A Casa dos Horrores Mortais (1974)

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A Casa dos Horrores Mortais
Original:The Strange and Deadly Occurrence
Ano:1974•País:EUA
Direção:John Llewellyn Moxey
Roteiro:Sandor Stern, Lane Slate
Produção:Sandor Stern
Elenco:Robert Stack, Vera Miles, L.Q. Jones, Herb Edelman, Phil Chambers, Bill McKinney

Na boa e pré-histórica época das fitas de VHS, filmes como A Casa dos Horrores Mortais não apareciam entre as primeiras opções a serem alugadas. Apesar do título atraente, a capinha da VideoBan não trazia nada que pudesse convidar o público a uma conferida. Sem monstros, esqueletos assustadores ou fantasmas – ora eu era um moleque nos anos 80 -, a sinopse já indicava que poderia ser apenas mais uma produção de suspense, carregada nos mistérios envolvendo uma casa sinistra. Mas, depois que você aluga todas as opções das prateleiras – e até leva novamente os mesmos filmes, a contragosto de seus pais -, chega a um momento que você resolve dar uma chance ao menos atrativo, colocando-o nos sacos de tijolos alugados para uma verificada com a família no fim de semana.

A Casa dos Horrores Mortais cumpre as expectativas que me faziam evitar levá-lo para casa, mas ainda assim foi capaz de perturbar o sono do agora editor do Boca do Inferno. Revendo nos dias atuais, um vórtex de lembranças surge diante dos olhos, embora o tempo e o avanço da idade do espectador acabe revelando suas falhas. O enredo, apesar de batido atualmente, era até uma novidade em 1974 quando o filme foi lançado. Se levar em consideração tudo o que veio depois desse filme, a impressão é que A Casa dos Horrores Mortais é um rascunho do estilo que seria desenvolvido com maestria na década seguinte.

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A família Rhodes acaba de se mudar para uma nova residência, no interior. Um casarão rural com direito a cavalos, piscina, sauna e diversos cômodos. Depois de seis meses de tranquilidade, sem graves ocorrências para o pai Michael (Robert Stack, que foi Eliot Ness na clássica série Os Intocáveis), a esposa Christine (Vera Miles, a Lila, de Psicose, 1960) e a filha adolescente Melissa (Margaret Willock, da série Fay), alguns estranhos blecautes começam a incomodá-los. São seguidos pelo agito dos cavalos, pela aparição de roedores pelos cômodos, barulhos externos e pesadelos vívidos. Em uma noite, ela acorda gritando com a sensação de que alguém a tocou; e outra, ela é “atacada” pelo manequim que usa para medir vestidos.

A garota relembra dois casos que fazem parte das histórias da casa: o local pertenceu a uma missão espanhola que teria tido um fim trágico, com a morte em um incêndio proposital de todos os ocupantes; e um antigo morador da residência, um reverendo, foi encontrado morto na piscina, com suspeita de suicídio. Apesar das possibilidades de o ambiente ser assombrado, um novo personagem surge para confundir a família. Dr. David Gillgreen (Ted Gehring, de O Último dos Valentões, 1975) aparece de vez em quando para oferecer uma boa grana para comprar a casa, mesmo sem verificar as condições do local. Será que a morada dos Rhodes é assombrada ou o doutor anda aprontando nas madrugadas para que a família decida vendê-la? Mesmo com a tranquilidade do xerife Berlinger (L.Q. Jones, de Meu Ódio será sua Herança, 1969) nas investigações rasas, a família está disposta a enfrentar os problemas sem arredar o pé, independente do cachorro aparecer morto e até do próprio Gillgreen!

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Curto (78 minutos) e lento em sua narrativa de mistério, A Casa dos Horrores Mortais com certeza iria decepcionar o público atual, acostumado com o ritmo da câmera acelerada, dos efeitos digitais e dos romances vazios. Não tem personagens carismáticos, violência ou sangue em profusão. E a câmera de John Llewellyn Moxey (de outros filmes para a TV como Pânico e Morte na Cidade e Férias Mortais, ambos de 72) trabalha os closes e a expressão de espanto do elenco, em um recurso comum do período, revelando o orçamento reduzido na fotografia escura e discreta de Jack Woolf (Abelhas Assassinas, 1974).

Se existe um bom motivo para uma conferida, o enredo de A Casa dos Horrores Mortais foi escrito por Lane Slate (de O Carro – A Máquina do Diabo, 1977) e principalmente Sandor Stern. Este depois seria o responsável por Terror em Amityville (na época, lançado como A Cidade do Horror), de 1979, e comandou e roteirizou a parte 4, A Fuga do Mal, mostrando que ele tem uma certa experiência em apresentar casas malditas. Não é um filmaço, nem teve a intenção de se tornar um clássico do horror, mas é uma boa produção curiosa e que soube aterrorizar muitos pequenos espectadores nas décadas passadas.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

7 thoughts on “A Casa dos Horrores Mortais (1974)

  • 02/07/2018 em 00:15
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    Eu tenho uma pergunta. Eu gostaria de saber o nome de um filme que eu assisti há muito tempo onde um grupo de jovens estava numa casa e uma das amigas começa a assassinar o grupo, acho que é uma vez, ela mata um a um e depois ela coloca eles numa mesa oval, me parece que ela faz um tipo de aniversário com eles. Não me lembro o nome de era CASA DO HORROR ou algo assim. Pode descobrir?

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  • 16/03/2018 em 11:02
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    Foi exibido na Globo em 1992 no Supercine e depois em 1995 no Campeões de bilheteria

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  • 28/11/2016 em 13:02
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    Gostaria de encontrar um filme que assisti na televisão (não lembro o canal, penso que foi no SBT) no início da década de 90, eu não sei todos os detalhes, mas a trama envolvia um grupo de pessoas (uma gestante entre eles) que ia investigar uma mansão numa ilha bem sinistra, e a cena que ficou na minha cabeça (e que não me deixou dormir o resto do ano após o filme) foi o ataque contra a mulher grávida que teve seu feto arrancando e devorado por uma bruxa.

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    • 07/12/2016 em 22:49
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      amigo, pela sua descriçaõ creio que o filme possa ser um destes: Bruxa – Encontros Diabólicos (com a linda blair, ela é um gravida no filme, e eles estao em uma mansao com uma bruxa) ou o classico italiano Antropophagus (com a tissa farrow, irma da mia farrow, mas nesse n ha uma bruxa, e sim um canibal que come o feto da barriga da mulher).

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    • 17/01/2024 em 15:22
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      Esse filme se chama “Antropophagus”, do diretor italiano Joe D’amato…

      Resposta

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