Submersos (2002)

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Submersos (2002)
O Medo pode sufocar…
Submersos
Original:Below
Ano:2002•País:EUA
Direção:David Twohy
Roteiro:Lucas Sussman, Darren Aronofsky, David Twohy
Produção:Darren Aronofsky, Sue Baden-Powell, Eric Watson
Elenco:Bruce Greenwood, David Crow, Matthew Davis, Holt McCallany, Dexter Fletcher, Nick Chinlund, Olivia Williams, Scott Foley, Andrew Howard, Christopher Fairbank, Crispin Layfield

Há quase dez anos, no dia 15 de janeiro de 2004, atracou nas locadoras brasileiras a elogiada e, ao mesmo tempo, sofrida produção Submersos (Below, 2002), após uma mísera divulgação da Lumiere, sem campanha publicitária adequada, talvez influenciada pela Miramax, que, inclusive, fez o diretor David Twohy (responsável pela franquia do personagem Riddick) colocar dinheiro do seu próprio bolso para que um website pudesse ser feito. Apesar de injustamente mal tratado, o filme não desenvolveu problemas em sua estrutura, possibilitando uma diversão garantida para os amantes do mais puro horror psicológico.

Escrito por Darren Aronofsky, que inicialmente seria o diretor, mas optou por comandar Réquiem para Um Sonho, Submersos mergulha na profundidade do medo humano para trazer à tona a presença do desconhecido num ambiente que já inspira o terror real: um submarino, uma espécie de caixão de aço subaquático, encalhado a cerca de 100 metros de profundidade, sem comunicação e oxigênio, num clima tenso de claustrofobia e tendo a mente como geradora de ilusões – remetendo, claro, ao episódio Túmulo Submerso, da série Além da Imaginação, roteirizado por Rod Serling. Aliás, nossa imaginação pode ir além, porém, por mais fértil que seja, é apenas uma gota no oceano do que seria realmente esse pesadelo que já teve momentos semelhantes na vida real, inclusive com um submarino russo, em agosto de 2000, entre outras tragédias. Se o ambiente é propício para o horror, imagine, então, conviver com um passado tenebroso – o que já é um prato cheio para o inconsciente – e também com a concretização de um superstição: a presença de uma mulher num submarino é sempre sinônimo de azar.

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Com os elementos em mãos, bastava um elenco formado por rostos conhecidos e uma narrativa capaz de prender à atenção do espectador durante todos os seus 105 minutos. David Twohy conseguiu as duas coisas e com mérito, falhando apenas em um detalhe, para muitos considerado fundamental: o final. Por que não manter a sutileza e deixar por conta da imaginação do espectador a principal pergunta da trama sobre aquilo tudo estar realmente acontecendo ou se era fruto da mente perturbada e sem oxigênio dos tripulantes?

No enredo, durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1943, o submarino norte-americano US Tiger Shark é acionado para a realização de um resgate dos sobreviventes de um naufrágio ocorrido próximo dali, derrubado por torpedos. Assim que chega ao local, apenas três pessoas são encontradas vivas: dois homens e uma mulher, a enfermeira Claire (Olivia Williams, que foi uma peça fundamental do famoso thriller O Sexto Sentido). A presença de uma mulher num ambiente infestado de homens já é passível de despertar a libido dos tripulantes, porém, ela ainda enfrenta o preconceito e o medo de alguns diante da já citada superstição.

Após o resgate, o tenente Brice (Bruce Greenwood, ator que interpreta heróis e vilões de forma genuína. Ele foi o marido mau no filme Risco Duplo) tem seu instrumento de guerra ameaçado por um navio alemão em vários momentos, o que o obriga a manter o submarino submerso para evitar confrontos perigosos. No entanto, após alguns bombardeios e ataques, o veículo fica encalhado, cheio de avarias, impedindo a entrada de oxigênio e impossibilitando qualquer meio de comunicação. Seria apenas um filme de guerra se estranhas vozes não começassem a perturbar os tripulantes, assim como vultos e gélidas batidas no casco.

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Envolto em medo e angústia, o submarino ainda esconde terríveis segredos em seu passado e é palco de brigas e discussões pelos mais variados motivos. Quem seriam os verdadeiros inimigos, os alemães ou eles mesmos? Para os fãs de terror, como curiosidade, há entre os tripulantes um amante do gênero que, por diversas vezes, lê histórias de horror e sugere possibilidades absurdas para os fatos estranhos, mas que já serviram de clímax para vários filmes: – E se já estivermos todos mortos e os barulhos no casco forem provenientes de mergulhadores numa missão de salvação?

Completando o elenco de rostos conhecidos, há o ator Matthew Davis (Lenda Urbana 2), que faz parte da tripulação e serve como contrapeso diante de tantos problemas emocionais, agindo racionalmente na busca de soluções. Assim, num intenso clima de mistério e medo, com cenas apavorantes, mortes horrendas e muitos sustos, incluindo referências ao cinema do produtor Val Lewton (O Fantasma dos Mares, de 1943, e Ilha dos Mortos, de 1945) Submersos tem boas chances de agradar, embora a lentidão dos acontecimentos possa incomodar àqueles que buscam tramas ágeis. Portanto, se encontrá-lo à deriva em alguma loja de DVDs, pode comprar sem medo. Deixe-o a cargo do túmulo submerso e seus espíritos errantes!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

4 thoughts on “Submersos (2002)

  • 10/03/2014 em 16:35
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    Esperava um final melhor.

    Mas no geral, é um bom filme, com algumas cenas bem assustadoras.

    Resposta
  • 01/01/2014 em 20:31
    Permalink

    deve ser demais esse filme,correndo pra procura-lo.

    Resposta

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