Independence Day: O Ressurgimento (2016)

2.3
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Independence Day (2016) (1)

Independence Day: O Ressurgimento
Original:Independence Day 2 Ressurgence
Ano:2016•País:EUA
Direção:Roland Emmerich
Roteiro:Nicolas Wright, James A. Woods, Dean Devlin, Roland Emmerich e James Vanderbilt
Produção:Dean Devlin, Roland Emmerich
Elenco:Jeff Goldblum, Liam Hemsworth, Maika Monroe, Bill Pullman, Jessie T. Usher, Sela Ward, William Fichtner, Judd Hirsch, Patrick St. Esprit, Brent Spiner

Independence Day: O Ressurgimento carrega em seu título uma denominação apropriada para um dos mais fortes movimentos hollywoodianos da atualidade. Franquias e filmes populares dos anos setenta, oitenta e noventa estão voltando a ser o centro da atenção no universo dos blockbusters: Star Wars, Mad Max, Jurassic Park, Ghostbusters e claro, o próprio Independence Day, são alguns dos mais comentados.

Quase todos estes têm em comum a intenção de atualizar o universo de seus filmes originais para um público jovem e suas novas demandas, mas mantendo, de alguma forma, o suficiente de estrutura narrativa e elementos que possam conquistar também o público antigo. Independence Day ressurgiu com um elenco vasto, misturando personagens novos e velhos em uma sopa de etnias, crenças e até orientação sexual.

Independence Day (2016) (2)

A trama tem lugar vinte anos após os eventos heroicos de alguns americanos que conseguiram derrotar a nave mãe que comandava um ataque maciço contra o planeta. Dos escombros e destroços deixados pela curta guerra entre humanos e alienígenas, um novo mundo surgiu: houve um salto tecnológico grande o suficiente para que o homem conquistasse a lua e se armasse com tecnologia extraterrestre de ponta. Ainda mais interessante que o salto tecnológico, é o desenvolvimento humano, na forma de uma coalizão pacífica entre todos os países do mundo, unidos contra a ameaça intergaláctica. Todavia, a duradoura paz na terra se vê ameaçada quando sinais misteriosos indicam a aproximação de um novo ataque, talvez poderoso demais para ser vencido dessa vez.

O diretor Roland Emmerich tem um apreço curioso por filmes com vários núcleos de personagens, dando um aspecto quase que noveleiro aos seus longas. Jeff Goldblum, o infame hacker que invadiu a nave alien usando um vírus de windows é uma das figuras centrais, junto do estreante Liam Hemsworth, no papel de rebocador espacial galã. A lista de personagens parece não ter fim, incluindo ainda Jessie T. Usher, Bill Pullman, Maika Monroe (que os fãs de terror vão reconhecer do filme Corrente do Mal), Sela Ward, William Fichtner, Brent Spiner, Angelababy, Nicolas Wright, Charlotte Gainsbourg, Deobia Oparei e ainda mais! São mais de doze personagens falantes recorrentes nos mais diversos subplots, que se atravessam ocasionalmente por simples conveniência de roteiro. Estes personagens são arquétipos tão tradicionais do cinema blockbuster que dispensam qualquer arco dramático relevante, começando e terminando no mesmo ponto, com exceção de algumas tentativas estapafúrdias de dar um pouco de conteúdo aos mesmos.

Independence Day (2016) (3)

O número absurdo de personagens e paralelismos são facetas das proporções anormalmente épicas deste filme. Cabe até a criação de um novo adjetivo, inspirado no próprio diretor: “Emmérico”, algo entre “Homérico” e “Emérico”. A nave espacial que pousa na terra, intencionando destruir o planeta por completo é descrita como tendo milhares de quilômetros de extensão. Uma das bases de suporte da nave fica apoiada no litoral leste dos Estados Unidos, enquanto o outro lado fica sobre a Europa, quase que uma tampa para o planeta. A destruição causada pela nave é emmérica, semelhante ao que podemos ver em filmes do calibre de 2012 e O Dia Depois de Amanhã. Cidades são varridas do mapa, causando um genocídio sem igual. Se calculado, o número de vítimas seria algo próximo na casa do bilhão. Esse tipo de massacre censura livre é sempre curioso de assistir, já que o filme não mostra uma gota de sangue e praticamente ninguém morrendo em cena. Há uma espécie de artificialismo por trás desses filmes apocalípticos, que faz parecer com que o número de vítimas nunca é lá tão notável. A escala de destruição é sempre grande demais para que as figuras humanas apareçam. As frases de efeito e o alívio cômico amenizam ainda mais a situação: “Eles adoram focar em pontos turísticos, né”, diz David, enquanto a Tower Bridge de Londres é pulverizada, junto com todos os nove milhões de habitantes da cidade.

