Exeter (2015)

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Exeter
Original:Exeter
Ano:2015•País:EUA
Direção:Marcus Nispel
Roteiro:Kirsten McCallion, Marcus Nispel
Produção:Brandt Andersen, Michael Corso, Marcus Nispel, Trent Othick
Elenco:Stephen Lang, Kevin Chapman, Kelly Blatz, Brittany Curran, Brett Dier, Gage Golightly, Nick Nicotera, Nick Nordella

Após uma década de trabalho como diretor de clipes e documentários musicais, Marcus Nispel atraiu a atenção dos fãs de horror pelo comando correto do remake de O Massacre da Serra Elétrica. Embora os fãs do original torçam o nariz para a versão atualizada, mesmo com algumas ressalvas pela fotografia e elenco bonitinhos, o resultado foi satisfatório, sem que fosse preciso apenas copiar o filme de 1974. Logo, o diretor já abraçaria um outro projeto, o horror Frankenstein (2004), com avaliações negativas, e depois acertaria o ponteiro com Desbravadores (2007). A nova versão de Sexta-Feira 13 (2009), com um Jason “sequestrador“, também teve boas notas, apesar do tom realista não funcionar adequadamente, mas servir para que seu nome fosse relacionado a mais um remake: Conan, o Bárbaro (2011), com Jason Momoa. O novo “destruidor” não convenceu muito, seja pelos efeitos especiais digitais ou pela caracterização do protagonista, o que fez o ritmo de um longa a cada dois anos sofrer uma alteração, afetando até mesmo seu prestígio em Hollywood.

Cansado dessa vida de remakes e adaptações, Nispel partiu para um projeto “inédito“. Criou o argumento básico e pediu a ajuda de Kirsten McCallion, que havia acabado de defecar em O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua, para desenvolver o roteiro. É óbvio que havia poucas chances de algo bom sair daí e foi o que aconteceu. Exeter sofre de sua condição de remake não assumido, já que seu conteúdo é chupado de uma porrada de produções, comprovando a maldição do diretor em não conseguir escapar de ideias repetidas.

Todos os elementos são facilmente encontrados até mesmo na sinopse. Há o lugar macabro com um passado trágico e que agora está abandonado; jovens acéfalos com suas atitudes incautas; o ritual que desperta uma assombração; possessões; e até a surpresa final é passível de ser antecipada pelos espectadores mais atentos. Conhecendo a fórmula, a única possibilidade de Exeter valer uma conferida poderia partir de uma sátira do gênero, brincando com os elementos que fizeram sucesso em outras produções E até tentou fazer isso, com algumas boas tiradas entre momentos constrangedores.

Patrick (Kelly Blatz, de Do Além, 2008) trabalha com o Padre Conway (o veterano Stephen Lang, de Avatar, 2009) na limpeza e organização do outrora Asilo Exeter, que tem um passado de maus tratos contra jovens que foram seus pacientes no século passado. Sabe-se que houve denúncias, mortes diversas com o enterro em valas e um incêndio que acelerou o fechamento de suas atividades. A intenção do padre é transformar o local num espaço de recuperação de adolescentes problemáticos, como se, a princípio, ignorasse as tragédias ocorridas por lá. Contudo, os amigos de Patrick, como Brad (Brett Dier, de Grace, 2014), Amber (Gage Golightly, da série Teen Wolf), o gordinho Knowles (Nick Nicotera), Drew (Nick Nordella) e até seu irmão Rory (Michael Ormsby), estão com a ideia de realizar uma festa grandiosa no ambiente abandonado.

Drogas, paqueras com a garota nova Reign (Brittany Curran) e muitas músicas depois, os jovens decidem fazer alguns rituais como o de levantar alguém com os dedos (visto em Jovens Bruxas?). O garoto escolhido para a brincadeira, Rory, fica possuído e é obrigado a ficar preso numa cama a la Linda Blair. Qual a melhor solução? Pesquisar na internet como realizar um exorcismo caseiro! Eles fazem o ritual, tentando inclusive copiar o que foi feito no filme O Exorcista, mas a situação piora quando o espírito passa a pular para outros corpos (visto em Possuídos?), ocasionando agressões e mortes. Num dos melhores momentos satíricos, eles chamam o Padre Conway para ajudá-los a enfrentar o Mal. A chegada do eclesiástico é similar a do Padre Merrin até mesmo na maleta conduzida e posicionamento da câmera, porém a conclusão da cena é surpreendente!

Também é engraçado o momento em que os jovens não sabem onde encontrar água benta e um deles sugere que seja pego o dedo do padre e usado como se fosse fazer chá. São exatamente essas cenas divertidas que impedem que Exeter, também intitulado The Asylum e Backmask, de uma avaliação completamente negativa. Avaliando como filme de terror apenas, não funciona, nem mesmo pela ambientação escolhida, entre corredores sujos e seu passado negro. O elenco não compromete o trabalho do diretor, apesar das limitações do garoto Michael Ormsby.

Se desenvolvesse melhor o enredo, incluindo a surpresa final, e assumisse oficialmente seu tom satírico, Exeter poderia ser um bom exemplar do gênero ao estilo O Segredo da Cabana e Arraste-me para o Inferno! Ficou apenas na intenção, preenchendo ainda mais o inferno dos clichês!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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