Drácula 3000 (2004)

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Drácula 3000 (2004)

Drácula 3000
Original:Dracula 3000
Ano:2004•País:Alemanha, África do Sul
Direção:Darrell Roodt
Roteiro:Ivan Milborrow, Darrell Roodt
Produção:Frank Hübner, Brad Krevoy, David Lancaster, David Wicht
Elenco:Casper Van Dien, Erika Eleniak, Coolio, Alexandra Kamp-Groeneveld, Grant Swanby, Langley Kirkwood, Tommy 'Tiny' Lister, Udo Kier

O que leva uma pessoa em sã consciência a alugar um filme chamado Drácula 3000? Bem, é inegável que soa curiosa a ideia de levar o famoso vampirão para o futuro, e a capinha, com um desenho futurista nos moldes de H.R. Giger, é atrativa. Além do mais, o elenco é cheio de caras conhecidas, como o canastra Casper Van Dien (Tropas Estelares), a gatinha Erica Eleniak, o gigantesco Tiny Lister Jr. e o esquisito Udo Kier. Mas qualquer expectativa que o filme seja bom se dispersa rapidamente após meia hora de projeção. E cada vez mais eu chego à conclusão de que se Bram Stoker pudesse ver todas as adaptações ruins que seu livro Drácula gerou, ele jamais teria escrito a obra.

O roteiro “fantástico” de Drácula 3000 leva o lendário Drácula para o futuro, mais precisamente para uma nave espacial em órbita, algo que não é exatamente criativo, se considerarmos que já fizeram o mesmo com Jason (Jason X), com o Duende (O Duende 4), e até com os Critters (Criaturas 4). A história, escrita pelo próprio diretor sul-africano Darrell Roodt (o mesmo do cult-movie oitentista Cidade de Sangue), se passa no ano 3000 (dããã), onde um grupo de exploradores espaciais encontra a nave abandonada Demeter, que ficou perdida no espaço por mais de 50 anos – outro detalhe bem pouco original, considerando filmes como O Lado Escuro da Lua, O Enigma do Horizonte e 2010 – O Ano em que Faremos Contato.

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O espectador até pensa que o filme não terá enrolação quando o personagem de Casper Van Dien, o capitão Van Helsing (!!!), resume toda a história já nos minutos iniciais, explicando que ele e sua equipe estão atrás da nave perdida, evitando longos minutos de apresentação da missão e dos personagens. Aliás, todos são apresentados com o auxílio de uma tela de computador, como se fosse um videogame. Além de Van Helsing, a nave tem o “Professor” (Gran Swanby), paralítico, porém genial; a gatinha Aurora (Erica), que é a segunda no comando; o maconheiro 187 (Coolio); um negro fortão (Tiny Lister Jr.), e Mina (Alexandra Kamp, que já foi bonita, mas aqui está MUITO feia).

Não demora para o grupo entrar na nave e descobrir que não existe qualquer sinal da tripulação além de um esqueleto segurando um crucifixo – que a maioria não sabe o que é, pois no ano 3000 a religião católica foi proibida, sabe-se lá porquê. Descobrem, também, que a carga da nave são 50 caixões contendo areia. O maconheiro do grupo, lógico, começará a abrir os ataúdes em busca de drogas, acreditando ser uma forma usada por contrabandistas para esconder entorpecentes. Porém, lógico, ele se corta em um dos caixões e traz de volta à vida o lendário Conde Orlock (Langley Kirkwood, péssimo), que começa a dizimar a tripulação.

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Drácula 3000 é até bem feitinho e dirigido, com alguns interessantes movimentos de câmera pelos corredores escuros e metálicos da nave. Mas não sustenta o interesse. Para começar, qual o objetivo de situar o filme no ano 3000 se, ao contrário de se passar em uma sociedade ou cidade futurista, tudo acontece em uma nave espacial? Aliás, por que situar o filme numa nave espacial se o roteiro não usa este ambiente para nada de diferente? Quer dizer, da forma como a história se desenrola, poderia se passar tanto em catacumbas medievais do século 16 como em um prédio em ruínas no século 20, pois jamais faz qualquer diferença, na trama, o fato dos personagens estarem numa nave espacial!

