Diário de um Exorcista – Zero (2016)

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Diário de um Exorcista (2015)

Diário de um Exorcista - Zero
Original:Diário de um Exorcista - Zero
Ano:2016•País:Brasil
Direção:Renato Siqueira
Roteiro:Luciano Milici, Renato Siqueira
Produção:Renato Siqueira, Beto Perocini, Wagner Dalboni
Elenco:Renato Siqueira, Fabio Tomasini, Diego Andrade, Adriano Arbol, Priscilla Avelar, Celso Batista, Fábio Cadôr

por Marcos Brolia

Mesmo sendo um país extremamente religioso, o Brasil – com seus milhões de fiéis católicos espalhados do Oiapoque ao Chuí – até então não tinha seu legítimo longa sobre exorcismo em sua filmoteca, daqueles que segue o padrão popularizado por O Exorcista, de William Friedkin.

Agora, depois de longos quatro anos desde que a ideia surgiu na cabeça do diretor paulistano Renato Siqueira, e três da publicação do livro homônimo escrito por Luciano Milici, com o lançamento do aguardado Diário de Um Exorcista – Zero, espécie de prequela para uma trilogia que vem por aí, finalmente habemus nosso exemplar do subgênero, descontado aí Exorcismo Negro de José Mojica Marins.

Toda e qualquer produção nacional merece ser vista por um prisma diferente, por, na maioria das vezes, ser completamente independente, com parco investimento, falta de interesse em financiamento e aprovação das leis de incentivo, e a enorme dificuldade e bravura dos cineastas em ir na contramão do dramas novelescos, favela movies e das comédias de gosto duvidoso produzidas em nosso país e que levam multidões aos multiplex.

Diário de um Exorcista (2016) (1)

Ainda assim, marginal como só ele, o horror nacional vive seu melhor momento, passando por uma espécie de “cinema de retomada”, e Diário de Um Exorcista – Zero é mais um para engrossar esse caldo de boas surpresas, dentro de suas próprias limitações.

A princípio, ele padece do mesmo problema que absolutamente TODOS os filmes sobre o tema, incluindo os longas hollywoodianos, de se apegar aos chavões, clichês e fórmulas prosaicas, e com isso eu quero dizer tanto os efeitos da possessão em suas vítimas, passando pelos olhos negros sem pupilas, voz gutural, insinuações sexuais, blasfêmias e alta flexibilidade de corpos com suas espinhas retorcidas, até a panfletagem extremamente carola e maniqueísmo de praxe.

Mas é com louvor que vemos a ousadia em um longa nacional abordar o tema, com seu certo ar de crendice e religiosidade interiorana – terreno bastante fértil para o tema – e investir boa parte de seu orçamento em efeitos especiais que são verdadeiramente convincentes e até assustadores para os mais incautos. Logo em sua primeira cena, por exemplo, toda atmosférica e envolvente, vemos uma garota possuída andando toda torta, ao melhor estilo Regan McNeil na escadaria, que não deixa nada a dever para as produções gringas.

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A história, baseada em fatos reais e escrita a quatro mãos por Siqueira e Milici, acompanha a vida do Pe. Lucas Vidal, um dos mais conhecidos e eficazes exorcistas da América Latina, que passa a contar seus causos em entrevista para uma dupla de cineastas interessada em fazer um filme sobre o tema. Desde sua infância, em Santa Bárbara das Graças, que foi tomada por uma tragédia familiar, envolvendo as forças das trevas, e serviu como uma espécie de despertar da fé para o jovem Lucas, que resolve entrar no seminário e tornar-se um padre.

Já adulto, interpretado pelo próprio Siqueira, que também dirige e produz o filme, ele torna-se pupilo da controversa dupla de padres exorcistas, Thomas e Pedro Biaggio, e descobre que na verdade está fadado a combater, munido de crucifixo e estola, os demônios que o rodeia, em uma batalha contra essas abominações profanas que crescem em número e poder a cada dia, que usarão de todas as artimanhas possíveis, incluindo laços familiares, para tentar desestabilizar o jovem sacerdote.

