontos positivos e negativos que valem registro.

Canibais e Solidão (2006)

O principal e mais relevante fato que agrega valor ao trabalho e para o resultado final é a presença indispensável de belas mulheres no elenco (e isso não falta, pois todas as atrizes são muito bonitas). Temos também a favor uma ótima piada encenada no telhado de uma casa, envolvendo uma aparição rápida e inusitada do próprio diretor e que funcionou muito bem. Além de uma outra seqüência hilária (talvez a melhor do filme), dessa vez com a nona (Oldina Cerutti do Monte, avó de Felipe), que ingeriu sem saber um líquido misturado com afrodisíaco. A interpretação da idosa senhora foi impecável e convincente.

Em contrapartida, destaco dois fatos que prejudicaram o filme. Alguns diálogos ficaram incompreensíveis, principalmente envolvendo o grupo de três amigos, onde às vezes falavam baixo demais, ou excessivamente rápido, ou falavam todos juntos de uma só vez, dificultando o entendimento pelo espectador, e causando um certo desinteresse pela história. Uma exceção notável foi Vini, que sempre falou suas frases com clareza e discernimento. Mas, o maior problema é principalmente a falta de horror (e aí é uma questão meramente subjetiva, tratando-se de uma opinião e gosto pessoal). A ideia do canibalismo é muito pouco explorada e totalmente secundária na trama. Quando vemos a ótima introdução com excertos de cenas violentas reproduzidas de filmes italianos com canibais, passamos a esperar por algo que quase não acontece. A ênfase maior está focada numa comédia romântica e num drama comum sobre jovens tentando perder a virgindade, com uma discreta presença de elementos de horror.

Uma sugestão ao Felipe M. Guerra para um próximo projeto, utilizando-se de seu talento como cineasta independente e crítico cinematográfico de grande qualidade e conhecimento: em vez de paródias, uma boa ideia é filmar uma história séria de horror mais perturbadora, com ousadia e cenas transgressoras sem limites, uma vez que por ser uma produção independente existe uma liberdade de criação artística isenta de qualquer tipo de pressão. Sinceramente, acho que o maior desafio para a produção de um filme caseiro de horror é justamente explorar esse filão, em vez de utilizar elementos de humor, como tem acontecido em todos os seus filmes. É uma dica que seria interessante ver numa produção da Necrófilos

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

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