O Vale Proibido (1969)

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O Vale Proibido
Original:The Valley of Gwangi
Ano:1969•País:EUA
Direção:James O´Connolly
Roteiro:William E. Bast, Julian More
Produção:
Elenco:James Franciscus, Richard Carlson, Gila Golan, Laurence Naismith, Freda Jackson

Numa época sem CGI, os efeitos dos monstros eram obtidos pela trabalhosa técnica “stop motion”, que teve no especialista Ray Harryhausen (1920-2013) o grande e eterno mestre. O Vale Proibido (The Valley of Gwangi, 1969), dirigido por James O´Connolly, é um daqueles típicos filmes da nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo, uma aventura misturando elementos de western, fantasia, horror e ficção científica. A história é ambientada na virada do século 19 para 20, num vale proibido no México, onde dinossauros esquecidos pelo tempo viviam tranquilamente, até que os homens descobrissem essa região perdida e decidissem capturar um tiranossauro para exibição num circo.

Gwangi” (do título original) é uma palavra nativa americana que significa “lagarto”, e tem referência ao vale onde ainda vivem animais pré-históricos, e que não deveriam ser importunados para não despertar uma maldição, conforme as palavras ameaçadoras de uma velha cigana cega, Tia Zorina (Freda Jackson). O vale, cercado por montanhas em círculo, picos gigantes e abismos profundos, ainda esconde monstros de uma época remota e que estariam supostamente extintos. E, depois que um cavalo anão, apelidado de “El Diablo”, é raptado dessa região inóspita com a intenção de ser apresentado como atração bizarra de um circo, a supersticiosa cigana organiza uma ação para devolvê-lo ao local de origem.

Em paralelo, a bela T. J.  (a polonesa Gila Golan), que lidera uma equipe de artistas circenses, ao lado de Champ (Richard Carlson) e de seu par romântico, o cowboy galã Tuck Kirby (James Franciscus), reúne um grupo para tentar capturar novamente o pequeno cavalo pré-histórico, e acabam encontrando o vale. O grupo também tem a companhia de um cientista paleontólogo, o Prof. Horace Bromley (Laurence Naismith), cujo interesse é estudar os animais de 50 milhões de anos atrás. Uma vez no vale proibido, eles enfrentam os ataques mortais de um réptil voador (pteranodonte), e de um temível tiranossauro, que está faminto por suas carnes. Porém, ele é capturado como atração de circo. Sem estrutura adequada para mantê-lo preso, o monstro foge e espalha o caos, causando grande confusão na cidade e experimentando a carne humana em sua dieta.

Diversão garantida, principalmente pelos efeitos especiais de Ray Harryhausen, dando vida aos impressionantes animais do mundo perdido de um vale onde o tempo parou, com direito até a um confronto mortal entre o tiranossauro e um elefante de nossos tempos.

O Vale Proibido é uma refilmagem de The Beast of Hollow Mountain (1956) e sua história tem elementos que nos remetem a outros filmes com ideias e temáticas similares. Como O Mundo Perdido (nas versões de 1925 e 1960), baseado em livro de Arthur Conan Doyle e que mostra uma região perdida no Amazonas que abrigava animais pré-históricos. E também King Kong (1933, e que teve versões mais modernas em 1976 e 2005), utilizando a ideia de capturar o monstro para uma exibição pública, terminando inevitavelmente em tragédia.

O ator James Franciscus é lembrado por seu papel do astronauta Brent em De Volta ao Planeta dos Macacos (1970); Richard Carlson é um rosto conhecido pelos divertidos filmes bagaceiros do cinema fantástico como The Magnetic Monster (1953), Veio do Espaço (1953) e O Monstro da Lagoa Negra (1954). Já o inglês Laurence Naismith esteve em A Aldeia dos Amaldiçoados (1960) e Jasão e o Velo de Ouro (1963), outro clássico memorável de Ray Harryhausen.

