Welcome to the Jungle (2007)

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Welcome to the Jungle (2007)

Welcome to the Jungle
Original:Welcome to the Jungle
Ano:2007•País:EUA
Direção:Jonathan Hensleigh
Roteiro:Jonathan Hensleigh
Produção:Gale Anne Hurd
Elenco:D. Kevin Epps, Sandi Gardiner, Callard Harris, John Leonetti, Clifton Morris, Rich Morris, Jeran Pascascio, Nick Richey, Del Roy

Um dos grandes mistérios do início da década de 60 foi o desaparecimento de Michael Clark Rockefeller, filho do prefeito de Nova Iorque e futuro vice-presidente, Nelson Aldrich Rockefeller. Depois de servir o exército e tomado pelo espírito de aventura, ele teria se interessado por estudar as tribos da Nova Guiné, principalmente a Asmat, realizando algumas expedições pelos rios e matas do local. No dia 17 de novembro de 1961, enquanto se aproximavam da região, o barco teve problemas, ficando a 19 quilômetros da praia. Michael teria se arriscado a nadar até a terra e nunca mais foi visto. Após inúmeras tentativas de resgate, surgiram algumas teorias sobre seu desaparecimento: a) morreu afogado, exausto pela distância? b) foi morto por algum crocodilo? c) ou devorado pelas tribos locais? Esta última foi sustentada em algumas obras publicadas nas décadas seguintes, por autores conscientes da existência de canibais, e até mesmo devido a alguns vestígios encontrados nas proximidades. Uma premissa rica para um filme do gênero, o cineasta Jonathan Hensleigh, de O Justiceiro, não pensou duas vezes e resolveu comandar o horror Welcome to the Jungle, mas errou no formato escolhido – found footage – e nas soluções encontradas.

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Assumidamente sem roteiro, o longa deu liberdade total ao elenco durante os doze dias de viagem. Eles foram realmente à região e registraram algumas cenais reais, como um acidente de estrada e a reação contrária à presença deles ali. Mas, as curiosidades terminam aí: o restante do filme é extremamente chato, óbvio e extremamente mal inspirado no clássico Cannibal Holocaust. Quatro jovens resolvem investigar o sumiço de Michael Clark Rockefeller depois que um barman informa ter visto entre as tribos locais um homem branco de uns setenta anos, idade que teria o desaparecido. Pensando no sucesso e nos ganhos com a viagem, mesmo sem experiência alguma ou com o apoio de um guia, Mandi (Sandi Gardiner), Colby (Callard Harris), Bijou (Veronica Sywak) e Mickey (Nick Richey) decidem se embrenhar nas matas em busca de respostas.

Como todo found footage que não se preza, até os últimos quinze minutos, o infernauta é bombardeado por diálogos idiotas, brincadeiras imbecis, briguinhas forçadas e pouquíssima curiosidade sobre a região. “É o segundo lugar mais perigoso do mundo, só perdendo para o Iraque.” Provavelmente nunca visitaram a Venezuela. Ou “Nunca pare o carro quando encontrar uma criança na rua.” – são alguns dos momentos curiosos que se escondem num roteiro raso e sem surpresas. Se em Cannibal Holocaust, o grupo cava a própria cova ao matar animais, estuprar uma nativa e destruir aldeias, o de Welcome to the Jungle faz o mesmo com a paciência do espectador, que torce que a morte dos jovens seja lenta e extremamente dolorosa.

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Uma briga, e os casais se separam. O primeiro encontra os nativos, todos armados, e questiona a todo momento se eles são amigáveis. O segundo é remake do primeiro, mas com a diferença do jantar ser preparado com mais cautela. O modo como os canibais chamam os jovens me fez perguntar se o gesto, acenando a mão para que haja a aproximação, é universal. A conclusão é aquela mesma que você já imagina, mas sem o impacto e a profundidade do longa de Ruggero Deodato, que não poupa o espectador de um festival de violência sem limites, incluindo degola e castração, justificado pelas consequências à destruição da Natureza.

Cannibal Holocaust ainda tinha o diferencial positivo do uso do found footage ser limitado às cenas que realmente importam, enquanto Welcome to the Jungle é inteiramente filmado nesse recurso, o que jamais é justificado adequadamente: se a intenção era o uso da câmera como uma prova de que Rockefeller ainda pode estar vivo, por que, então, filmar o tempo todo, desde o momento em que decidem viajar até quando são atacados? Além do mais, o filme italiano deixa o espectador como os personagens, com uma sensação de sujeira graças contato pleno com a natureza selvagem – algo que jamais acontece nesse genérico pediátrico.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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