Um Lobisomem Americano em Paris (1997)

5
(7)

Um Lobisomem Americano em Paris (1997)

Um Lobisomem Americano em Paris
Original:An American Werewolf in Paris
Ano:1997•País:UK, Luxemburgo, EUA, França
Direção:Anthony Waller
Roteiro:Anthony Waller, Tim Burns, Tom Stern
Produção:Richard Claus
Elenco:Tom Everett Scott, Julie Delpy, Vince Vieluf, Phil Buckman, Julie Bowen, Thierry Lhermitte, Tom Novembre, Charles Maquignon, Alan McKenna

Em 29 de maio de 1998, eu e meu irmão estávamos no Shopping Pátio Paulista – na época, só Shopping Paulista – para conferir a estreia de Um Lobisomem Americano em Paris, a “continuação” do clássico absoluto de John Landis, Um Lobisomem Americano em Londres. A ansiedade era tamanha que nem nos incomodamos quando um casal, ao sair de uma sessão de Impacto Profundo, comentou em voz alta pelo corredor, enquanto sua companheira limpava as lágrimas: “E você queria ver um filme de lobisomens!“. É bom saber que o gênero estava carente de produções do estilo, e a possibilidade de conferir na tela grande a minha criatura favorita foi o suficiente para uma avaliação positiva. Revendo o longa dezesseis anos depois, a nota continua a mesma, assim como minhas considerações sobre o trabalho de Anthony Waller.

Oriundo de um belo exemplar do estilo snuff (Testemunha Muda, 94), Waller era um nome bastante conceituado para assumir a responsabilidade de comandar um filho bastardo de um clássico oitentista. Para tanto, convocou como protagonistas dois nomes em ascensão na indústria cinematográfica, o jovem Tom Everett Scott, comparado à Tom Hanks (inclusive pelo próprio) tendo feito um bom serviço em The Wonders; e a belíssima francesa Julie Delpy, de Antes do Amanhecer (95). Mas Waller não teria sido a primeira opção: o próprio John Landis havia escrito um esboço de roteiro e até sido anunciado como ocupante da cadeira de diretor nos seis anos que duraram para a realização do filme. Nem ele, nem Rick Baker (o mestre dos efeitos especiais do clássico), o que me fez colocar aspas na palavra “continuação” no primeiro parágrafo e considerá-lo oficialmente como um filme mediano de lobisomens, nada mais.

Um Lobisomem Americano em Paris (1997) (2)

Após uma cena de perseguição pelas ruas de Paris, com o som dos gritos abafados por uma apresentação clássica, Um Lobisomem Americano em Paris apresenta um grupo de amigos mochileiros em viagem pela Europa, contando pontos para cada conquista, numa escala de intimidade. Andy McDermott (Everett), Brad (Vince Vieluf, de Tá Todo Mundo Louco) e Chris (Phil Buckman, de Todo Sonho Tem um Preço) invadem a Torre Eiffel na madrugada para aproveitar a belíssima vista. Andy resolve saltar de bungee jump, mas é interrompido pela presença da gata Serafine Pigot (Delpy), filha de David Kessler e Alex Price do original, prestes a se suicidar. Ele a salva da queda fatal, porém acaba hospitalizado depois de um choque fortíssimo nos metais da torre.

Querendo reencontrá-la a qualquer custo, os amigos buscam o bilhete suicida nas ruas parisienses, enquanto Andy a encontra no hospital roubando órgãos para se alimentar. Ao procurá-la, após o desprezo da garota, eles são convidados pelo estranho Claude (Pierre Cosso) a uma noite de diversão no “Club de la Lune“, uma espécie de Titty Twister, criado para propiciar um banquete a diversos lobisomens. No processo, salvo por Serafine, Andy é ferido na perna, na fuga pelo esgoto, deixando os amigos à mercê das criaturas. No dia seguinte, ele está aos cuidados da garota, já sofrendo o processo de transformação ao ver a mãe morta de Serafine e também o amigo Brad, além dos pesadelos estranhos que acometeram David Kessler no original.

