Sangue e Chocolate (2007)

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Sangue e Chocolate (2007)

Sangue e Chocolate
Original:Blood and Chocolate
Ano:2007•País:EUA, UK, Romênia, Alemanha
Direção:Katja von Garnier
Roteiro:Ehren Kruger, Christopher Landon, Annette Curtis Klause
Produção:Wolfgang Esenwein, Hawk Koch, Gary Lucchesi, Tom Rosenberg, Richard S. Wright
Elenco:Agnes Bruckner, Hugh Dancy, Olivier Martinez, Katja Riemann, Bryan Dick, Chris Geere, Kata Dobó, Bogdan Voda

A mesma Lua Cheia que motiva a transformação de um amaldiçoado numa fera assassina também é a dos amantes e dos poetas. William Shakespeare é o autor da máxima, que representa o que foi dito: “Eis minha dama. Oh, sim! É o meu amor. Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que és mais formosa que ela!” Talvez seja esse o motivo que transformaram os homens que possuem a marca da licantropia não apenas em lobisomens, mas criaturas apaixonadas, seja pela Lua por alguém por quem nutre uma atração. Ao mesmo tempo em que sofria as mudanças graduais, David Kessler se encantava cada vez mais pela enfermeira Alex Price em Um Lobisomem Americano em Londres (81); e o mesmo acontecia com o personagem de Jack Nicholson em Lobo (94) ao perceber que a filha de seu chefe era ninguém menos que Michelle Pfeiffer, que, ao final, se transformaria num animal pela paixão, uma das possibilidades de transformação na mitologia desenvolvida por Jim Harrison e Wesley Strick.

Esse conflito Bela e a Fera seria um dos principais motes da Saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, com o lobisomem Jacob Black tendo que disputar a protagonista Bella Swan com o vampiro Edward. Porém, antes dessa série, em 1997, a obra Sangue e Chocolate, de Annette Curtis Klause, trazia um clã de lobisomens tendo problemas internos quando a bela Vivian passaria a se envolver com o humano Aiden, um conflito que serviria de inspiração para a franquia Anjos da Noite, mas numa configuração mais agressiva e condizente com a mitologia das criaturas. Desde o lançamento e o sucesso do livro, cinco diretores foram considerados para assumir a direção de uma versão cinematográfica: Larry Williams, Leslie Libman, Po-Chih Leong, Sanji Senaka e Rupert Wainwright disputaram a cadeira de diretor, deixando a cargo de Katja von Garnier (do filme para a TV Anjos Rebeldes, 2004) a função almejada. Após liberar os direitos de realização da adaptação, a autora não acompanhou a produção, nem quando Christopher Landon (filho de Michael Landon, que atuou em I Was a Teenage Werewolf, de 57) desenvolveu o roteiro com o apoio de Ehren Kruger, de O Chamado e A Chave Mestra.

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Com um orçamento estimado em 15 milhões, o longa estreou nos Estados Unidos em 26 de janeiro de 2007 (no Brasil, em 23 de fevereiro) e foi um estrondoso fracasso. Fez apenas 2 milhões no Box Office americano inicial, alcançando apenas 6 com o tempo. Recebeu inúmeras críticas negativas, mostrando que o relacionamento meloso e a pouca relação com a obra original destruíram qualquer possibilidade de gerar uma franquia. Só para constar: no livro, a personagem Vivian é a parceira de Gabriel; enquanto no longa, ele é visto como vilão, dando mais importância ao humano.

Sangue e Chocolate se passa em Bucareste, na Romênia, onde a lobisomem Vivian (Agnes Bruckner, de A Floresta, 2006) tenta uma vida normal num estabelecimento de arte alimentícia com chocolate. Quando tinha apenas nove anos, a garota teve os pais e irmãos assassinados por caçadores, e se mudou para Bucareste para viver com sua tia Astrid (Katja Riemann), que era companheira de Gabriel (Olivier Martinez, de Roubando Vidas, 2004) na época. Para desespero de Astrid, Gabriel busca uma nova companheira, e enxerga em Vivian essa possibilidade, porém a garota se encanta como desenhista de graphic novel Aiden (Hugh Dancy), que busca inspiração nas lendas sobre lobisomens da região, os chamados Loups-Garoux.

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Para evitar que seu affair faça parte do “jogo dos lobisomens“, uma perseguição na mata de um humano escolhido para sacrifício, Vivian é obrigada a escondê-lo de seu primo Rafe (Bryan Dick) e seus parceiros Ulf (Chris Geere), Gregor (Tom Harper), Finn (John Kerr) e Willem (Jack Wilson), mas os perigos parecem rondá-los cada vez mais, principalmente quando Aiden descobre o que acontece secretamente na região, e passa a ser alvo das feras.

Como pode ser observado, Sangue e Chocolate traz uma releitura de Romeu e Julieta, como a obra de Stephenie Meyer. Mas, tudo acontece sem muita empolgação, podendo relegar os lobisomens a uma gangue qualquer, sem relação com o mito da criatura clássica. Como a obra de Meyer, as criaturas são lobos e a transformação acontece através de computador, com uma luz branca envolvendo o processo. Não há muito sangue e violência – itens que geralmente acompanham esse subgênero -, nem uma história suficientemente interessante para motivar o espectador a se envolver com os personagens.

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Se a forma de reverência é até curiosa, por imitar um ato comum dos caninos, o restante não é empolgante o suficiente. Curiosamente o tal “jogo dos lobisomens” voltaria a aparecer em Red – A Caçadora de Lobisomens (2010), mas também sem atrativos que possam servir de recomendação. Enfim, Sangue e Chocolate traz uma adocicada história de amor entre uma lobisomem e um humano, mas distante de matar a “Lua Cheia de inveja“, apenas deixando-a “pálida e doente de tristeza“.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Sangue e Chocolate (2007)

  • 28/09/2014 em 00:32
    Permalink

    Não é lá essas coisas mas comparar “Sangue e chocolate” com Stephenie Meyer é uma sacanagem com a autora da história original.

    Resposta

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