Naked Massacre (1976)

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Naked Massacre (1976) (1)

Naked Massacre
Original:Die Hinrichtung
Ano:1976•País:Canadá
Direção:Denis Héroux
Roteiro:F.G. Ranger, Denis Héroux, Clenn Wood
Produção:Peter Fink, Georg M. Reuther
Elenco:Mathieu Carrière, Debra Berger, Christine Boisson, Myriam Boyer, Leonora Fani, Ely Galleani, Carole Laure, Eva Mattes, Andrée Pelletier

Richard Speck foi um notório serial killer que causou furor em julho de 1966 ao invadir um dormitório de estudantes de enfermagem em Chicago e, armado somente com uma faca, torturou, matou e/ou estuprou sistematicamente oito mulheres em somente uma noite. Capturado e condenado à pena de morte em abril de 1967, teve sua pena comutada para prisão perpétua e morreu encarcerado à véspera de fazer 50 anos em 1991, vítima de um ataque cardíaco.

Tentou-se explicar parte da natureza de Speck através da ciência (foi detectada uma rara anomalia cerebral em Speck em autópsia realizada após sua morte) e pelo histórico abuso do pai alcóolatra e seus próprios problemas com drogas e bebidas, o fato é que o ultraje sobre os assassinatos cometidos há 50 anos causou comoção no mundo todo, mas curiosamente somente dez anos depois o cinema (no meio do furor das obras de baixo orçamento) resolveu basear um filme em Speck, através de Naked Massacre de 1976.

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Em um ano que temos o lançamento do remake de Martyrs (frequentemente detratado com o adjetivo de ser niilista) e com vários exemplos de violência contra a mulher discutidos no mundo real, é interessante trazer à tona uma obra tão obscura e tão pessimista quanto Naked Massacre, que foi dirigido e co-roteirizado pelo canadense Denis Héroux, mais conhecido por estar a frente de Trama Sinistra (1977), estrelado por Peter Cushing.

O título típico do cinema de exploitation esconde a verdadeira natureza do filme. Naked Massacre é um estudo sobre a maldade, sobre as formas de crueldade que trazem o pior dos seres humanos pelo mero prazer da satisfação pessoal. Caso os versados no gênero estejam reconhecendo semelhanças, pode-se considerar Naked Massacre como um primo pobre de Henry: Retrato de um Serial Killer, lançado 10 anos depois.

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Mathieu Carrière interpreta um veterano do Vietnam que está voltando aos Estados Unidos. Mas quando seu voo tem problemas, ele é forçado a fazer uma parada na Irlanda do Norte, no auge dos atentados provocados pelos separatistas do IRA (Exército Republicano Irlandês), que pretendiam, à força, se tornar independentes do Reino Unido e reanexar-se a República da Irlanda.

Depois de passar uma noite em um albergue, o veterano percebe uma casa que hospeda várias jovens e belas enfermeiras. Rapidamente ele bate a porta pedindo por comida e uma delas, chamada Amy (Carole Laure), o cumprimenta à porta e lhe dá um pedaço de bolo, pois coincidentemente estão celebrando o aniversário de uma delas.

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O semblante de Amy o faz lembrar sua esposa infiel que o deixou enquanto ele estava na guerra, mas sem demonstrar emoções ele sai da casa com seu lanche enquanto a fúria o consome por dentro. Mais a noite ele volta para a casa em busca de “vingança“, entrando sorrateiramente ele passa a manter cada garota cativa, as amarra dizendo que não tem qualquer intenção de lhes machucar e que está lá somente porque precisa de dinheiro para voltar para os Estados Unidos.

Porém os eventos se escalam rapidamente quando a destruição psicológica do veterano se transfere na ruina física das garotas. Aos poucos o espectador percebe que talvez não exista redenção para o antagonista, ou salvação para suas vítimas.

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O filme tem sérios problemas com a forma em que os diálogos são construídos e sofre bastante com o baixo orçamento, que envelheceu demais nos seus 40 anos de existência. Porém passadas estas questões, Naked Massacre é psicologicamente desconfortável, amargo e depressivo, mas em última conta é honesto, cheio de talento e de convicção.

Só não espere litros de sangue ou nojeiras de exploitations similares. O objetivo do diretor Denis Héroux é mexer com nossa cabeça através da infalibilidade do destino das enfermeiras cuja única responsabilidade é a de estar na hora errada com a pessoa errada, bem parecido com The House on the Edge of the Park (1980).

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Abusando do niilismo para contar uma história que, não custa lembrar, é baseada na cruel realidade, Naked Massacre evoca sentimentos de desespero que conflitam com o otimismo que qualquer um de nós pode ter. Não é divertido, nem o tipo de filme que se “recomenda“, mas já que uma vez visto não pode ser mais “desvisto“, é difícil não concordar que a vida nem sempre é feita de lições de moral e de causas e consequências.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

One thought on “Naked Massacre (1976)

  • 25/03/2023 em 04:45
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    Dessa vez o texto foi b coeso e não se prolongou eu gosto de ler as críticas mas as vezes os textos ficam muito longo cheio de gordura .

    Resposta

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