O Lado Sombrio (2013)

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Dark Touch (2013)

O Lado Sombrio
Original:Dark Touch
Ano:2013•País:França, Irlanda, Suécia
Direção:Marina de Van
Roteiro:Marina de Van
Produção:Marc Bordure, Ed Guiney, Jean-Luc Ormières, Patrick Sobelman
Elenco:Missy Keating, Marcella Plunkett, Padraic Delaney, charlotte Flyvholm, Stephen Wall, Robert Donnelly, Susie Power, Richard Dormer, Olga Wehrly, Mark Huberman

Ao contrário até mesmo do livro de Stephen King, sempre preferi acreditar que os poderes de Carrie nasceram da raiva. Seria uma manifestação de defesa de seu organismo contra aqueles que tentavam agredir, humilhar e colocá-la em evidência – uma resposta sobrenatural ao bullying. “Não faça isso com ela. Coloque-se no lugar dela. Ela tem sentimentos.” Troque a última palavra por “poderes“. Você acha que as pessoas continuariam fazendo maldades se ela pudesse se vingar; se soubessem que o sangue de porco iria se transformar em sangue humano? E o que aconteceria se os pais de Carrie tentassem abusar sexualmente dela quando criança? A resposta está no longa de Marina de Van, Dark Touch, de 2013.

Com apenas onze anos, Niamh sobreviveu à morte violenta dos pais, além da perda do irmão mais novo. Embora a polícia tenha atribuído o crime a uma gangue de delinquentes, a garota acredita que a casa é a culpada. Ao ser adotada temporariamente pelos vizinhos Nat (Marcella Plunkett) e Lucas (Padraic Delaney), com a supervisão de uma assistente social – cuja gravidez não serve ao longa -, os fenômenos voltam a acontecer, principalmente quando ela é simplesmente tocada. Será que alguma entidade a perseguiu até a nova morada? Essa possibilidade seria curiosa, mas Marina já deixa evidente o quanto a pequena é especial.

Niamh, a estranha, é uma menina assustada, desconfiada, medrosa. Vítima dos abusos dos pais, ela não consegue se socializar e ainda sofre preconceito das demais crianças da pequena cidade irlandesa. Seus poderes aos poucos irão se manifestar, porém vão além da telecinésia. Ela irá ajudar umas crianças da vizinhança e trará terror a uma festa infantil, remetendo a outro clássico de Stephen King, Chamas da Vingança. Ao mesmo tempo em que assusta, comove, graças ao talento da protagonista Missy Keating, com seu olhar sempre triste, decepcionado com o mundo.

Dark Touch (2013) (2)

Muitos irão se enganar pela capa, ao mesmo em que ficarão instigados pela tagline: “O Mal se parece com o quê?“. No entanto, se deixar de lado o gênero a qual pertence e avaliar a produção como um drama com toques de horror psicológico, pode ser que você se veja comovido com o pesadelo de Niamh e entenda sua reação agressiva. Ela é apenas mais uma vítima de uma sociedade doente, que não preserva a inocência das crianças, nem valoriza a escola – e a metáfora que justifica um massacre no último ato. “Coloque-se no lugar dela.” E se ela se colocasse no lugar dos adultos? É o que mostra a cena final.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

8 thoughts on “O Lado Sombrio (2013)

  • 09/05/2022 em 23:49
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    É um tenso, pois trata de um dos piores crimes que se pode acontecer a uma criança. Niamh simplesmente se fechou e começou a usar suas habilidades para se “vingar”, mas acaba perdendo o controle e fica triste de ver o sofrimento dela.
    A parte tocante, foi quando ela vê o cinto e o sapato do “pai adotivo” em seu quarto, ela lembra do seu próprio pai, que fazia isso quando a abusava, e ela começa a levantar a blusa e abaixar a calcinha, essa hora foi doído, aí caiu a ficha dos pais adotivos.

    Porque ela acabaou matando os pais adotivos, isso ficou meio óbvio, ela associou as marcas que a falecidade filha deles, tinha, aos abusos sexuais. Então ela acreditou que a menina também sofria no passado.

    O filme já entrega nos primeiros 8 minutos,já dá para ver o que acontece com ela e com o irmão, que é apenas um bebê.

    Filme de baixo orçamento, mas vale muito a pena.

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  • 22/05/2014 em 02:23
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    Sobre o que o VInnícius falou, creio ter teorias para as dúvidas levantadas:

    1 – Afinal, o que realmente aconteceu com a filha dos pais q adotaram Niamh? Ela era abusada pelos pais? Pelos pais de Niamh, já q eles cuidavam tbm das crianças dos vizinhos?

    MINHA TEORIA: provavelmente os pais de Niamh não abusavam de mais crianças além da própria Niamh, mas quando Niamh viu as fotos da menina que morreu de câncer cheia de hematomas, talvez Niamh tenha associado aqueles ferimentos a tudo que ela passou trancada naquele quarto com os pais abusivos, e achou que todas as crianças passam nas mãos dos pais o mesmo tormento que ela passou. Pensando desse modo, é compreensível entender por que Niamh levou todas as crianças da região pr’aquele prédio e o desmoronou em cima delas, para “livrá-las” de maus tratos domésticos como ela sofreu.

    2 – Por que a mulher q adotou Niamh ouvia o mesmo ruído q ela nos momentos de desespero da menina? Ela era abusada pelo marido, foi quando criança ou era outra sensibilidade não trabalhada pelo enredo?

    MINHA TEORIA: Talvez a mãe adotiva/vizinha sentisse o zumbido nos ouvidos porque sua sintonia com Niamh estava crescendo de algum modo de afinidade.

    3 – Por que Niamh mata seus pais adotivos já q eles não fizeram nenhum mal à ela? E por que ela tbm se mata junto com as crianças na cena final?

    MINHA TEORIA: Creio que Niamh, conforme ela foi entrando em maior sintonia com seus poderes, perdeu qualquer possibilidade de “sentir”. O único momento no filme inteiro em que ela manifesta algum esboço de sentimento é na cena em que ela toca a barriga da assistente social, o rosto dela e o cabelo. Ao final do filme, ela já não somente se aceitara como justiceira defensora das crianças, mas também assumiu a identidade de um adulto abusivo (na cena do cigarro na pele, na cena do banho de sangue). Ou seja, ela pirou de vez!

    Excelente filme, meio arrastado às vezes, mas provavelmente essas cenas mais calmas são as que tornam os baques tão pesados. Filmes sobre abuso infantil já se tornou um subgênero dentro do Terror, e claro que temos os muitos clichês circulando aqui – os pais adotivos incrédulos, as outras crianças más que são as primeiras a perceber que a protagonista é from hell, as fotos antigas que revelam por si só o mistério do passado explicando o presente. Denso, pesado, direto, sem se perder em explicações chatas, daquele tipo que fazem o filme parecer policial ao invés de drama ou suspense. Recomendo.

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  • 23/01/2014 em 13:06
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    É um filme bem bacana, conseguindo mesclar perfeitamente drama com horror; mas infelizmente o filme possui partes importantes q eu mesmo não consegui entender:

    Perguntas q contêm spoliers. Não lei se não quiser estragar algumas surpresas do filme.

    1 – Afinal, o que realmente aconteceu com a filha dos pais q adotaram Niamh? Ela era abusada pelos pais? Pelos pais de Niamh, já q eles cuidavam tbm das crianças dos vizinhos?
    2 – Por que a mulher q adotou Niamh ouvia o mesmo ruído q ela nos momentos de desespero da menina? Ela era abusada pelo marido, foi quando criança ou era outra sensibilidade não trabalhada pelo enredo?
    3 – Por que Niamh mata seus pais adotivos já q eles não fizeram nenhum mal à ela? E por que ela tbm se mata junto com as crianças na cena final?

    Fim dos spoliers!

    Enfim, mesmo com muitas pontas soltas, vale a pena ver o filme.

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    • 16/02/2014 em 04:43
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      Também fiquei curioso nos mesmos pontos que você, nem sei oque imaginar. Gostei do filme pela seriedade, mas fiquei confuso…

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  • 20/12/2013 em 13:19
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    Agora quero assistir. Fiquei muito curioso.

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  • 19/12/2013 em 00:26
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    Fiquei curioso em ver, parece no mínimo interessante.

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    • 19/12/2013 em 15:18
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      tbm fiquei,já vi esse filme em diversos sites online mas nunca cheguei a assistir de fato,agora me interessei lendo a sua crítica.

      Resposta

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