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

One thought on “O Vale Proibido (1969)

  • 04/10/2020 em 14:31
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    Em outro espaço e tempo
    “O vale proibido”
    Edgar Vianna de Andrade
    Existe um roteiro básico nos filmes de ficção científica que nos acompanha desde a década de 1920, pelo menos. Ele se repete, com variações. O primeiro filme a desenvolvê-lo de forma plena foi “O mundo perdido”, de 1925, baseado em livro de mesmo título escrito por Arthur Conan Doyle, pai de Sherlock Holmes. Em linhas gerais, trata-se do seguinte: o processo de transformação da natureza (o que chamamos de evolução) elimina floras e faunas, dando lugar a outras; mas, em lugares recônditos, remanescentes de faunas extintas sobrevivem isoladas e ignoradas. Por acaso ou intencionalmente, elas são descobertas por aventureiros ou cientistas. É comum elas já serem conhecidas por povos nativos também ignorados pelos “civilizados”. Um desses animais é levado ao mundo desenvolvido e mantido com segurança máxima para ser exposto em público e render dinheiro. Mesmo sob controle absoluto, ele foge e faz um grande estrago na cidade antes de fugir ou ser morto.
    Em “O mundo perdido”, o animal é um brontossauro, que acaba fugindo pelo rio Tâmisa. Em “King-Kong”, de 1933, o roteiro se repete, assim como em suas refilmagens. Numa ilha desconhecida vive um povo que cultua um grande macaco como divindade, oferecendo-lhe sacrifícios humanos. O gorila gigantesco convive com dinossauros. É capturado por aventureiros ocidentais e levado para Nova Iorque, onde se apaixona pela mocinha. Apresentado ao público com fins lucrativos, ele acaba fugindo, sequestrando a mocinha e sendo abatido por armas de fogo. Esse é sempre o drama dos animais. Em “Monstro de um mundo perdido”, de 1949, o roteiro é uma variação de “King-Kong”. Mas há nele uma inovação fundamental: entra em cena Ray Harryhausen, o mestre do stop-motion.
    Em resumo, a fauna de outro tempo continua vivendo em nosso tempo, mas em lugar recôndito. Ela transita à força de um espaço a outro. Esse espaço pode estar muito distante, como um planeta do nosso sistema ou de outro. Ray Harryhausen também produziu o grande mostro de “A 20 Milhões de Milhas da Terra”, de 1957. Neste filme, o “monstro” pega carona na primeira nave espacial terráquea que chega a Vênus e vem aterrorizar a Terra. A lista de filmes em que o perigo vem do espaço é longa. Fiquemos apenas com “Allien”. “Parque dos dinossauros” ilustra a continuidade de faunas extintas e ressuscitadas em nosso planeta.
    O comentário de hoje refere-se a “O vale proibido”, filme de 1969 dirigido por Jim O’Connoly. Não existiam ainda efeitos especiais computadorizados. Eles eram produzidos pela técnica do stop-motion. Modelos flexíveis em miniatura eram fotografados em posições diversas. Cada fotograma fixava um movimento do modelo. Depois, colocados em movimento, os fotogramas davam vida ao boneco. Mais uma vez, entra em cena o lendário Ray Harryhausen. O roteiro não apresenta novidades. Num vale de difícil acesso, habita uma fauna extinta. Um tempo antigo existe num espaço proibido. Um Eoipos, mais antigo ancestral do cavalo, é encontrado no vale e levado para exibição pública. Harryhausen cria um animal lindo e amoroso. Um paleontólogo está à procura do local em que vivem animais já desaparecidos. Um aventureiro se une a ele e os dois buscam o local. Um atrás de fama no mundo científico. O outro interessado em ganhar dinheiro. Uma velha xamã os adverte inutilmente do perigo.
    O vale é encontrado. Há de tudo nele. Harryhausen promove briga de tiranossauro com apatossauro. Em “Mil Séculos Antes de Cristo”, de 1966, ele opera a fantástica cena de um pterossauro agarrando a opulente Rachel Welch, alçando voo e a levando para seu ninho. Em “O vale proibido”, três anos depois, ele repete a cena com a mocinha.
    Um “monstro” é capturado e levado para uma pequena cidade mexicana, onde deverá ser exposto ao público com fins comerciais. Mas o dinossauro foge e encurrala a população numa igreja, que será quase totalmente destruída pelo “monstro” iconoclasta antes de ser morto.
    No meio desse drama social, insere-se uma história de amor. Filme previsível e esquecível não fosse pela arte de Ray Harryhausen.

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