Countess Erzebeth Bathory (2004)

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Countess Erzebeth Bathory (2004)

Countess Erzebeth Bathory
Original:Countess Erzebeth Bathory
Ano:2004•País:Brasil
Direção:Marcos T. R. Almeida
Roteiro:Marcos T. R. Almeida
Produção:Corvo Produções
Elenco:Denise V., Adriana F. de Almeida, Talita Lilith, Glaucia Salamandra, Talita Lamia, Débora Cegalla, Mariana Pandora, Silvana Sil, Roberto Raven, John Crazzy, Claudio Viana, Wendel Wothan, Valquiria Kika, Lucio Cipriano, Marcos T. R. Almeida

Da seiva do mal nasceu a perversão humana, tema o Homem a sua própria crueldade, mas tema muito mais ainda a Mulher, pois ela possui a crueldade perversa! – Marcos T. R. Almeida

Entre as grandes atrocidades que mancharam de sangue para sempre a conturbada história da humanidade, sempre envolvida numa infinidade de eventos de violência e guerras bestiais, certamente está a terrível e perversa Condessa Erzebeth Bathory, que viveu entre os anos de 1560 e 1614 na Hungria e que para manter sua pele jovial e bela, num esforço obcecado pelo rejuvenescimento, ela torturava e matava jovens mulheres nas masmorras de seu imponente castelo, recolhendo o sangue e utilizando-o em longos banhos com o objetivo de supostamente manter sua beleza inalterável. Após uma infinidade de vítimas sentirem em seus corpos a perversidade cruel da Condessa Bathory, seus crimes hediondos são descobertos e punidos por autoridades religiosas, e seu castigo é ser emparedada num pequeno aposento sem janelas em seu próprio castelo, sentindo os horrores da solidão e a deterioração gradual de sua beleza, até a chegada dolorosa da morte.

A Condessa Bathory é o tema de mais um filme independente gravado em VHS pela Corvo Produções, de Marcos T. R. Almeida, que tem em seu currículo outros trabalhos como Devaneios do Conde Lopo e Ritual do Delírio – Círculo de Aratron. Countess Erzebeth Bathory tem um elenco liderado pela musa do cinema underground de horror Denise Vargas, no papel da terrível Condessa Bathory, além de Adriana F. de Almeida, Glaucia Salamandra, Talita Lilith, Débora Cegalla e Lucio Cipriano (como o hediondo assassino corcunda Thorko), entre outros. O filme tem 110 minutos e possui belas locações em cidades paulistas como Mauá e Santo André. No caso de Mauá, nas cenas interiores simulando os aposentos do castelo de Bathory, utilizando os cômodos da própria casa de Marcos T. R. Almeida, que possui ambientes reais que lembram os castelos europeus de séculos atrás (só que em escalas infinitamente menores), como a sala de leitura repleta de livros antigos, o dormitório e até uma espécie de masmorra, utilizada para prender e torturar as inocentes camponesas que forneceriam o sangue para os banhos rejuvenescedores da Condessa Bathory. No caso da cidade de Santo André, nas cenas externas gravadas na inspiradora vila de Paranapiacaba, com suas casas envolvidas por montanhas e neblina, simulando uma tenebrosa Hungria do final do século XVI.

O esforço de produção de Marcos T. R. Almeida e sua equipe foi imenso, tanto que todo o trabalho durou cerca de um ano inteiro (entre setembro de 2003 e 2004), dividido entre as filmagens, pesquisa histórica para o roteiro, estudo das locações, criação dos figurinos e pós produção com edição e trilha sonora. Aliás, um destaque foi a escolha de músicas de poderosas bandas de Death Metal para ilustrar principalmente as cenas de violência, incluindo a participação de Graveland (Polônia), das alemãs Nargaroth e Kreator (esta com a música Flag of Hate, do LP Endless Pain, 1985), da lendária banda sueca Bathory (com Equimanthorn, do LP Under the Sign of the Black Mark, 1987), entre outras. Só faltou a igualmente histórica banda inglesa Venom com sua música Countess Bathory, gravada em meados dos saudosos anos 80, totalmente inspirada nas atrocidades da condessa vampiro. Um outro destaque vai para a homenagem ao músico Tomas Quorthon Forsberg, criador e líder da banda de Death Metal Bathory, que morreu em 07/06/2004, e que teve uma honrada citação nos créditos finais do filme.