Algumas cenas em específico impressionam bastante, como a sequência em que o Pe. Lucas precisa exorcizar sua própria irmã, Paula, interpretada por Cibelle Martin, num típico ritual romano, onde os efeitos especiais, sonoros e maquiagem são bastante críveis e de alto nível. O ponto fraco, além da história batida por excelência e o caminhão de clichês que a cartilha do subgênero manda, é a estética amadora, típica de algumas produções nacionais independentes de baixo orçamento, apesar de toda louvável tentativa de esmero da parte dos idealizadores, e o grosso da atuação e dramaturgia do elenco, onde ambos dão aquele gosto ruim de produção feita para a TV aberta.

Mas Diário de Um Exorcista – Zero, que já está disponível em DVD e VOD, com distribuição da Europa Filmes, vale pela experiência de ver o cinema de horror nacional adentrar no tema, que apesar de ser muito explorado lá fora, é uma novidade em terra brasilis, e como um aperitivo que aguça a curiosidade com relação a trilogia que está por vir, composta por Diário de Um Exorcista – A Gênese do Mal (em produção), Diário de Um Exorcista – Possuídos e Diário de Um Exorcista – Apocalipse, com maior orçamento, recursos e a promessa de efeitos especiais de última geração.

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Autor Convidado

Um infernauta com talentos sobrenaturais convidado a ter seu texto publicado no Boca do Inferno!

8 thoughts on “Diário de um Exorcista – Zero (2016)

  • 03/10/2017 em 23:29
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    Acho louvável a iniciativa deles em investirem em um gênero assim no Brasil mas infelizmente deixa muito a desejar com as atuações, roteiro, diálogos e enquadramento.
    Baixo orçamento não é desculpa para isso pois vemos o contrário acontecer e ser um verdadeiro fracasso.
    Exorcistas não são escolhidos como os irmãos “Winchester”, há um curso no Vaticano só para padres indicados por bispos e que fazem uma seleção bem rigorosa, justamente para evitar que uma doença psíquica seja diagnosticada como exorcismo. Não é “você agora é exorcista, pega essa cruz, reza e grita com o demônio aí”. É preciso mais cuidado na pesquisa para o roteiro, já que se propuseram a afirmar que foi baseado em uma história real” devem ser fiéis aos procedimentos também para que ninguém, mais suscetível, se ache apto a sair por aí com uma cruz e gritando com demônios para expulsá-los. O exorcismo é um tema muito sério e o filme só traz mais do mesmo. Desejo que as próximas produções sejam cada vez melhores, porém, pra mim, esse deixou muito a desejar.

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  • 10/08/2017 em 23:21
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    Péssimo…Não consegui assistir até o fim. Constrangedor!

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  • 08/11/2016 em 23:58
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    Sabendo o quanto é difícil fazer cinema no Brasil e ainda mais do gênero do horror, pra mim esse filme foi uma grata surpresa. Tem suas limitações é lógico, mas me surpreendeu positivamente.

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  • 16/08/2016 em 15:53
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    ” onde os efeitos especiais, sonoros e maquiagem são bastante críveis e de alto nível.”

    Desculpa, mas… não mesmo.

    Fora os diálogos pavorosos.
    Uma caveirinha pra esse filme e olhe lá.
    Mas enfim, toda iniciativa no gênero já é algo.

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    • 15/08/2017 em 08:17
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      Sim, não funciona mesmo!
      Desisti logo no início quando a possuída assume umas das posições da Reagan no exorcista.

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    • 14/03/2021 em 23:02
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      Horrível!!! Esse cara é uma peça fora do tabuleiro entre os diretores de filmes de terror nacionais. Em um país onde celebramos Rodrigo Aragão, Marco Dutra, Peter Baiestorff, Marcos DeBrito, Mojica, e tantos cineastas independentes, esse filme e o último que ele lançou são duas vergonhas. Péssimo é elogio. Até Desaparecidos do Schurmann merece ser lembrado perto disso.

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  • 31/05/2016 em 02:16
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    Quando será o lançamento em DVD?
    Vai sair em Blu-ray também?
    Terá alguma edição especial de colecionador?

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