Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza (1971)

2.8
(4)

 

Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza
Original:4 mosche di velluto grigio / Four Flies on Grey Velvet
Ano:1971•País:Itália, França
Direção:Dario Argento
Roteiro:Dario Argento, Luigi Cozzi, Mario Foglietti
Produção:Salvatore Argento
Elenco:Michael Brandon, Mimsy Farmer, Jean-Pierre Marielle, Bud Spencer, Aldo Bufi Landi, Calisto Calisti, Marisa Fabbri, Oreste Lionello

Entre os roteiros que foram sugeridos para Dario Argento filmar, assim que encerrou as filmagens de O Pássaro das Plumas de Cristal (1970), ele se interessou concomitantemente pela proposta de realização de O Gato de Nove Caudas e Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza, este desenvolvido a partir de um conceito de Mario Foglietti e Luigi Cozzi, em sua estreia na função. Parecia animadora a ideia de produzir uma trilogia giallo com animais no título, e Argento tratou logo de desenvolver o longa para um lançamento ainda em 1971, dez meses após o seu segundo filme.

Com um tom mais leve e bem humorado, Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza foi bem recebido tanto pelo público quanto pelo próprio cineasta, satisfeito pelo trabalho realizado. Já a crítica foi bem dividida, havendo quem considerasse esse trabalho de Argento como “sem sentido” e “desinteressante“, como os que apontavam o filme como “soberbo“, “o melhor calafrio do diretor” e “arrepiante“. De toda forma, o terceiro filme de Argento amplia alguma das suas marcas, como a câmera subjetiva e exploração das cores, e traz o melhor enredo da “trilogia dos animais“, com boas sequências de assassinato e violência, além de um final marcante.

Após mais uma apresentação bem realizada, tendo apenas o incômodo de uma mosca perdida, o baterista Roberto Tobias (Michael Brandon) resolve seguir um homem misterioso e bem vestido, consciente de que o estranho o está perseguindo há algum tempo. Ao entrar em um teatro, aparentemente abandonado, o homem puxa uma faca e parte para uma luta corporal, sendo atingido pela arma antes de cair na abertura do palco. Assustado, Roberto percebe que toda a ação foi acompanhada e fotografada por uma figura mascarada.

A notícia logo chega aos jornais e, à medida em que o músico tenta abafá-la, parece que ela e o próprio mascarado não estão dispostos a deixá-lo em paz. Enquanto busca o apoio de sua esposa Nina (Mimsy Farmer), Roberto continua recebendo ameaças que envolve um documento da vítima – Carlo Marosi -, que chega pelo correio, e fotos do momento da queda, surgindo em momentos íntimos com os amigos. Se a chantagem emocional já não fosse suficiente, ele passa também a ter pesadelos recorrentes em que ele está no Oriente Médio, onde um homem está prestes a ser decapitado em praça pública. Depois de ser sufocado pelo mascarado, que diz que irá poupá-lo no momento, as mortes começam a acontecer, vitimando como sempre as pessoas que se aproximam da verdade.

A empregada Amelia (Maria Fabbri), por exemplo, tenta chantagear o mascarado, para conseguir algum lucro com a situação, mas encontra seu destino, degolada numa praça. E o horror ainda irá alcançar outros incautos como a prima Dalia (Francine Racette), com quem Roberto acaba se envolvendo, que até tenta alertar o músico da identidade do vilão, mas não terá o tempo que precisaria para o telefonema. E é a partir de um método científico de fotografia da última visão de Dalia que surge a principal pista sobre o assassino a partir da imagem de quatro moscas sobre um veludo cinza. Esse método também seria explorado em outras produções, mostrando mais uma vez o interesse de Argento de levar ciência aos seus trabalhos.

Em meio à tensão e ameaças, Argento desfila mais uma vez personagens peculiares e que dão um tom de humor à trilogia. Neste, há O Professor (Oreste Lionello), o Carteiro (Gildo Di Marco), o amigo “DeusDiomede (o impagável Bud Spencer) e até o vendedor de caixões (Dante Cleri). Mesmo com as situações cômicas, eles não estragam o mistério, como já havia acontecido com Gigi, O Perdedor (Vittorio Congia) em O Gato de Nove Caudas, e Garullo (Gildo Di Marco), em O Pássaro das Plumas de Cristal.

Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza encerra de maneira inteligente a trilogia do cineasta italiano, que depois continuaria com seus gialli, alternando com produções de elementos fantásticos. Foi o período áureo do cinema italiano, que se manteria forte até a segunda metade dos anos 80.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza (1971)

  • 21/07/2022 em 19:21
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    Esse pode ser o meu preferido da trilogia dos animais.
    Dos três filmes, esse também é o que tem o melhor protagonista na minha opinião. O fato dele ser um músico(e com aquele jeitão casca grossa dele rsrs) faz com que o público seja mais próximo do personagem, pois no primeiro filme era um escritor, enquanto que no segundo, eram dois jornalistas. No mundo real, a maioria das pessoas não conhecem escritores ou jornalistas, mas músicos, sim. Todo mundo já teve um amigo ou um parente músico.

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