Doce Vingança (2010)

3.3
(8)

Doce Vingança (2010)

Doce Vingança
Original:I Spit on Your Grave
Ano:2010•País:EUA
Direção:Steven R. Monroe
Roteiro:Stuart Morse, Meir Zarchi
Produção:Lisa M. Hansen, Paul Hertzberg
Elenco:Sarah Butler, Jeff Branson, Andrew Howard, Daniel Franzese, Rodney Eastman, Chad Lindberg, Tracey Walter, Mollie Milligan, Saxon Sharbino, Amber Dawn Landrum

por Camila Jardim

Após 33 anos de sucessos e represálias, a doce Jennifer, estuprada, espancanda e vinganda está de volta em uma versão 2.0, utilizando de todos os recursos disponíveis em pleno século 21 e deixando de lado o realismo e a crueza do sexploration dos anos 70.

A Vingança de Jennifer (I Spit On Your Grave, 1978) ganhou muitos fãs ao longo dos anos, seja pela atmosfera realística e suja ou tão somente pelos atos de selvageria e violência, tanto no estupro quanto na vingança. Por outro lado, o filme de Meir Zarchi causou polêmicas e despertou a ira de espectadores e do famoso crítico Roger Ebert, que considerou este o “pior filme já feito”. Apesar das contradições, é inegável que A Vingança de Jennifer deixa um gosto amargo na boca e uma sensação ruim no corpo, tanto em 78 quanto em 2011. Pode-se gostar ou não gostar, mas é impossível ficar indiferente.

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Com os boatos de um possível remake as pessoas ficaram divididas, uns já acreditavam em um fracasso, outros não queriam nem saber da refilmagem e alguns como eu, acharam que talvez mantendo a mesma história e pontos centrais e melhorando algumas coisas que poderiam ser mais trabalhadas, como a morte de Stanley e Andy no final, quem sabe daria um belo filme. Não é bem isso que acontece.

O argumento é o mesmo: Jennifer Hills (Sarah Butler) é uma escritora da cidade grande que aluga uma casa na floresta para escrever seu livro. O ambiente calmo e isolado teria o intuito de garantir inspiração para a moça, mas acaba por ser uma terrível ideia. Logo que chega a pequena cidade, Jennifer para em um posto de gasolina onde conhece três de seus algozes, Stanley (Daniel Franzese), Andy (Rodney Eastman) e Johnny (Jeff Branson), este último é “humilhado” por ela, em uma cena estúpida no posto e logo desenvolve uma rixa com a menina.

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O TEXTO POSSUI DEZENAS DE PEQUENOS E GRANDES SPOILERS – NÃO LEIA SE NÃO VIU O FILME.

Mais tarde em sua cabana, convenientemente Jennifer derruba seu celular no vaso sanitário e pede para que Matthew (Chad Lindberg) venha ajudar. O moço “retardado” ajuda a garota, ganha umas gorjetas e muitos sorrisos da educada e simpática Jennifer. Acontece que ele é amigo dos três babacas que falei anteriormente e em uma pescaria decidem que ela é uma “puta” que está dando em cima deles, e que foi para a cabana procurando por sexo. Em meio a discussão, resolvem que Matthew perderá a virgindade com ela e armam o plano ali mesmo.

Como podem ver é tudo bem explicadinho, eles são caras com mau caráter, que, como foi sugerido, deviam aprontar muitas dessas o tempo todo por lá; apontar Jennifer como provocadora foi apenas uma das diversas desculpas, e está na cara que o maior motivo foi a raivinha de Johnny pela situação do posto de gasolina. Tudo isso já tira parte do “brilho” do filme original.

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A turma de Johnny começa provocando Jennifer psicologicamente, com barulhos e até deixando um pássaro morto em sua porta. Quando entram na casa (mudam o desktop da menina com cenas dela mesma em segundos!!!!!!!) logo começa uma situação extremamente desagradável. Aqui a humilhação é absurda, muita pancadaria, xingamentos e cenas constrangedoras (como sexo oral na garrafa) – um sentimento de impotência começa a surgir.

A tecnologia invade o longa, como não poderia deixar de ser. O celular logo é perdido em um mergulho na privada, o computador esta lá, talvez sem conexão (??), e Stanley segue munido de uma câmera de vídeo gravando tudo como um pervertido. Após o primeiro estupro na casa e a saída dos violentadores, Jennifer tem a brilhante ideia de andar na floresta peladona. Bela ideia que logo culmina em mais estupros, violência e humilhação.

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Apesar do claro avanço hollywoodiano de mostrar a mocinha violentada completamente nua na tela, essa primeira parte é meio forçada. Além das burrices cometidas pela protagonista e com a clara obsessão de Johnny por éguas (o tempo todo pedindo para a menina mostrar os dentes) logo enche o saco e tudo não causa espanto e nem desperta a compaixão por Jennifer e o asco pelos estupradores como no original.

Aqui temos mais uma reviravolta: ela encontra com o xerife da cidade e pede ajuda. O policial a leva para casa e pede que ela mostre as evidências, mas tudo que ele vê são garrafas de vinho e maconha, sendo esse o menor problema dela. Jennifer logo fica ciente de que o xerife é amigo dos caras e para sua sorte também quer participar da brincadeira.