Após essa demonstração maníaca de devastação cinematográfica, talvez uma das mais colossais já vistas, a proporção do caos reduz drasticamente, limitando-se aos embates aéreos entre jatos de guerra e naves alienígenas e aos combates terrestres, com armas laser. O combate veloz e regado a raios verdes e a estética futurista são reminiscentes de filmes como Guardiões da Galáxia, Star Trek e Star Wars e fonte infindável de divertimento. É nos momentos mais surtados de ação com naves espaciais, máquinas avançadas, alienígenas e raios laser que mora a diversão em Independence Day 2. No último ato, o filme ainda revela um alienígena gigante no melhor estilo Kaiju, que remete aos monstros da versão mais recente de Godzilla. É como se esse filme fosse uma convergência de tudo que o cinema blockbuster de desastre ambiental, apocalipse e ficção científica produziu nos últimos vinte anos. Qualquer um com apreço por sci-fi pipoca terá diante de seus olhos uma overdose de cenas divertidíssimas e empolgantes, que fazem valer o preço estratosférico do IMAX 3D.

Independence Day 2 (2016)

 

Para além disso o filme não oferece muita coisa. Existem temas interessantes mencionados, mas que são deixados de lado em prol das tramas paralelas redundantes e cansativas, além da necessidade de destruição que sempre prevalece. Outra característica comum nesses blockbusters focados em audiências internacionais é a ocasional aparição de grupos étnicos representativos de diferentes regiões enquanto esperam pelo fim do mundo. Ainda é necessário apontar uma outra característica mais específica dentro desse aspecto “internacionalista”. Hollywood descobriu recentemente o valor de mercado que a China possui, em se tratando de indústria cinematográfica, e tem usado de maneira recorrente locações e personagens desse país, intencionando a conquista desse mercado. A atriz chinesa conhecida por seu nome de palco, Angelababy, aparece para exaltar a força, determinação e habilidade do povo chinês. Considerando que Emmerich tem uma forte tendência a exaltar a bandeira norte-americana e a colocar seu país no centro do mundo, ter que diluir seu patriotismo para aumentar o alcance do filme deve ter sido um sacrifício e tanto.

Voltando a questão das tramas infinitas, chega a ser cômico a maneira com que os personagens conseguem se encontrar em meio ao caos do mundo, o que revela o bizarro esquematismo do roteiro, que aparentemente foi escrito em colaboração por cinco pessoas diferentes (!!!!). Curiosamente, uma das falhas mais notáveis do filme, a localização espaço temporal, tornou-se um trunfo inesperado: as quase duas horas de projeção passam em um piscar de olhos, em decorrência do ritmo extremamente acelerado do longa, que se preocupa mais em colocar os personagens juntos do que ser coerente.

Independence Day (2016)

No fim das contas, Independence Day 2 é exatamente o que todos esperam. Uma mistura de visuais exagerados e emméricos, que são constantemente entremeados por discursos motivacionais e personagens que ora estão cabisbaixos, ora estão celebrando.

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Daniel Rodriguez

Belorizontino, professor de inglês, psicólogo de formação e fã do bizarro, do estranho, do surreal, do sanguinário e do monstruoso!

4 thoughts on “Independence Day: O Ressurgimento (2016)

  • 06/07/2016 em 15:11
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    Minha conclusão sobre o filme é bem simples…

    Ele começa bem e termina bem… porém fica sempre a sensação de que falta algo. A impressão que tive é que estava vendo o fechamento de uma trilogia e não uma sequencia simples.

    [Spoilers à seguir]

    – A morte do Miles nunca foi explicada de modo descente
    – A colonização da lua ficou “vomitada”
    – A situação do presidente Whitmore, com a relação psionica e a decadencia dele.
    – Os sonhos e pesquisas da Marceaux, e sua ligação com o Levinson.
    – Até mesmo o destino da relação entre Levinson e a Spano.
    – A relação do filho do Hiller, com a filha do presidente e o Morrison.
    – Alias, nunca foi mostrados ou explicado decentemente o motivo da briga deles.

    Enfim… faltou muita coisa para ser apresentada, o que me faz sentir que esse era um fim de trilogia, cujo o segundo filme eu não vi.

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  • 28/06/2016 em 23:54
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    Quando escrever sobre lançamentos, penso que deveria evitar spoilers, como o que foi citado no texto, sobre o ato final, já que nem todos vivem nas capitais e para estes, muitas vezes o acesso aos filmes demora um pouco mais.

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  • 24/06/2016 em 21:54
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    Se o primeiro filme é ufanista demais …imaginem esse ?? onde vai parar o cinema com esse filmes de herois e esses tipos de filmes de ficção -cientifica ufanista.

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  • 24/06/2016 em 18:54
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    Esperavam o que, tratado freudiano nas entrelinhas?

    Cumpre o que promete, baita filme-pipoca.

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