Sobre a película especificamente, vale a pena registrar alguns comentários sobre pontos positivos e negativos que foram observados. Primeiramente, a duração poderia ser menor, algo em torno de 50 minutos (um pouco menos da metade), justamente por se tratar de uma produção amadora com características técnicas que não são adequadas para sustentar um filme de metragem maior. Várias cenas ficaram muito longas, cansativas e desnecessárias, além de parte dos diálogos serem um pouco difíceis de compreender por deficiências na sonoplastia (o ideal seria que todos os diálogos fossem altos e claros utilizando como referência por exemplo as falas do arcebispo Koytchack, interpretado pelo próprio diretor Marcos T. R. Almeida, cujas frases foram proferidas com determinação e clareza).

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O roteiro também deixou um pouco a desejar nas explicações da história da Condessa Bathory, com poucos diálogos, dificultando um melhor entendimento para quem não conhecia os fatos reais e históricos da condessa vampiro. Por outro lado, para quem já tinha um conhecimento prévio das suas atrocidades perversas, o filme conseguiu transmitir perfeitamente sua proposta.

A maquiagem do corcunda Thorko (interpretado por Lucio Cipriano) estava excessivamente tosco não convencendo com aqueles dentes afiados falsos. Ele era um serviçal extremamente fiel da condessa e que sob suas ordens capturava as inocentes camponesas para serem brutalmente torturadas e sangradas até a morte. Por causa dessas suas características ele tinha que ter um visual grotesco mesmo, mas os dentes postiços não conseguiram expressar a maldade ideal em seu rosto.

A interpretação dos atores estava apenas razoável, num fato totalmente compreensível, já que são apenas um grupo de amigos que se reuniram para fazer um filme amador. O destaque certamente é Denise Vargas, que apesar de não conseguir plenamente transmitir uma sensação perturbadora da perversidade da Condessa Bathory, ela demonstrou uma incrível garra reservada apenas a poucas pessoas em todas as suas cenas, especialmente onde tinha que se banhar em sangue e nos momentos sensuais com outras mulheres.

As sequências de violência foram também um dos destaques, não faltando a cena de tortura com agulhas encravadas dolorosamente sob as unhas das mãos de uma pobre vítima condenada a experimentar o tormento de ter o sangue extraído para um banho rejuvenescedor da Condessa Bathory, que costumava utilizar como forma de atrair as camponesas para seu castelo o oferecimento de comida e bebida em abundância dentro do conforto de imensos aposentos, para depois prendê-las e torturá-las nas masmorras, com a prática de todo tipo de perversidade contra seus corpos terrivelmente machucados.

O desfecho com o destino final da Condessa vampiro, que já é de conhecimento histórico, foi muito bem filmado mostrando o tormento de Bathory ao ser trancafiada em seu próprio castelo, aguardando apenas a degradação de sua beleza com a chegada triunfante da morte, sofrendo literalmente na pele a vingança por seus atos perversos.

O filme é recomendável para todos aqueles que apreciam vídeos independentes, produzidos com idealismo por fãs verdadeiros do Horror como gênero artístico, e também para aqueles que desejam saber mais sobre a história real das orgias de sangue no castelo da Condessa Bathory, uma das mulheres mais cruéis que já existiram na humanidade.

Os encantos do Horror só embriagam os fortes – Charles Baudelaire, em As Flores do Mal (1817)

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

2 thoughts on “Countess Erzebeth Bathory (2004)

  • 05/12/2013 em 14:39
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    legal essa história,e é real essa porra mesmo.

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  • 25/11/2013 em 22:51
    Permalink

    Excelente história.O filme tem uma originalidade incrível no cenário e nos personagens, muito bom!

    Resposta

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