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Depois de todo esse primeiro e longo ato de violência, que nem um décimo explicita como no filme de 78, vemos os rapazes seguindo Jennifer pela floresta a fim de matá-la e por fim nessa história. Acontece que num ato heroico, a garota pula de uma ponte direto no rio cheio de pedras logo abaixo, antes de levar um tiro. É uma cena absurda! Ainda tentam procurar a escritora por toda a extensão do rio, sem sucesso. Logo imaginam que ela está morta.

Como podem ver o argumento é o mesmo, mas a essência é completamente diferente. Tem detalhes demais, as pessoas falam demais, toda a tecnologia mostrada é logo descartada como ajuda. O policial que devia dar suporte para a garota também faz parte da turma do mal. A vingança ali realmente era a única saída, até porque todas as coisas dela são queimadas e os homens patrulham a floresta por dois meses seguidos!

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Na boa, né? Sobreviver dois meses em uma floresta, sem roupas, sem comida, ferida e sem dignidade é surreal. Em algum ponto do começo do filme vemos uma cabana de ferramentas, sugestão de que ela pode ter vivido ali por esse tempo, mas quem engole o fato dos caras conhecerem aquele lugar como a palma da mão e não acharem a menina?

Bom, quem sou eu para buscar tanta explicação em um filme desse, certo? A parte mais esperada passa a ser a vingança, e ela vem a galope. Sem a sedução e a beleza do original, vemos cenas brutais onde Jennifer paga a violência na mesma moeda. Queria ver meus dentes? Vai ficar sem os seus! Queria me estuprar pelo ânus? Então segura essa espingarda! E por ai vai.

Posso dizer que duas dessas vinganças foram animadoras, um pouco surreal se imaginar toda a força e trabalho de montar tais coisas, mas ainda assim, apetitosas. Outras poderiam muito bem ter sido mantidas ou um pouco melhoradas.

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FIM DOS SPOILERS, pode continuar lendo daqui.

O diretor Steven R. Monroe aproveitou todos os recursos de um orçamento de um milhão e meio de dólares para criar cenas bizarras de mortes. O elenco não tem carisma, porém são todos bonitões. Até o retardado é boa pinta, bem diferente dos nojentos do original.

O diretor Meir Zarchi disse em entrevistas que ficou muito satisfeito com o resultado do remake e com a violência empregada nas vinganças. Ele apenas diz que o que muda é a essência do argumento. Mas ai eu te pergunto. Não foi exatamente a essência que fez A Vingança de Jennifer um filme tão amado e odiado? Sem a mesma característica no argumento Doce Vingança é simplesmente um outro filme, ou melhor, um filme qualquer.

Meir Zarchi disse também que vendeu os direitos do filme porque acredita que a repercussão dará força a uma possível continuação do filme de 1978. O diretor e roteirista participou de todos os processos de criação e adaptação de Doce Vingança e saiu feliz com o resultado.

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Doce Vingança está longe de ser um filme ruim, muitos acreditam ser melhor que a versão de 1978, a maioria dos fãs do original discordam. É simplesmente um filme comum, com uma boa dose de sangue e violência, que poderia facilmente ter outro nome e ser esquecido. Como era de se imaginar foi direto para DVD.

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Autor Convidado

Um infernauta com talentos sobrenaturais convidado a ter seu texto publicado no Boca do Inferno!

9 thoughts on “Doce Vingança (2010)

  • 14/08/2016 em 22:55
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    Eu não vi A Vingança de Jennifer então achei esse ótimoooooo!!!

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  • 05/07/2016 em 05:21
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    Péssimo. 1 caveiras e meia e olhe lá.

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  • 26/02/2016 em 09:58
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    Pense em um filme lixo, é esse ai. Não percam tempo com essa bosta.

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    • 14/08/2017 em 12:37
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      Os americanos rednecks, do interior dos EUA, odeiam esses filmes. Acham preconceito contra eles. Sempre uma urbana meio idiota se perde numa floresta no interior da América onde é abusada sexualmente ou devorada viva…para eles é um subproduto típico da cultural liberal das costas oeste e leste. Vivi em Ohio algum tempo e lá as pessoas são pacifistas, racistas talvez, sou negro e latino, mas em nenhum momento são agressivas. Cada um no seu quadrado, é o que eles dizem. Se vocês esquecer a babaquice racista do filme, dá prá rir um muito !

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  • 01/02/2016 em 10:31
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    Não importa quais as diferenças.
    “A VINGANÇA DE JENNIFER” é MUITO MELHOR! Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos.
    Esse remake é horrível. Detestável. Nojento, grosseiro. Sem NENHUMA RAZÃO DE EXISTIR.

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    • 30/12/2014 em 13:15
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      Concordo. Um filme que tem um conceito tão brutal ficou mto longe do que poderia ter sido. Fico pensando se eu assisto o 2 ou não, desanimo…

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    • 24/03/2023 em 01:13
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      Tá na cara que o autor do original quis ganhar dinheiro vendendo os direitos do original mas no fim tanto o autor como atriz do filme original acabaram de dando bem com o filme de 78 . sobre essa nova versão a fotografia do filme e meio sem cor desbotada um ponto são as mortes deste sendo mais criativa e cruel que o original.

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