O Caçador (2008)

4.3
(3)

O Caçador (2008) (3)

O Caçador
Original:Chugyeogja
Ano:2008•País:Coréia do Sul
Direção:Na Hong-jin
Roteiro:Hong Won-chan, Shinho Lee, Na Hong-jin
Produção:Kim Su-jin
Elenco:Kim Yun-seok, Ha Jung-woo, Seo Yeong- hie, Kim Yoo-jeong, Jeong In-gi, Park Hyo-ju, Ko Bon-woong.

Podemos caracterizar o primeiro longa do diretor Na Hong-jin como um suspense com violência extrema. O filme foi indicado em categorias diversas de festivais locais, e rendeu à Hong-jin dois prêmios de melhor direção, o que gerou certa notoriedade internacional, com produções entrando para a gama de exibições no Festival de Cannes de 2011.

O filme acompanha Joong-ho (Kim Yun-seok), um ex-policial, que trocou a vida na delegacia pelas altas possibilidades de grana de sua nova profissão: cafetão. Essa premissa básica do protagonista meio-herói já nos diz muito sobre o ponto chave da produção, que seria a crítica a sistemas sociais e de trabalho na Coreia do Sul. No caso, as atenções aqui se voltam para a organização policial enquanto instituição, e sua não capacidade em solucionar os problemas de forma a evitar mais violência.

O Caçador (2008) (1)

Entretanto essa questão é trabalhada de forma mais sutil, conforme acompanhamos o desenrolar da trama. As prostitutas que trabalham para Joong-ho começam a desaparecer, e ele suspeita que alguém as esteja raptando e vendendo para outros cafetões, como se as garotas fossem um bem de consumo mesmo.

Mi-jin (Seo Yeong-hie) é enviada para trabalhar, mas já suspeitando do número de telefone que o ligou para pedir o programa, Joong-ho a envia com certo receio. E não dá outra, a garota some! Perde completamente seu contato, e a partir desse ponto se inicia uma busca pelo rapaz que contratou o serviço. Logo de cara, a identidade do cliente suspeito é revelada, Young-min (Ha Jung-woo), que descobrimos ser um assassino serial. O interesse aqui não está em criar um suspense em torno da identidade do assassino ou sua motivação, mas na possibilidade de Mi-jin estar viva e da trama que se desenvolve em volta da prisão do assassino: na Coreia para se prender alguém, além da confissão, precisam de provas e evidências – sem isso não conseguem a prisão, mesmo com Young-min confessando os crimes.

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A partir de toda essa premissa, nosso “herói” sai em busca de Mi-jin, tentando descobrir a casa na qual o assassino mora, e na qual esconde os corpos. Esse é o grande suspense da trama para as personagens: o esconderijo. Nesse percurso, descobre que a garota tem uma filha pequena, motivando ainda mais a busca pela prostituta perdida. O papel desta criança é fundamental, seria como um ponto de redenção para o protagonista. Joong-ho não é um homem bom, ou mal, ele é simplesmente uma pessoa comum, com defeitos e qualidades, tentando ganhar uma grana.

Entretanto, sua posição diante das garotas que “prestam serviços” para ele é sempre destacada, seja no início quando cai na porrada com um cliente que desrespeitou uma de suas garotas, e por sua busca atrás de Mi-jin. Um mix de culpa e carinho, revelados de forma muito velada e natural, capaz de gerar empatia. Em O Caçador, não existem heróis ou vilões, é todo mundo meio ferrado, buscando formas de viver em um mundo maluco, onde a justiça falha muitas vezes.

O suspense, para nós, encontra-se em dois motes: Mi-jin escapará viva? Young-min será preso? E estas duas questões nos prende até o final da produção, desencadeando um final sem pompas, mas bastante real, como todo o decorrer da trama e personagens.

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Disse no início, que o filme seria um mix de suspense e violência extrema, e ele faz isso de forma majestosa. A violência não existe ali de forma gratuita, ela é justificada. Você fica com raiva dos personagens, como os “mocinhos” conseguem fazer certas burrices, e da frieza do vilão e sua perspectiva de impunidade. Na realidade, tudo é colocado como forma de crítica a instituição policial sul-coreana, e como podem deixar um crime tão evidente passar impune diante de seus olhos. Os vilões existem, não importa o que façamos, e cabe as autoridades puni-los. Quando a punição não vem, os crimes continuam. Desse modo, até mesmo o serial killer é visto aqui como um meio-vilão, que se entregou para a punição que não chegou. O que fazer então? Continuar matando.

Em suma, O Caçador é um excelente suspense sul-coreano, encontrando relações com diversas outras produções, como os filmes de Park Chan-wook, Memórias de um assassino (2003), Bedevilled (2010), entre outras que nos fazem refletir sobre as instituições de poder e nosso papel na sociedade.

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Luana Caroline Damião

Graduada em museologia, fã de faroestes e Christopher Lee, deseja que o mundo acabe com um apocalipse zumbi, onde, certamente, será um dos mortos-vivos.

6 thoughts on “O Caçador (2008)

  • 30/11/2022 em 20:50
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    Violento e tenso do início ao fim. Grande filme.

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  • 02/11/2016 em 00:05
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    “Joong-ho (Kim Yun-seok), um ex-policial, que trocou a vida na delegacia pelas altas possibilidades de grana de sua nova profissão: cafetão”…
    …”Joong-ho não é um homem bom, ou mal, ele é simplesmente uma pessoa comum, com defeitos e qualidades, tentando ganhar uma grana”.

    Realmente ser cafetão é uma atribuição prosaica e rotineira, além de representar nobreza da alma. Qual o problema em dizer que o cara é um bosta ? ele é um bosta e exerce uma atividade ausente de quaisquer valores positivos. agora, se a narrativa nos ajuda a criar empatia por ele isso é uma outra história
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  • 06/07/2016 em 00:33
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    Que filme sensacional , fazia tempo que não ficava tão tenso/triste assistindo um filme !!!!

    Esses filmes Sul-coreanos são excelentes , conheci esse filme e tb o memórias de um assassino pelo site. Vlw mesmo !!!!

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  • 29/06/2016 em 03:40
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    Filmaço. Esse e I Saw The Devil eu gosto muito. O cara fica vidrado até o fim.
    :))))

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  • 24/06/2016 em 06:44
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    Esse filme é sensacional como a maioria dos filmes Sul-Coreanos.

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