Terror nos Bastidores (2015)

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The Final Girls (2015)

Terror nos Bastidores
Original:The Final Girls
Ano:2015•País:EUA
Direção:Todd Strauss-Schulson
Roteiro:M.A. Fortin, Joshua John Miller
Produção:Michael London, Janice Williams
Elenco:Taissa Farmiga, Malin Akerman, Adam DeVine, Alexander Ludwig, Nina Dobrev, Alia Shawkat, Thomas Middleditch, Angela Trimbur, Chloe Bridges, Tory N. Thompson

Apesar de eu ser fruto dos anos 80, foi nos anos 90 que eu cresci e criei minha infante consciência. Desta época um dos filmes que guardo com carinho em um lugar especial na memória é O Último Grande Herói, de 1993. Dirigido por ninguém menos que o “Sr. Duro de MatarJohn McTiernan e com Arnold Schwarzenegger em grande forma, a produção é uma grande piada em formato de metalinguagem sobre os descerebrados blockbusters de ação dos anos 80. Um produto de época, divertido e despretensioso, como muitos outros lançados antes e depois.

Avançamos no tempo, mudamos de gênero – agora para o terror – e, mais especificamente, slashers oitentistas. Dezenas de homenagens já foram prestadas a este segmento, oscilando entre filmes sangrentos, assustadores ou meramente bobos. Podemos citar a trilogia Terror no Pântano (iniciada em 2006), Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon (2006), Tuck e Dale contra o Mal (2010). Dentre todos, porém, nenhum é tão imersivo e metalinguistico – comparável a O Último Grande Herói – como o recente Terror nos Bastidores (horroroso título nacional para The Final Girls), uma verdadeira carta de amor aos slashers oitentistas, como bem aponta Sam Raimi em uma citação no pôster do filme.

The Final Girls (2015)

O prólogo nos mostra a adolescente Max Cartright (Taissa Farmiga, American Horror Story) voltando de carro para casa com sua mãe, a atriz veterana Amanda (Malin Akerman, Watchmen), a qual, para sua própria frustração, continua a ser lembrada por ter interpretado uma vitima em um slasher que fez na aurora dos anos 80. Infelizmente um trágico acidente acontece e Amanda morre deixando a filha orfã.

Três anos se passam e Max continua uma jovem melancólica, e relutantemente aceita participar de uma exibição especial do “clássico” maior sucesso de sua mãe, Camp Bloodbath, pelo nerd fanático Duncan (Thomas Middleditch, Silicon Valley), cuja meia-irmã Gertie (Alia Shawkat, Arrested Development) é a melhor amiga de Max. Ao grupo se juntam Chris (Alexander Ludwig, Jogos Vorazes), por quem Max tem uma queda, e sua ex-namorada possessiva Vicki (Nina Dobrev, Vampire Diaries).

The Final Girls (2015)

O cinema está em polvorosa, e Max aos poucos se sente feliz por ver imagens da mãe. Contudo um acidente coloca o lugar em chamas no meio da projeção incitando pânico imediatamente. Max e seus amigos escapam cortando um buraco na tela, apenas para perceber no momento seguinte que entraram em uma floresta… A floresta cenográfica de um 1986 fictício, onde a cada 92 minutos uma Kombi passa pelo mesmo lugar pedindo informações sobre como chegar ao acampamento, deixando uma pista de onde estão na verdade… Dentro do filme Camp Bloodbath!

Passando-se por monitores do tal acampamento, eles tentam se encaixar entre os personificados estereótipos que estão prestes a ser abatidos pelo assassino Billy Murphy (Dan Norris), uma lenda mascarada em busca de vingança por ter sofrido bullying no acampamento décadas atrás, deixando-o desfigurado e em estado crítico.

O novo grupo é composto pela garota doce e virgem Nancy (Malin Akerman, novamente); o garanhão/babaca/esportista Kurt (Adam Devine, A Escolha Perfeita); a gostosa/promíscua/burra Tina (Angela Trimbur, H2: Halloween 2); a rebelde/deslocada Paula (Chloe Bridges); e a minoria étnica Blake (Tory N. Thompson).

Presos no universo do filme e sabendo que a ação acontecerá não importa o que façam, resolvem jogar segundo as regras do gênero e tentar sobreviver até os créditos finais, vislumbrando uma chance de voltar para o mundo real.

The Final Girls (2015)

As referências estão por toda a parte, pegando desde sutilezas do gênero e até cenas inteiras de Sexta-feira 13 e Halloween 2. O fan service se faz presente nos diálogos rasos, exageros, cada ponto de clichê explorado e na inocência dos protagonistas do “filme dentro do filme“. Sacadas inteligentes na hora de apresentar flashbacks, letreiros, trilhas sonoras quebram a quarta parede para nosso deleite e diversão absoluta.

Apenas faltou uma exploração maior da “breguice” dos anos 80 para fazer um contraste maior com a geração atual, mostrada como excessivamente conservadora comparada com o espirito livre de 30 anos atrás. Também desagradam algumas cenas que excessivamente extensas tentam forçadamente estabelecer uma correspondência entre os personagens e o público, para provocar um nível de drama que não combina com o tom cômico e venerável ao subgênero. Não que precisasse ser uma homenagem rasa, porém com tantas sacadas geniais que a trama tem a oferecer, estas idas e vindas reforçando constantemente vínculos (entre Max e Amanda na maior parte do tempo) tira a cadência e a consistência do ritmo e o impacto da violência mostrada.

São pontos importantes, mas que, em última forma, somente evitam que Terror nos Bastidores ganhe nota máxima. Ignorados estes aspectos, a desconstrução oferecida pelo filme consegue dois objetivos igualmente válidos: aliar inteligência e diversão com um conceito tão simples que chega a ser difícil de manejar e evocar a nostalgia de cada fã de horror a revisitar seus slashers favoritos.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

3 thoughts on “Terror nos Bastidores (2015)

  • 25/12/2015 em 01:32
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    Gostei , mais também acho que não merece as 5 caveiras pois peca em alguns aspectos , mais é um bom filme e uma ótima homenagem principalmente do clássico Sexta – Feira 13 .

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