Um Lobisomem Americano em Paris (1997) (3)

Diferente do estilo macabro da obra-prima, que trabalhava com o humor de modo sutil nas aparições fantasmagóricas, este tem mais cenas escrachadas e exageradas, deixando o terror muitas vezes em segundo plano. A química do elenco é até interessante e promove uma identificação com o público, mas as liberdades criativas do roteiro de Tim Burns, Tom Stern e do próprio Anthony Waller ampliaram a distância com o clássico. Entre as bobagens, inventaram uma possibilidade de encerrar a maldição, bastando ao amaldiçoado se alimentar do coração do lobisomem que o contaminou! Também erraram ao criar uma fórmula que permite a transformação imediata em lobisomem, uma solução que só serve para permitir que os monstros apareçam sem a necessidade da lua. Lembre-se que no original, David passa três semanas no hospital, sofrendo pesadelos e aparições, até a transformação na quarta semana!

Contudo, o que mais incomodou a crítica na época do lançamento ainda é um problema de difícil digestão: os efeitos especiais são realmente muito ruins. Mesmo com a participação do especialista Screaming Mad George, a opção de conceber criaturas completamente digitais impediu qualquer impacto e veracidade com as cenas, como se estivéssemos diante de bonecos sem vida. O longa estreou no natal americano, ocupando apenas a sétima posição, com um total de apenas $7 milhões, para um orçamento de 22. Todas as críticas negativas apontavam para a deficiência técnica, já que comparações com o original eram inevitáveis.

Um Lobisomem Americano em Paris (1997) (4)

Ainda assim, dezesseis anos depois, Um Lobisomem Americano em Paris continua sendo um bom entretenimento, pelas cenas claustrofóbicas, no clube e no esgoto, e na perseguição noturna no cemitério pelos mausoléus. Pode não chegar ao pelo da pata do licântropo do filme original, mas é bem melhor do que as lágrimas proporcionadas por uma produção catástrofe do Steven Spielberg.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 7

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

13 thoughts on “Um Lobisomem Americano em Paris (1997)

  • 25/05/2020 em 00:00
    Permalink

    O visual do lobisomem no filme faz ele parecer um cocô parrudo

    Resposta
  • 04/08/2017 em 20:24
    Permalink

    É para sentir medo ou rir com o filme?

    Resposta
  • 14/11/2016 em 15:32
    Permalink

    Um dos piores filmes da minha vida. Puta que pariu, ruim demais.

    Resposta
  • 02/09/2016 em 01:08
    Permalink

    Alguém ai sabe onde encontro um lobisomem americano em Paris e um lobisomem americano em Londres para assistir em portugues??

    Resposta
  • 12/03/2015 em 07:53
    Permalink

    Lembro de alguns filmes que assisti quando criança e que me impressionaram [Lobisomem americano em Paris, O corvo, A Volta dos mortos vivos (2?), Hellraiser (algum deles =P)]. Assim como A volta dos mortos vivos, esse tbm eu confundi com o 1º título, e quando vi Lobisomem americano em Londres em alguma loja, comprei por engano sem cogitar.
    O 1º é indiscutivelmente melhor, mas esse segundo, na minha opinião, tem um ponto positivo só dele: a nostalgia de um filme trash assistido na infância. =]

    Resposta
  • 30/11/2014 em 16:32
    Permalink

    Eu assisti muito essa bomba quando era garoto achando uma maravilha, quando eu fui conferir neste ano me arrependi amargamente, entra fácil fácil na lista de pior filmes de lobisomens de todos os tempos,Efeitos horríveis, roteiro cretino de tão ruim, totalmente intragável.Dou uma caveira só pela cena da vitamina de coração humano.

    Resposta
  • 17/11/2014 em 02:02
    Permalink

    Como continuação do clássico absoluto de John Landis ( Um Lobisomem Americano em Londres ) . O filme é muio ruim em vários aspectos , mas se considerarmos um filme independente de lobisomens é até que interessante.

    Resposta
  • 01/10/2014 em 10:26
    Permalink

    É um filme até divertido, mas os efeitos são muito, muito ruins. Comparar com o trabalho do Rick Baker no original é até covardia.

    Resposta
  • 18/09/2014 em 00:58
    Permalink

    pra mim os efeitos dos filme estraga a magia da estória, que apesar de boa nos deixa com uma sensação de vazio horas depois..

    Resposta
    • 19/06/2020 em 21:57
      Permalink

      Eu assisti esse filme, razoável,porém no filme a Serafine é mencionada como filha do David e da Alex

      Resposta
  • 17/09/2014 em 23:08
    Permalink

    Até hoje lembro da cena em que a personagem da Julie Delpy bate o coração no liquidificador! Faz muito tempo que assisti, mas na época gostei bastante.

    Resposta

Deixe um comentário para Arthur Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *