Elves (1989)

3.7
(3)

Elves (1989)

Elves
Original:Elves
Ano:1989•País:EUA
Direção:Jeffrey Mandel
Roteiro:Jeffrey Mandel
Produção:Mark Paglia
Elenco:Dan Haggerty, Julie Austin, Deanna Lund, Borah Silver, Mansell Rivers-Bland, Christopher Graham, Laura Lichstein, Stacey Dye, Ken Carpenter

Enquanto os Gremlins divertiam e assustavam as crianças na América, diversos primos pobres surgiam para aproveitar o filão em produções que variavam do trash para o muito ruim. A maioria na década de 80 – Criaturas, Os Munchies, Ghoulies, Spookies – Renascido das Trevas, Troll, Hobgoblins e Elves -, deixando para o início dos anos 90 o falante Duende de uma série interminável. A febre dos monstrinhos fazia com que qualquer filme da época criasse sua própria raça de criaturas pequenas e incômodas, como as que anunciavam o fim dos tempos em The Gate, em 1987. Com qualidade duvidosa, conquistaram fãs pelo mundo através de franquias, fitas alternativas e seguidores, exceto os elfos – muito mal representados numa pérola bagunçada, pessimamente dirigida e roteirizada por Jeffrey Mandel, em 1989.

Não alcançou o status de cult, mas sempre é lembrado como “aquele filme com uma criatura e umas adolescentes presas numa loja de brinquedos“. No Brasil, a capa do VHS era bastante parecida com a original, trazendo a mão da criatura saindo de um presente e a tagline “Não abra nenhum presente sem desconfiar. Elves pode estar ali.” Elves? Não se deram ao trabalho de pesquisar nada sobre o filme, nem sua tradução correta. Embora não haja mais do que uma única criatura no longa, a não ser que você queira considerar Kristen como uma da espécie, o correto seria “Elfos“. E a sinopse nacional, então? A New Action e, posteriormente, a CIC Vídeo simplesmente traduziram a imagem da capa para entender o conteúdo do que seria visto: “Cientista misterioso cria uma estranha forma de vida, meio humana, meio animal. O monstro será enviado para alguém, no Natal, embrulhadinho, dentro de uma caixa, como um inocente presente“.

Elves (1989) (2)

Sinto decepcioná-los, caros infernautas, mas não há nenhum presente enviado com monstrinho dentro, nem cientista misterioso. Só não há isso, porque tudo mais o que você quiser imaginar pode ser encontrado no filme. Nazistas, ocultismo, incesto, um herói Papai Noel “Grizzly Adams“, pedra preciosa, tiroteio e um elfo que não possui movimentos, nem mesmo na face. Essa mistura indigesta tem início quando Kirsten (Julie Austin) e suas amigas Brooke (Laura Lichstein) e Amy (Stacey Dye) resolvem fazer uma experiência na floresta. Elas gostam de brincar de ocultimo e se auto-denominam “Anti-Natal” e “Mestres sem Escravos“, usando muito do pouco conhecimento para paquerar os rapazes. No meio da brincadeira, Kristen se corta com um punhal e o sangue escorre no chão, liberando alguma coisa que vivia embaixo da terra. Sim, é um Elfo, uma criatura que não terá seu corpo inteiro visto ao longo do filme, caminhando como os bonecos dos Muppets, sempre com a boca escancarada, com olhos sem vida.

Ele segue Kristen até sua residência, com sua visão-Elfo (um olhar distorcido) e ataca o seu irmão mais novo Willy (Christopher Graham). Apesar dos gritos do menino e de ter as costas arranhadas, a mãe doente mental (Deanna Lund de Raízes do Mal), que se dedica a cuidar do pai alemão (Borah Silver, de Fuga de Nova Iorque) em cadeira de rodas, prefere culpar o gato Agamenon e manda o pequeno dormir sem cuidar de seu ferimento. No dia seguinte, a mãe de Kristen – seu nome nunca é revelado – mata o gato afogado na privada (!!!) e o enterra no quintal, provocando o Elfo a ir ao local, tirar o corpo do felino e exibi-lo pela janela. “É um guaxinim.“, um arrisca. Já Willy é mais criativo: “Um Troll Ninja!” e “Um Gremlin“, restando a Kristen a mistura de tudo para defini-lo “É um Gremlin ninja“.

Mike McGavin (Dan Haggerty, imortalizado pelo papel de Grizzly Adams em westerns da década de 70 e 80) é um Papai Noel natural. Possui um corpo robusto, uma longa barba, e extremamente calmo e dócil. Ele só consegue emprego como o bom velhinho numa loja de departamentos, depois que o ator que o interpreta é assassinado pelo Elfo, devido a um abuso cometido com Kristen. Ela e as amigas combinam de acampar na loja para esperar uns meninos, mas a ideia também vem a mente de Mike, que não consegue entrar no trailer onde dorme, e de uns capangas nazistas a mando do avô. Tiroteio e algumas mortes, com Brooke sendo morta pelo elfo e ainda tendo os dedos da mão devorados.

Toda essa bagunça vai se estender até a Noite de Natal, data em que os nazistas acreditavam ser a ideal para uma virgem procriar com um elfo para desenvolver uma raça perfeita, capaz de dominar o mundo (!!!). O Elfo terá pouca participação nesse rolo, enquanto restará ao herói Noel a pesquisa sobre relatos das criaturas na Bíblia e em outras fontes, além de ter que enfrentar os vilões para evitar o surgimento da nova raça de superhomens, tão sonhada por Hitler. Kristen irá descobrir a identidade de seu verdadeiro pai, no caso o avô (!!!), e será considerada uma semi-elfo (!!!). Enfim, fica difícil entender tantos subplots mal aproveitados, incluindo a loucura da mãe (que é a única a mostrar os peitos), o chefe rabugento da loja e a tal pedra capaz de mandar o Elfo de volta para a terra.

Elves (1989) (3)

Na época do lançamento, Jeffrey Mandel chegou a dizer que elaborou uma continuação para Elves, mas que os rascunhos não foram bem aceitos. Assim, ele faria mais uma pérola – Cyber-C.H.I.C. (1990) – e encerraria a triste carreira em 1998, com o erótico Turnaround. Além da curiosidade pelas produções obscuras dos anos 80, não há motivo para conferir Elves. Não serve nem para filme natalino ou com monstros, nem como terror ou produção fantástica. Se vier de presente de Amigo Secreto nesta época do ano, tenha certeza que quem tirou você foi sua sogra ou seu pior inimigo.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Elves (1989)

  • 13/01/2014 em 13:18
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    Nossa eu morria de medo deste filme quando era menor, na locadora passava longe da prateleria hehehe

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  • 26/12/2013 em 23:06
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    a nota está muito baixa. só vendo pra ver…

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  • 24/12/2013 em 14:28
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    um caveira só ? sei não,acho melhor deixar pra lá.

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