História de Fantasmas (1981)

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História de Fantasmas (1981)

História de Fantasmas
Original:Ghost Story
Ano:1981•País:EUA
Direção:John Irvin
Roteiro:Lawrence D. Cohen, Peter Straub
Produção:Burt Weissbourd
Elenco:Craig Wasson, Alice Krige, Fred Astaire, Melvyn Douglas, Douglas Fairbanks Jr., John Houseman, Patricia Neal, Jacqueline Brookes, Miguel Fernandes, Lance Holcomb, Ken Olin

Quando fazemos uma análise do começo dos anos 80 no que se refere a filmes de terror, nenhum subgênero ecoa tão forte quanto slashers. Popularizado nos Estados Unidos após as criações de John Carpenter (Halloween, 1978) e Sean Cunningham (Sexta-feira 13, 1980), a quantidade avassaladora de produções, violência desmedida e promessa de lucro fácil soterrou definitivamente a era de ouro do cinema de terror mainstream, de um tempo mais gótico e inocente, que já estava em mutação nos anos 70 após obras clássicas de baixo orçamento como O Massacre da Serra Elétrica (1974) e Aniversário Macabro (1972).

História de Fantasmas, dirigido por John Irvin (Jogo Bruto, Hamburger Hill) e lançado em 1981, é no mínimo para se admirar pela época em que foi realizada uma produção que evoca um subgênero esquecido, com uma história simples e uma homenagem a um tempo onde o terror nas telas era mais sutil e elegante.

No roteiro, acompanhamos um grupo de senhores amigos há muito tempo e já desfrutando de seus 80 anos: Ricky Hawthorne (Fred Astaire), Sears James (John Houseman), John Jaffrey (Melvyn Douglas) e Edward Wanderley (Douglas Fairbanks, Jr.) reúnem-se regularmente para contar histórias de fantasmas na pequena cidade de Milburn. Intitulada Sociedade Chowder, os encontros são mensais e seus quatro membros também compartilham outra coisa em comum: sofrem com pesadelos frequentes que não raramente tornam-se alucinações.

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O acontecimento que dispara a trama é o aparente suicídio do filho de Edward, David (Craig Wasson, Dublê de Corpo), que após se envolver com a bela e enigmática Alma Mobley (Alice Krige de Silent Hill e aparecendo nua em várias cenas), acaba descobrindo um chocante segredo sobre sua verdadeira natureza e despenca da janela de seu apartamento, morrendo instantaneamente.

O irmão gêmeo de David, Don (Craig Wasson, novamente) retorna a cidade para o funeral e aos poucos, com sua própria história e a dos velhos, conectar as peças do grande mistério que liga a morte do irmão aos pesadelos dos anciãos, desvelando grandes segredos da mais terrível história de fantasmas que o grupo já viveu.

Para quem nunca assistiu e quer um paralelo, a trama central tem elementos bastante similares às histórias de Stephen King. O material que deu origem ao roteiro é um livro de Peter Straub – não a toa Straub é um grande amigo de King e juntos escreveram dois livros: O Talismã (1984) e sua continuação, A Casa Negra (2001), além de que o roteiro também foi escrito por Lawrence D. Cohen, que trouxe para as telas outras histórias de King como Carrie (versões de 1976 e 2013), It e Tommyknockers. A adaptação de um livro de quase seiscentas páginas requer mudanças mesmo para um filme de quase duas horas de duração, o que neste caso reside o principal problema que a produção enfrenta: tenta contar tudo numa cadência tão literal que o filme acaba se arrastando.

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Sem a menor pressa de entregar os segredos antes do planejado, o diretor John Irvin usa mais de 1/3 de tela em dois flashbacks cruciais para a correspondência com os personagens, mas que quebram o ritmo absurdamente. O primeiro contando o envolvimento de Don e Alma, o segundo onde os velhos contam uma história trágica ocorrida entre os membros da Sociedade Chowder 50 anos antes – estopim para tudo o que acontece no tempo presente. Ambas as histórias tem seu valor, porém se costuram mal à narrativa principal e não condizem com um filme de mistério e suspense que História de Fantasmas devia entregar.

À parte deste problema a produção é uma fonte de belas cenas e narrativas, especialmente as que dizem respeito a fragilidade e mortalidade do quarteto principal, muito bem representados e com interpretações extremamente dignas. O saudosismo de ver grandes nomes como Fred Astaire, Melvyn Douglas, Douglas Fairbanks em suas últimas aparições no cinema também é um motivo para se assistir à produção.

História de fantasmas tem um detalhado e esmerado trabalho nos efeitos especiais (outro notável trabalho do Oscarizado Rick Baker, de MIB e Guerra nas Estrelas) e pouca violência, já que no filme tudo é sobre a atmosfera e sobre o peso de uma tragédia. Não há nada mais assustador do que ver no semblante de personagens idosos que no fim da vida, após carregarem um segredo por tanto tempo, ainda há uma razão genuína para sentir medo sem poder fugir do perigo.

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O filme está disponível nos Estados Unidos em um DVD lançado pela Universal e foi renegado no Home Vídeo brasileiro: está disponível apenas em um VHS antigo lançado pela CIC Vídeo, muito disputado e vendido a preço de ouro. Para os interessados, a melhor forma de assistir é através do serviço de streaming Netflix onde pode ser encontrado nas versões dublada ou legendada.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

4 thoughts on “História de Fantasmas (1981)

  • 18/09/2017 em 10:01
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    Um Filme Digno De Terror aonde mostra que nos anos 80 foi o auge da Criatividade filmes bons com historias e temas bem elaborados não é essas Tranqueiras que não assustam hoje em dia admiro muito o Trabalho de Alice Krige que infelizmente já colocaram elas em Filmes Fracos como Silent Hill mas vamos ver um fato positivo a Atriz mesmo Veterana esta na Ativa Menos mal!!!

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  • 11/08/2014 em 16:04
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    Fiquei surpreso com o conteúdo forte, embora econômico no sangue, desse filme. E ele foi lançado em DVD, em 2014, pela Classicline.

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  • 18/01/2014 em 23:07
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    maneiro gosto muito dos filmes de terror oitentista..

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  • 17/01/2014 em 21:33
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    Gostei do filme, a reviravolta final é muito boa (para quem não se sente idiota com ela, hehe, como eu me senti quando pequeno com a conclusão de Noite das Brincadeiras Mortais).

    As performances do elenco de velhacos, como era de se esperar, é fantástica. Acho que nossa geração está tão carente de personagens classudos e esse História de Fantasmas serve como um “mata-saudade” do que não tivemos.

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