Aniversário Sangrento (1981)

4.1
(8)

Aniversário Sangrento (1981) (5)

Aniversário Sangrento
Original:Bloody Birthday
Ano:1981•País:EUA
Direção:Ed Hunt
Roteiro:Ed Hunt e Barry Pearson
Produção:Gerald T. Olson
Elenco:Lori Lethin, Melinda Cordell, Julie Brown, Bert Kramer, K. C. Martel, Elizabeth Hoy, Billy Jayne, Andrew Freeman, Susan Strasberg, José Ferrer, Michael Dudikoff

Aniversário Sangrento é uma curiosa variação do clássico A Aldeia dos Amaldiçoados feito na era dos slashers.

Tudo começa em 9 de junho de 1970, na pequena, pacata e fictícia cidade californiana de Meadowvale, quando um médico (o veterano José Ferrer) consegue a proeza de realizar três partos simultâneos, e como estamos em um filme de horror, o fato de três crianças nascerem ao mesmo tempo enquanto acontece um eclipse na rua obviamente que não é um bom sinal.

Depois o filme pula para a noite de primeiro de junho de 1980, faltando um pouco mais de uma semana para as crianças completarem 10 anos.

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No cemitério da cidade um casal fica de amassos, e para fugir de algum eventual curioso, resolve se refugiar em uma cova aberta! Obviamente que os pombinhos acabam sendo assassinados. Esse é apenas o começo de uma série de mortes que abalará a pobre Meadowvale.

Os culpados pelas mortes são as crianças: a loirinha diabólica Debbie (Elizabeth Hoy, que três anos depois abandonaria a carreira de forma mal explicada), o nerd sádico Curtis (Billy Jane, que trabalhou em Superstition, Cujo, além de diversos trabalhos para a TV; ele e a pequena Elizabeth Hoy contracenariam também em Hospital Massacre) e para completar o trio, o diabinho e mais introspectivo dos três, Steven (Andrew Freeman, em seu único filme no cinema, depois faria apenas esporádicos trabalhos para a TV).

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As três crianças se mostram cruéis a ponto de matar o pai de uma delas, no caso o pai de Debbie, o xerife James Brody (Bert Kramer). As crianças matam o policial com tacos de beisebol. Ainda aprontam outras proezas como matar uma professora a tiros (a veterana Susan Strasberg).

Debbie, a única garota do trio, mostra-se a líder, que nas horas vagas, enquanto não mata pessoas, cobra alguns centavos dos moleques locais, para espionarem sua irmã Beverly (Julie Brown que depois seria VJ da MTV norte-americana) trocar de roupa, e garantir a cota de nudez gratuita típica dos slashers da época.

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Os heróis do filme são os irmãos Timmy Russel (o canadense K. C. Martel que trabalhou em Horror em Amityville e E.T.) e Joyce Russel (Lori Lethin de O Dia Seguinte e do slasher Return to Horror High), cujos pais estão em viagens de férias. Timmy é um garoto na mesma faixa etária do trio de assassinos, e depois de escapar de uma tentativa de assassinato convence sua irmã da má índole das aparentemente adoráveis crianças. Joyce por sua vez é uma adolescente fã de astrologia, e acreditem, é através de horóscopo e mapa astral que a moça consegue uma explicação para a psicopatia das crianças!

O embate final entre os irmãos Russel e o trio de assassinos precoces se dá na casa de Debbie, onde a porta é fechada eletronicamente e as janelas são blindadas, impossibilitando qualquer fuga fácil.

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Com um fiapo de roteiro, se limitando a mostrar as travessuras fatais do trio diabólico, Aniversário Sangrento é daquelas obras que podem decepcionar um pouco os espectadores mais experientes no cinema de horror. Só para se ter uma ideia: a coisa mais sangrenta que se encontrará aqui é a imagem no cartaz original norte-americano.

O roteiro desperdiça momentos, como o próprio aniversário de dez anos das crianças. Evento que reúne toda a cidade (que apesar da onda de crimes, não se deixou abalar a ponto de cancelar a festa) e que seria a grande oportunidade dos pimpolhos promoverem um massacre, que acaba não ocorrendo, frustrando inclusive o título do filme, e gerando um anticlímax. É óbvio que o baixo orçamento se faz sentir aqui.

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Por outro lado, em tempos tão politicamente corretos como os de hoje, a obra pode chocar o espectador mais carola ao mostrar sem rodeios crianças manuseando armas e abatendo adultos sem pestanejar. O que vamos combinar é algo que soa demasiadamente ousado hoje em dia.

Claro que dentro do subgênero de crianças assassinas há filmes mais interessantes como Colheita Maldita e a obra-prima espanhola ¿Quién Puede Matar a um Niño?, mas não deixa de se ser interessante ao transportar essa fórmula para um clima de Sexta-feira 13 e Halloween. O final ainda deixa uma brecha escancarada para uma continuação que nunca se realizou.

Há cenas interessantes, ainda que filmadas toscamente, como a perseguição de um carro a Joyce dentro de um ferro-velho. Ou as constantes tentativas dos pequenos vilões em acabar com a dupla de irmãos ao longo da projeção.

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Há boatos de que o filme, rodado em 1980, teria ficado em torno de seis anos na geladeira, antes de ser lançado, mas há quem desminta isso, de que o filme tenha sido modestamente lançado em 1981 e relançado posteriormente. Coincidentemente no mesmo ano, 1981, seria lançado outro slasher tendo aniversário como tema: Feliz Aniversário Para Mim.

O fato é que o diretor Ed Hunt (que também dirigiu outras tranqueiras como O Cérebro, em 1988; seu trabalho mais recente é Halloween Hell (2014)) nas entrevistas não se mostra muito entusiasmado em falar sobre Aniversário Sangrento. Segundo ele esse foi um projeto que lhe deram e ele topou fazer, que nada ali foi criação sua (embora seu nome conste como co-roterista). Hunt gosta mesmo é de divagar sobre sua paixão: a ufologia, inclusive fez um documentário sobre o assunto (UFO’s Are Real, que foi lançado no Brasil em VHS como Discos Voadores Existem pela finada América Vídeo).

Aniversário Macabro também marca a estreia no cinema de Gerald T. Olson como produtor. No ano seguinte ele seria produtor executivo de A espada e os Bárbaros, a estreia de Albert Pyun na direção. Depois se envolveria em filmes como Repo Man, The Hidden, Débi & Lóide, entre outros.

O elenco, incluindo a ala infantil, está no nível de canastrice que se espera num slasher. Como curiosidade, além de contar com veteranos atores em decadência (Susan Strasberg e José Ferrer), no elenco ainda temos uma pequena participação do futuro astro de filmes de ação da Cannon, Michael Dudikoff (American Ninja), como o namorado da sensual irmã de Debbie.

Embora esse aniversário não seja tão sangrento, vale pela curiosidade da proposta, que hoje se mostra ousada e cada vez mais impensável.

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

3 thoughts on “Aniversário Sangrento (1981)

  • 17/06/2018 em 20:05
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    Curti esse filme. Da um banho em muitas coisas atuais mesmo com sua tosquice!

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    • 10/04/2023 em 03:35
      Permalink

      Muito mal feito ninguém ouvi os tiros e difícil de acreditar esses filmes tão muito datados e uma época muito ruim do cinema de horror se não me engana esse filme passou no SBT no fim de noite

      Resposta

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