Forced Entry (1973)

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Forced Entry
Original:Forced Entry
Ano:1973•País:EUA
Direção:Shaun Costello
Roteiro:Shaun Costello
Produção:Shaun Costello, Jerald Intrator, John Klugerman
Elenco:Harry Reems, Laura Cannon, Jutta David, Ruby Runhouse, Nina Fawcett, Shaun Costello

Lendário e maldito sexploitation, que poderia entrar na lista de filmes doentios, lado a lado de coisas como The Last House on the Left (o original de 1972) e Last House on Dead End Street (1977), sem fazer feio. Controverso até a medula é uma obra que utiliza do sexo explicito e violência extrema e poderá chocar o público mais sensível. Francamente desagradável para a maioria da humanidade, mas um deleite para os apreciadores do cinema extremo.

Este exemplar peculiar do cinema marginal norte-americano caiu na obscuridade por anos até ser lançado em vhs nos EUA, em 1997. Falta uma versão remasterizada, o que rola por aí são cópias de fitas vagabundas. Por outro lado, as texturas e cores desbotadas combinam bem com a imundice apresentada no filme.

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A trama minimalista, quase inexistente, é protagonizada por um veterano da guerra do Vietnã que trabalha num posto de gasolina (o lendário astro pornô Harry Reems, de obras clássicas como Devil in Miss Jones (1973) aqui creditado como Tim Long), perturbado e maníaco, é através de seu emprego que ele escolhe suas vítimas: garotas que ocasionalmente aparecem por ali, tanto como cliente ou apenas para pedir informação.

O modus operandi deste serial killer é simples: segue as garotas, abandonando o posto de serviço a qualquer hora, invade a casa das moças, estupra e as assassina brutalmente.

Embora a atuação canastra de Reems se limite a fazer cara de tarado, com suas roupas e mãos imundas de graxa, e repetindo infinitas vezes frases como “it’s real good“, pode acreditar, é perturbador. O astro revelaria depois que, de mais de cem filmes em que atuou, este foi o único que lamentou ter participado.

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Além do astro pornô Harry Reems, outro destaque no elenco vai para Laura Cannon, que aqui interpreta a segunda vítima. Ex-modelo da playboy, a atriz que trabalhou em mais de duas dezenas de filmes exploitation na década de 1970, inclusive com diretores como John W. Sarno (The Young, Erotic Fabby) e Roberta Findlay (The Altar of Lust e Rosebud) largou a carreira artística repentinamente, sumindo do mapa. Forced Entry foi seu penúltimo trabalho. O seu assassinato foi uma das cenas filmadas em um único take.

Ironicamente serão duas hippies drogadas e libertinas, pretensas vítimas do assassino, que irão desencadear um final irônico. Essa dupla foi interpretadas por Ruby Runhouse e Nina Fawcett, único registro das duas, já que não eram atrizes, mas hippies mesmo, e as cenas foram filmadas realmente no apartamento que elas dividiam. Reza a lenda que foi difícil dirigi-las, pois as moças estavam chapadas de mescalina.

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O diretor estreante Shaun Costello, aqui creditado como Helmut Richler, e que também aparece como ator fazendo uma cena de sexo com a que se tornaria a primeira vítima do vilão, também é responsável pelo roteiro, edição e produção do filme. Depois ele acabaria dirigindo uma infinidade de fitas pornôs; dirige tudo de forma amadora, praticamente artesanal, o que confere uma áurea de realismo quase documental, o que não deixa de causar um maior mal estar no espectador. Sem contar de cenas como a do close de um pescoço sendo cortado à faca, e do esperma respingando na tela.

Há ainda cenas reais, em preto-e-branco, da guerra do Vietnã, inseridos aqui para ilustrar a perturbação mental do protagonista. O curioso é que o filme teve ainda um remake dois anos depois com o mesmo título (mas também conhecido como The Last Victim), a refilmagem a cargo de Jim Sotos, seria uma versão softcore (ou seja, nada de penetrações), e traz ainda a estreia do cinema da linda e futura estrela do seriado As Panteras, Tanya Roberts, e a participação da Nancy Allen.

Filmado em apenas dois dias (porém consta que a edição levou em torno de cinco meses!), com cenas de assassinatos feitas em um único take, Forced Entry não deixa de ser sintomático ao clima pessimista de “o sonho acabou” que tomava conta dos EUA. De um lado a derrocada dos hippies, depois do massacre comandado por Charles Manson, tudo pareceu um pesadelo. Do outro lado, os conservadores ficaram atordoados com a derrota no Vietnã, uma guerra cuja vitória parecia barbada, teoricamente. Esses cenários de desesperança minou a sociedade norte-americana, refletindo em seus filmes. Instalou-se a era do pessimismo e obras cada vez mais niilistas.

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A obra ganhou notoriedade no underground, no meio punk e metal, em 2001, quando a banda italiana de grindcore Cripple Bastards utilizou um still do filme na capa de um CD. A imagem era de uma das vitimas sendo forçada a fazer um oral no vilão, enquanto este apontava uma arma na cabeça da mulher. Com esta imagem a banda ganhou uma legião de desafetos e boicotes, acusando-os de misóginos, sexistas e machistas. Curiosamente esse CD, que é na verdade uma coletânea que se chama “Almost Human”, uma homenagem a outro filme, foi o título lançado nos EUA do poliziesco Milano Odia: la Polizia non Può Sparare (1974), simplesmente um dos melhores filmes de Umberto Lenzi (Cannibal Ferox, Sete Orquídeas Manchadas de Sangue).

Forced Entry é daquelas obras que não há espaços para sutilezas ou grandes elucubrações. Curto e grosso, seco e direto. Explícito e brutal, o cinema extremo em sua concepção mais crua e gráfica possível. Doentio e maldoso. Francamente ofensivo e moralmente repulsivo. Porém, fascinante em seu niilismo puro e concepção simples. Recomendado para estômagos fortes.

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

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