Sozinho Contra Todos (1998)

4.8
(4)

Sozinho Contra Todos (1998) (2)

Sozinho Contra Todos
Original:Seul contre tous
Ano:1998•País:França
Direção:Gaspar Noé
Roteiro:Gaspar Noé
Produção:Lucile Hadzihalilovic, Gaspar Noé
Elenco:Philippe Nahon, Blandine Lenoir, Frankie Pain, Martine Audrain, Zaven, Jean-François Rauger, Guillaume Nicloux, Olivier Doran, Aïssa Djabri, Serge Faurie, Frédéric Pfohl, Stéphanie Sec

O Cinema de Gaspar Noé não é fácil de digerir; sua estética incômoda vai de encontro com temas polêmicos, retratados de maneira que leva o espectador a acompanhar tudo atônito. Sozinho Contra Todos é uma espécie de ensaio sobre a solidão, onde acompanhamos até aonde um homem que perdeu tudo pode chegar em seu desespero.

O início mostra uma parte da vida do protagonista, a quem conhecemos como O Açougueiro (Philippe Nahon), por várias fotos, e sua narração – ele criava sozinho a filha, e foi preso após esfaquear um operário por pensar que violara a filha, sendo que ela estava simplesmente menstruada. A filha passou a ter problemas psicológicos e não conversava com ninguém, acabando internada em um sanatório.

O Açougueiro tenta reconstruir sua vida após sair da prisão, e engravidar uma mulher, de quem dependia do dinheiro para reabrir o açougue. Porém, morando na casa da sogra, é pressionado pela mulher para conseguir um emprego. Cada vez mais descontente com a situação, o Açougueiro não se preocupa com o filho que está pra nascer, e sob olhares e acusações, toma uma atitude que o leva a fugir novamente para o subúrbio de uma Paris decadente. Com pouco dinheiro, tenta encontrar trabalho, mas é sempre rejeitado, não conseguindo nem sequer uma apoio com antigos amigos. Sem perspectiva, passa a ficar cada vez mais afetado psicologicamente, tendo impulsos homicidas e suicidas. A única ligação afetiva com alguém é com a filha, por quem nutre também uma obsessão incestuosa.

Sozinho Contra Todos (1998) (1)

Moral” é a palavra que é evocada algumas vezes por Gaspar Noé, em alguns momentos importantes do filme, elucidando até onde pode ir a de um homem que perdeu tudo, e tem que se rebaixar ao extremo para sobreviver sozinho, em uma sociedade ora mesquinha e egoísta, ora sem esperança e perspectiva. A estética adotada por Noé, onde retrata a figura do Açougueiro com um impacto visual e sonoro, incomoda e nada acrescenta, porém a fotografia saturada retrata bem o ambiente decadente e sem esperança.

Sozinho Contra Todos tem um final incômodo e desconcertante, onde preferimos que a conclusão fosse o que estava na mente do Açougueiro. Porém Noé prefere desconstruir novamente a “moral” tão elucidada durante o filme, onde a mente doentia do protagonista não hesita em subvertê-la.

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Ivo Costa

Cineasta formado pela Escola Livre de Cinema, dirigiu os curtas “Sexta-feira da Paixão”, “O Presente de Camila”, “Influência” e “Com Teu Sangue Pagará. Produziu o curta ‘Vem Brincar Comigo’. Atualmente é crítico no site Boca do Inferno e professor do Curso Cinema de Horror, da Escola Livre de Cinema. Fez parte do Júri Popular do Festival Cinefantasy em 2011, Júri Oficial do Festival  Boca do Inferno 2017, Juri Oficial da Mostra Espanha Fantástica no Cinefantasy 2020.  Realizou a curadoria da Mostra Amador do Cinefantasy 2019 e do Festival Boca do Inferno 2019.

One thought on “Sozinho Contra Todos (1998)

  • 16/06/2020 em 03:44
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    Parabéns pela crítica. Muito certeira. Acabei de assistir o filme é achei muito interessante e diferente de tudo que já ti na visto. Muitas das reflexões do protagonista sobre a vida e a existência são bem realistas e eu me identifiquei bastante com elas agora que estou na crise da meia idade. O clima do filme é deprimente do começo ao fim mas ainda assim nos faz pensar no sentido da nossa existência.

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