Tubarões da Areia (2012)

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Tubarões da Areia (2012) (2)

Tubarões da Areia
Original:Sand Sharks
Ano:2012•País:EUA
Direção:Mark Atkins
Roteiro:Joe Benkis, Cameron Larson
Produção:Dana Dubovsky, Anthony Fankhauser, Cameron Larson, Mark L. Lester, Stan Spry, Scott Wheeler, Eric Scott Woods
Elenco:Corin Nemec, Brooke Hogan, Vanessa Evigan, Eric Scott Woods, Gina Holden, Edgar Allan Poe IV, Robert Pike Daniel, Delpaneaux Wills

Saiam da água!“, dizia Roy Scheider em Tubarão, 1975, para que os banhistas buscassem abrigo nas areias da praia para evitar o ataque de uma besta assassina em evidência nas águas que circundam a ilha Amity. Tirar o pé da água já dava uma sensação de segurança contra qualquer inimigo submerso, limitando o ataque a barqueiros, surfistas, casais de namorados ousados e até àqueles que tentassem enfrentá-lo. O porto seguro teve um fim absoluto no improvável Tubarões da Areia (Sand Sharks), de Mark Atkins (Jack, o Matador de Gigantes, 2013), um dos precursores das bagaceiras que afundariam ainda mais a imagem do Rei dos Mares.

Na época do lançamento do clássico de Steven Spielberg, despontaram no oceano das picaretagens cópias que traziam aventuras marítimas e tubarões assassinos. Ainda que mal realizadas, com colagem de documentários sobre as criaturas, nada poderia ser pior do que aconteceria após a estreia do divertido Do Fundo do Mar (1999), de Renny Harlin, com tubarões inteligentes. Daí para criar monstros gigantescos, metálicos, em combate com outras criaturas bizarras e em ambientes estranhos foi apenas uma remada. Depois o conceito assumiria o pastelão de vez com o início da franquia Sharknado, mas até lá ainda precisaria passear pelas areias de uma ilha paradisíaca para se alimentar dos jovens festeiros.

O longa começa em uma competição de motocross, quando dois rapazes são devorados por uma criatura que se esconde por debaixo do solo arenoso. Diferente do que poderia (e deveria) acontecer, logo no prólogo o monstro já é apresentado em todas as suas péssimas concepções, já permitindo que o público já imagine a qual universo está se envolvendo. Antigamente, era comum os filmes de monstros esconderem as criaturas devido às limitações orçamentárias, exibindo-as apenas nas sequências finais. Mesmo com os defeitos técnicos, pelo menos essa cautela mostrava um respeito dos envolvidos com suas próprias falhas, e ainda segurava o espectador pela curiosidade. Filmes como Tubarões da Areia não têm medo de esconder seu caráter bagaceiro!

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Jimmy Green (Corin Nemic, que fez sucesso na década de 90 com a série Parker Lewis, 1990-1993, e posteriormente faria a minissérie A Dança da Morte, de Stephen King) é o filho do prefeito (Edgar Allan Poe IV) de White Sands, que está morrendo pela falta de público. Um ataque de tubarão no passado, com a morte de 13 pessoas, tem afastado turistas, moradores e o comércio, levando o rapaz a tentar convencer seu pai a fazer uma festa universitária no local. Com seus trejeitos bobos, acompanhados da trilha cômica, Jimmy conquista a confiança do pai e contrata uma equipe para organizar a festividade, composta por Willie (Delpaneaux Wills), Erin (Hilary Cruz) e Amanda Gore (Gina Holden, de Premonição 3). Mas, a morte dos dois rapazes e alguns desaparecimentos intrigam o Xerife John Stone (Eric Scott Woods) e sua irmã Brenda Stone (Vanessa Evigan), que planejam fechar a praia e atrapalhar os planos de Jimmy, principalmente quando a bióloga Sandy Powers (Brooke Hogan, de Ataque do Tubarão Mutante, 2012) identifica características de que o predador é um bebê pré-histórico, com a capacidade absurda de caminhar sobre a areia.

Depois que um rapaz é devorado sob a testemunha da polícia, de Sandy e de Jimmy, os cidadãos organizam uma reunião para decidir os próximos passos. O caçador Angus McSorely (Robert Pike Daniel) se oferece para caçar a criatura, exigindo uma grana alta para o feito, como Quint (Robert Shaw) fez no clássico, faltando apenas arranhar a lousa com as unhas. As “homenagens” ao filme do Spilberg permeiam a produção como o prefeito que quer esconder as tragédias para que a festa do turismo aconteça, e até a carcaça que um pescador apresenta como sendo o animal assassino. É óbvio que o evento popular acontecerá e vários tubarões surgirão para fazer vítimas, mas sem que o espectador se impressione ou se sinta ameaçado pelo suspense nulo.

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Apostando no humor bobo, no papel do galanteador e panaca Jimmy, Tubarões da Areia é um exercício de resistência para o público. Conseguir superar seus pouco mais de 80 minutos, sem um atrativo que seja, é somente para os fortes. O roteiro de Cameron Larson e Joe Benkis poderia se beneficiar de sua condição insana para aproximar as situações de O Ataque dos Vermes Malditos, por exemplo. Poderia ser tão divertido quanto se houvesse um tratamento mais cuidadoso do argumento, um esforço maior dos envolvidos e um investimento mais adequado nos efeitos especiais, alternando a produção digital por bonecos. Mas, seria exigir muito, de uma baboseira que não serve nem como passatempo dos menos exigentes.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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