Outra coisa imperdoável é que os personagens falam e agem como pessoas do século 21. Então, por que colocá-los no ano 3000? Tudo bem, no ano 3000 as drogas são legalizadas e a religião católica foi proibida, mas TODO O RESTO continua igual: as gírias usadas pelos personagens são as mesmas que falamos hoje, as roupas são idênticas, as armas são idênticas (balas e cartuchos, nada de laser), e até uma cadeira-de-rodas usada pelo personagem paralítico é movida manualmente, e não eletronicamente. Ou seja, em mil anos a tecnologia não vai avançar muito, pelo menos não no roteiro de Drácula 3000. Nem os cortes de cabelo. Mostrar o dedo médio continuará sendo ofensivo. E continuarão existindo negros maconheiros com cabelo rastafari e lencinho amarrado na cabeça!!!

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Nem mesmo as citações à mitologia do vampirão servem para alguma coisa, como o fato do personagem de Van Dien ser tataratataratataraneto do caçador de vampiros Van Helsing do século 19, ou o vilão se chamar Conde Orlock, como o personagem de Max Shreck em Nosferatu, de F.W. Murnau, ou ainda o fato de Drácula ser originário da Galáxia Carpatiana (uma citação aos Montes Cárpatos, onde vive o vampiro em Nosferatu). O roteiro desperdiça algumas boas surpresas, como o fato de uma das personagens ser uma andróide. Como Drácula não poderia chupar seu sangue nem transformá-la em vampira, a robowoman no mínimo poderia ter um papel decente na luta contra o vampirão – mas NÃO tem. A única surpresa do filme é o destino trágico daquele que imaginamos ser o herói da trama. E o final, certamente um dos mais RIDÍCULOS de todos os tempos, que parece ter sido imaginado pelos roteiristas do “Zorra Total“.

Drácula 3000 bem que poderia ser considerado uma bela propaganda enganosa, pois, somadas, as cenas com Drácula não chegam a 10 minutos. Ainda bem, porque trata-se do vampiro mais mambembe dos últimos tempos. O diretor Roodt achou que seria uma grande coisa colocar Drácula vestido com aquela tradicional capa de gola grande, tipo Bela Lugosi usou no filme de Tod Browning em 1931, sem perceber o quanto fica ridículo tal personagem circulando pelos corredores de uma nave espacial – não assusta nem a vovó.

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Tivessem levado tudo na avacalhação, como aconteceu em Um Drink no Inferno e no próprio Jason X, pelo menos poderíamos dar umas boas risadas. Só que todos estão levando a coisa a sério, apesar de diálogos ridículos, como “Eu passei noites brincando com minha Anaconda pensando no seu traseiro branco como a neve!” (hahahah), ou “Eu sou uma andróide PP, ou Puro Prazer“. Coisa fina. E olha que o que os personagens mais fazem no filme é falar, apesar de estarem sendo perseguidos por vampiros o tempo inteiro. E para piorar mais ainda, o filme tem “censura 12 anos“. Ou seja: nada de violência! Apesar de vampiro chupar sangue, o que se vê na tela são uma gotinhas mixurucas que não justificam a locação para qualquer fã de horror. Se dependesse do sangue mostrado na tela, Drácula morreria de anemia antes do final do filme!!!

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Resumindo: uma total perda de tempo, sério candidato a pior filme de 2004 e que, para variar, estreou no Brasil antes que nos Estados Unidos (o que sempre acontece com produções abaixo da média. E já imagino o que vem pela frente: Drácula 4000, com o vampirão enfrentando androides mutantes num mundo destruído após a 20ª Guerra Mundial. Ou, talvez, Drácula 5000 Versus Boa Versus Python. Do jeito que vai, não dá para duvidar de mais nada…

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Felipe M. Guerra

Jornalista por profissão e Cineasta por paixão. Diretor da saga "Entrei em Pânico...", entre muitos outros. Escreve para o Blog Filmes para Doidos!

2 thoughts on “Drácula 3000 (2004)

  • 30/08/2014 em 11:34
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    HAHAHAHAHA… ESSE FILME É UM LIIIIXOOOOO!!!!

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