O Viajante (2010)

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O Viajante (2010)

O Viajante
Original:The Traveler
Ano:2010•País:EUA, Canadá
Direção:Michael Oblowitz
Roteiro:Joseph C. Muscat
Produção:Phillip B. Goldfine, Harvey Kahn
Elenco:Val Kilmer, Dylan Neal, Paul McGillion, Camille Sullivan, Nels Lennarson, Chris Gauthier, John Cassini, Sierra Pitkin

Deem o que Val Kilmer quer e ele vai embora. Seria tão fácil se isso já tivesse acontecido quando ele estrelou Batman e era considerado um galã no início dos anos 90, porém, o que se tem visto é a sua participação – e protagonismo – em inúmeras produções ruins, completamente desnecessárias ou mal feitas como o thriller de vingança sobrenatural O Viajante. Parece que o roteirista Joseph C. Muscat, um fã escarrado de Stephen King, imaginou que bastava criar um ambiente claustrofóbico e empurrar um elenco numa situação complicada para se estabelecer uma nota acima da média. Não é tão simples assim, até mesmo porque nem as adaptações reconhecidas conseguem uma boa receptividade.

Na véspera de Natal, uma noite chuvosa e algumas interdições na estrada são suficientes para deixar uma delegacia isolada do mundo, com apenas seis policiais em serviço. Antes que você mencione Assalto ao 13º Distrito, Val Kilmer surge para uma visita, com seu visual elegante e a aparência de um boneco de cera. Ele veio para confessar seis assassinatos que ainda não aconteceram e mexer com os brios do detetive Black (Dylan Neal), amargurado pela perda de sua filha há aproximadamente um ano. Um homem de poucas palavras, o visitante se auto-denomina “Ninguém“, antes de relatar cada morte e, ao mesmo tempo, colocá-las em prática com todos os envolvidos num ato de covardia ocorrido no passado.

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Muscat não se preocupa em esconder detalhes da trama, deixando evidente do que se trata já no primeiro ato, quando mostra os seis policiais torturando um vagabundo, acusando-o do sequestro de Mary Black (Sierra Pitkin). Ele é surrado, sufocado, enforcado, esfaqueado (ou seria “canetado“?) e até chibatado, resultando em seu coma num hospital da região, e a tal da vingança sobrenatural. Não se sabe de onde vieram os seus poderes, mas ele consegue se materializar – embora a câmera esconda o rosto tentando criar um cúmplice -, com objetos que sirvam para estabelecer uma coincidência macabra. Trocando em miúdos: se você o enforcou, morrerá enforcado…e por aí vai.

Pode até ser que você se anime a dar a uma chance ao longa, curioso pelo fato do gato se chamar Shining (Iluminado) e por tramas de mistério e assassinato, mas a direção de Michael Oblowitz vai fazê-lo se arrepender do “play” já nos primeiros quinze minutos, com a repetição desnecessária da cena do sequestro da garotinha. E ela vai pipocar na tela mais umas três vezes para preencher os espaços do roteiro, com uma iluminação de novela da Record, juntamente com as cenas arrastadas e ridículas de assassinato. É impossível não rir com a sequência interminável que acontece num carro de polícia, com a vítima sendo sufocada durante mais de cinco minutos, enquanto carne moída é atirada para todo lado, sem explicação para o sangramento. Oblowitz deve ter se divertido com os nacos de bife que ele joga para cima em cada morte, imaginando estar fazendo um filme gore. Pelo menos, ele se divertiu.

Sabe por que os carrascos usavam máscaras? Por que colocavam balas de festim nos fuzilamentos, ou são necessárias três pessoas para acionarem a cadeira elétrica? Superstição.” Pela curiosidade apresentada, essas palavras do detetive Black surgem como o único atrativo do longa, embora não sirvam para O Viajante se tornar melhor. Até mesmo os fãs de Val Kilmer irão concordar que a atuação dele está risível, incluindo a sua performance de três notas de Death Mask, de Mozart. Ainda assim, o filme vai te fazer pensar….pensar no porquê do título, na capa que traz Kilmer com um revólver na mão se não ele não pega em armas de fogo e até no seu tempo perdido.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

4 thoughts on “O Viajante (2010)

  • 02/06/2015 em 02:19
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    Como é a vida para quem trabalhou em filmes como The Doors (1991), Fogo Contra Fogo (1995) hoje em dia participa de filmes e séries fracas. Vai entender.

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  • 26/12/2013 em 23:00
    Permalink

    desde Batman que não assito filme desse cara , pra mim o pior ator que existe..

    Resposta

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