Bunny the Killer Thing (2015)

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Bunny the Killer Thing (2015) (1)

Bunny the Killer Thing
Original:Bunny the Killer Thing
Ano:2015•País:Finlândia
Direção:Joonas Makkonen
Roteiro:Joonas Makkonen, Miika J. Norvanto
Produção:Miika J. Norvanto
Elenco:Enni Ojutkangas, Jari Manninen, Orwi Manny Ameh, Veera W. Vilo, Roope Olenius, Hiski Hämäläinen, Vincent Tsang, Marcus Massey, Gareth Lawrence

Se quando você pensa em curtas que se transformaram em longas, sua lista não passa dos recentes Mamà e Lights Out – que inspiraram Mama e Quando as Luzes de Apagam -, é melhor ampliar seus horizontes para o submundo do gênero. Filmes como A Morte do Demônio, Contos do Dia das Bruxas e até Jogos Mortais vieram à luz a partir de um projeto menor de seus realizadores. Às vezes como um trabalho acadêmico ou pessoal ou com o objetivo de atrair investidores, essas produções já evidenciam o talento de diretores que depois adquiririam reconhecimento e seriam bastante requisitados em outros projetos. Um exemplo que não deve passar de festivais independentes e downloads obscuros é Bunny the Killer Thing, de Joonas Makkonen.

Entre os diversos curtas que comandou entre 2009 e 2014, Bunny the Killer Thing está entre os mais bizarros e estranhos de sua filmografia. Com um orçamento estimado em 1000 euros, a ideia do curta finlandês é a mais simples e absurda que você dificilmente verá novamente: quatro jovens atropelam uma criatura numa estrada deserta e são perseguidos por ela em cenas de sangue e violência. Esse é o conceito simples. O problema é que o monstro é um misto de homem e coelho com um pênis gigantesco (!!!), e está à caça de qualquer coisa que lembre uma genitália feminina!
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Com piadas apelativas e situações grotescas, típicas do cinema exploitation, Bunny the Killer Thing conquistou os mais distintos públicos, com premiações em diversos festivais, incluindo o CineFantasy em 2011, com Júri Popular e Melhor Criatura. Enquanto continuava sua trajetória de curtas, Joonas Makkonen já anunciava seu projeto mais ousado: transformar o curta em um longa-metragem, ampliando a tons absurdos o que foi visto no original. A proposta vingou, ainda que depois de um certo tempo de projeção o conteúdo não se sustente em suas insanidades, repetindo as correrias de seus personagens repletos de complexos.

Com um bela fotografia alva, proporcionada pela neve grossa, o longa começa com a chegada de um casal a uma cabana isolada, o ambiente perfeito para as pretensões de um escritor que busca tranquilidade e silêncio. Em poucos minutos, assim que adentram o local ermo, eles são atacados por homens mascarados: depois de ser atingida por um arma de choque, a garota entra em convulsão e seus gemidos são silenciados com a explosão de sua cabeça; o rapaz é sequestrado. Em um laboratório secreto, cientistas loucos acreditam que ele seja o “espécime perfeito” para a experiência que planejam, injetando em seu pescoço uma estranha solução, enquanto um passeio da câmera pelo ambiente permite notar um inocente coelho numa jaula.
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Adquirindo inicialmente uma força descomunal, ele se solta de suas correntes e mata todos os presentes, correndo para a floresta acometido por dores profundas. Os créditos iniciais, feitos criativamente com animação, mostram a transformação do homem em um coelho gigantesco, com o órgão genital também em destaque. A partir daí, novos personagens entram em cena, com os estereótipos comuns do gênero: Jari (Roope Olenius) e Emma (Katja Jaskari) alugaram uma cabana na mata e estão trazendo os amigos Nina (Veera W. Vilo) – colega de quarto de Emma -, e Sara (Enni Ojutkangas), além de Mise (Jari Manninen) e Tuomas (Hiski Hamalainen). Pelo caminho, dão carona para três rapazes com problemas no veículo e que escondem um segredo – Lucas (Marcus Massey), Tim (Orwi Imanuel Ameh), e Vincent (Vincent Tsang).

Uma vez assentados na cabana, entre interesses sexuais e amores proibidos, o grupo terá um encontro sangrento com o monstro, com sua fala de costume – “Fresh pussy“, entre desmembramentos e ataques vorazes. Enquanto apresenta uma leve profundidade aos personagens, em seus conflitos e desejos obscuros, Bunny the Killer Thing diverte o público com absurdos e momentos hilários. Um em especial, envolvendo um atropelamento surpreendente, é bem engraçado, principalmente pela reação dos policiais e o modo como se conclui. Também tem sua dose de diálogos oportunos: “Tem uma coisa lá fora que quer vaginas!“, e a fala seguinte: “Então, há duas de você?“. E o que dizer da pérola: “Dirty pussy“?

Bunny the Killer Thing (2015)

O enredo, escrito pelo diretor em parceria de Miika J. Norvanto, tenta estabelecer uma dinâmica entre os personagens, mas, a partir do início do terceiro ato, começa a apresentar sinais de cansaço. As cenas violentas mantêm o interesse do espectador em bons efeitos sangrentos, embora a correria dos sobreviventes passe a ficar repetitiva. No final, uma revelação surpresa envolvendo o mistério dos visitantes não cria o impacto necessário pelo desconhecimento total do público a respeito de uma certa celebridade.

Bunny the Killer Thing teve sua exibição no dia 9 de setembro de 2016 no 7º CineFantasy, e abocanhou os prêmios de Melhor Maquiagem, Melhor Criatura e Melhores Efeitos Especiais. Poderia ter ido mais longe, se elevasse seus conceitos sem repetir ideias. Talvez, assim, o coelho tivesse reais motivos para gritar “fresh pussy“.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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