Lobos de Arga (2011)

3.5
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Lobos de Arga (2011)

Lobos de Arga
Original:Lobos de Arga
Ano:2011•País:Espanha
Direção:Juan Martínez Moreno
Roteiro:Juan Martínez Moreno
Produção:Tomás Cimadevilla, Emma Lustres
Elenco:Gorka Otxoa, Carlos Areces, Secun de la Rosa, Mabel Rivera, Manuel Manquiña, Luis Zahera, Coté Soler, Marcos Ruiz, Roberto Sánchez 'Luna'

Numa época em lobisomens são produzidos com tecnologia CGI ou participantes de produções melosas, pode-se dizer, com absoluta convicção, que Lobos de Arga aka Game of Werewolves é simplesmente o melhor filme no estilo dos últimos anos, e isso inclui aquele remake dirigido por Joe Johnston, com Anthony Hopkins e Benicio Del Toro, do clássico de 1941. Mas as qualidades da produção espanhola não estão só nos efeitos especiais, quase inteiramente old school: há aqueles elementos das boas histórias do subgênero como maldições, cidadezinhas góticas, personagens interessantes e uma atmosfera assustadora, embora esta seja uma comédia.

O responsável pela concepção dessa obra é Juan Martínez Moreno, conhecido na Espanha pelo eficiente Dos Tipos Duros (2003). Ele escreveu e dirigiu Lobos de Arga, com o apoio do experiente editor Nacho Ruiz Capillas, de mais de 80 trabalhos incluindo Os Outros, em 2001. Há também na equipe técnica outro nome com bom currículo, Raquel Fidalgo, que fez a maquiagem de A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar.

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Lobos de Arga segue o estilo de comédias fantásticas como Todo Mundo Quase Morto e Doghouse ao apresentar elementos assustadores dentro de propostas cômicas, mas sem denegrir os monstros clássicos, apresentados sempre como fiéis à sua mitologia conhecida. Ainda que você não goste do humor desses filmes, não tem como acusar os responsáveis de um tratamento ruim para as criaturas, pois elas não são apresentadas como idiotas ou ridículas, mas condizentes com suas origens. Inclusive, quando o diretor foi falar sobre sua obra no Brussels Festival of Fantastic Films, ele deixou evidente que sua intenção era realmente resgatar a figura dos antigos lobisomens, muito distantes do modo como são vistos hoje em dia nas produções atuais.

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A cidade de Arga sofre de uma terrível maldição. Em 1900, uma duquesa promíscua sequestrou um cigano com a intenção de ter um filho, pois seu marido era incapaz de engravidá-la. Depois de conseguir o que queria, ela ordenou que toda a comunidade cigana fosse morta, assim como o pai da criança, mas não impediu que uma mulher lançasse uma maldição: assim que a criança completasse 10 anos, ela se transformaria num lobisomem e atacaria os moradores do vilarejo por toda a eternidade. O único meio de quebrar essa maldição seria entregar para o lobisomem um descendente da duquesa, mas isso só pode acontecer na noite certa. Passados mais de um século, Arga continua com o mesmo aspecto visual de outrora, com estruturas antigas, mantendo o estilo galiciano com seus habitantes e suas tradições – que poderia servir de palco para histórias de Edgar Allan Poe e Lovecraft.

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O escritor Tomás Mariño (Gorka Otxoa) é o tal descendente que os moradores tanto aguardam. Ele é convidado para voltar à cidade, resgatar suas raízes e rever seus velhos conhecidos como o amigo de infância Calisto (Carlos Areces). Apesar de um começo hostil, os habitantes até demonstram simpatia pelo rapaz, assim como seu tio Evaristo (Manuel Manquiña), mas as intenções vão além de uma boa recepção: na noite seguinte, enquanto era recebido por seu editor Mario (Secun de la Rosa), eles são raptados e conduzidos até um velho celeiro, onde Tomás costumava evitar na infância por acreditar que o local habitava um monstro. Antes de serem devorados, os dois conseguem se safar com a ajuda de Calisto, mas a atitude acaba ocasionando uma segunda maldição, envolvendo muito mais lobisomens do que eles poderiam imaginar!

Um dos destaques de Lobos de Arga é o cãozinho de Tomás, um animal esperto capaz de protagonizar as melhores cenas, principalmente no momento em que resolvem extrair partes do corpo do escritor para alimentar o lobisomem. É simplesmente impossível não rir da conclusão disso! Outro que consegue arrancar boas gargalhadas dos espectadores é um policial inteligente (Tomás Cimadevilla), com sua habilidade para escapar de situações extremas. Todos esses personagens terão que enfrentar as criaturas ou pelo menos tentar sobreviver à Lua Cheia, procurando abrigo na velha morada de Tomás e na igreja da cidade.

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Lobos de Arga é imperdível para aqueles que gostam de filmes de lobisomens, histórias de horror centradas em cidades do interior e personagens divertidos. Talvez até mesmo para os amaldiçoados, amantes da Lua Cheia e criaturas da noite! Enfim, trata-se de uma comédia espanhola, com humor inglês, que merece algumas oportunidades e deve ser recomendado para um possível lançamento no Brasil!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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