A Volta do Vampiro (1944)

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A Volta do Vampiro
Original:The Return of the Vampire
Ano:1944•País:EUA
Direção:Lew Landers
Roteiro:Randall Faye, Griffin Jay, Kurt Neumann
Produção:Sam White
Elenco:Bela Lugosi, Frieda Inescort, Nina Foch, Miles Mander, Roland Varno, Matt Willis,

Na verdade essa produção da Columbia iria reutilizar a princípio a personagem Drácula, mas temendo um processo da Universal eles resolveram mudar o nome do vampiro, embora utilizem o Lugosi, que aqui utiliza praticamente a mesma vestimenta que o imortalizou na Universal, há cabalísticos treze anos antes, incluindo a capa preta e a gravata borboleta branca. Fora a mudança da alcunha da personagem, parece que para afastar qualquer dúvida por plágio, os roteiristas deste A Volta do Vampiro resolveram fazer algumas modificações, umas até bizarras como vocês poderão conferir nas próximas linhas.

O Drácula em questão se chama Armand Tesla, que no passado era um renomado cientista romeno que nas suas pesquisas sobre vampirismo acabou se tornando um (quem o atacou? Quando? Onde? Por quê? Esqueçam isso tudo, pois o roteiro não explica nada a esse respeito). O filme inicia no ano de 1918, com o vampiro em plena ação, atacando as pacientes de um hospital administrado pelo Dr. Van Helsing, quero dizer, Dr. Walter Saunders (Gilbert Emery). As coisas complicam quando o sanguessuga ataca a filha de Saunders, Nicki (interpretada quando criança por Sherlee Collier), que acaba sendo mordida, mas salva por uma providencial transfusão de sangue. Walter une forças com sua auxiliar Jane Ainsley (Frieda Inescort) e saem no encalço do maléfico ser. Enquanto isso, descobrimos que Armand mora em um cemitério e tem como auxiliar um lobisomem (Matt Willis), que não só fala como é bem articulado. Não demora muito para que o Dr. Saunders e sua ajudante cravem uma estaca no coração de seu desafeto, com isso acaba tirando o encanto do lobisomem que se transforma numa pessoa normal. Detalhe: a máscara do lobisomem usada aqui seria reaproveitada em O Lobisomem (1956) de Fred F. Sears.

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Depois a narrativa dá um salto no tempo para a primeira metade da década de 40, onde descobrimos que o Dr. Saunders a esta altura já esta morto, sua filha Nicki virou uma bela adolescente (interpretada agora por Nina Foch), e o outrora lobisomem do começo agora não só mora como trabalha no hospital, enquanto a jovem auxiliar do passado, agora uma mulher madura (embora seja a mesma atriz com a mesma cara), administra o local.

O problema é que estamos em plena Segunda Guerra Mundial, e num belo dia Londres acaba sendo bombardeada pelos alemães (com direito a enxertos de cenas documentais de aviões nazistas em pleno ar). Uma das bombas cai justamente no cemitério em que jaz Armand Tesla – não é preciso dizer que a explosão destruiu com o sepulcro em que estava aprisionado o corpo do vampiro, que ainda recebe uma ajudinha involuntária de dois coveiros atrapalhados que retiram a estaca do peito dele.

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A criatura revivida acaba transformando seu antigo comparsa em lobisomem de novo que, quando está em forma humana, acaba servindo de espião de dia para o vampiro, que a está altura do campeonato já arranjou um novo mausoléu no cemitério para morar.

Ao descobrir que está para chegar um cientista estrangeiro para visitar a cidade, Tesla acaba assumindo a identidade do desafortunado (que no caminho foi previamente assassinado pelo homem-lobo), tudo isto para que o vilão concretize sua vingança: transformar Nicki, a filha de seu executor, numa criatura da noite. Claro que não será fácil, pois ele terá de enfrentar Jane, que já tinha colaborado em sua execução, e um incrédulo agente da Scotland Yard (Miles Mander). O clímax final será no cemitério, com direito a névoas e um novo bombardeio nazista.

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Tentativa frustrada da Columbia Pictures de copiar os filmes da então dominante Universal. Tendo sido realizado logo depois de Frankenstein Encontra o Lobisomem (1943) de Roy William Neill, que foi o filme que deu início aos crossovers de monstros da Universal. A Volta do Vampiro tem seus méritos históricos: foi o primeiro a unir Drácula com um lobisomem, e foi o primeiro filme a mostrar a imagem de um vampiro se decompondo. A morte do vampiro, com sua decomposição, embora seja curta e tosca, acabaria sendo exaustivamente copiada e melhorada nos filmes da Hammer.

Dirigido pelo prolífico Lew Landers, que tem em sua bagagem, entre produções para o cinema e para a TV, mais de 168 trabalhos. Ele já tinha dirigido Lugosi no clássico O Corvo (1935), talvez o seu melhor trabalho, que tinha no elenco o também mítico Boris Karloff e inspirado vagamente em Poe (não confundir com o terror cômico homônimo dirigido por Roger Corman de 1963, igualmente inspirado em Poe e também com Karloff no elenco, além do Vincent Price, Peter Lorre e Jack Nicholson). Landers parece que em alguns momentos dirige no piloto automático, a câmera geralmente estática e cenas pouco dinâmicas, o que geralmente pressupõe tédio, mas não aqui, graças aos absurdos do roteiro (que arranham o surreal) e alguns diálogos ridículos (há um discurso final moralista que soaria chato se não fosse involuntariamente cômico), o que poderia ser aborrecido acaba se tornando divertido.

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Embora sem o capricho no acabamento de sua rival (Universal), A Volta do Vampiro diverte e se deixa assistir facilmente, contribuindo para isso seus parcos 69 minutos de duração.

Típico filme B estrelado pelo grande Bela Lugosi, sem dúvida é o melhor vampiro desprovido de caninos salientes da história do cinema (o trono de vampiro dentuço fica para o Christopher Lee, que além de presas salientes tinha os olhos injetados de sangue, ou seja, um pacote mais do que completo). A Volta do Vampiro é uma pequena obra que merece uma conferida, principalmente para os apreciadores de filmes antigos.

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

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