O Segredo do Céu (2007)

3.6
(5)

O Segredo do Céu
Original:Night Skies
Ano:2007•País:EUA
Direção:Roy Knyrim
Roteiro:Steve B. Harris, Eric Miller
Produção:Mike Greene
Elenco:Jason Connery, A.J. Cook, George Stults, Ashley Peldon, Joseph Sikora, Gwendoline Yeo, Michael Dorn, Jerry L. Jackson

No dia 13 de março de 1997, estranhas luzes apareceram no céu do deserto do Arizona. Centenas de pessoas testemunharam o ocorrido, registrando em fotos e vídeos o evento conhecido como “As Luzes de Phoenix”, um dos casos de OVNIS mais conhecidos da história americana. Os oficiais da polícia civil e federal, incluindo o Senador John McCain, investigaram as misteriosas luzes, mas não chegaram a nenhuma solução. Dentre as histórias intrigantes relatadas naquela noite, uma, em especial, chamou a atenção da mídia: uma pessoa foi encontrada a cerca de 160 km de distância de seu veículo em estado de choque, coberto de areia e sangue. Ficou catatônica por cerca de um ano até que sessões de hipnoses resgataram os principais acontecimentos daquela noite.

Com base nos relatos dessa pessoa e num conceito de Steve B.Harris, Eric Miller desenvolveu o roteiro de Night Skies, uma mistura light de Quadrilha de Sádicos e Fogo no Céu (1993), de Robert Lieberman.

Cinco amigos cruzam o deserto do Arizona rumo a Las Vegas em um trailer. Após avistarem estranhas luzes no céu, o motorista se distrai e acaba batendo o veículo numa camionete, em conserto no acostamento, antes de ir ao encontro de um poste. Sem comunicação, eles terão que encontrar um meio de sobreviver a uma aterrorizante experiência com extraterrestres que rodeiam e atacam o carro.

A frase na capa do DVD importado do filme já anuncia: “Seis pessoas foram aterrorizadas. Duas foram abduzidas. Apenas uma sobreviveu para contar a assustadora verdade.” Se o espectador não pesquisar nenhuma informação referente ao episódio verdadeiro, terá, ao menos, a surpresa de tentar descobrir quem irá sobreviver ao pesadelo e como os demais foram mortos. Não foi o que aconteceu com o filme nos EUA, cujo lançamento em DVD não surtiu o efeito esperado. Tornou-se apenas, como disse um crítico americano, “mais um filme de ETs”.

Entre conversas fúteis – como a do filme caseiro de um casal -, o grupo se diverte, enquanto o motorista Matt (George Stults) tenta se localizar num velho mapa. Juntamente com o rapaz, estão sua namorada Lilly (A.J.Cook, de Premonição 2) e sua irmã Molly (Ashley Peldon), o amigo Joe (Joseph Sikora) e a companheira June (Gwendoline Yeo) – será que o nome dela é uma referência a Quadrilha de Sádicos?

Durante o divertido passeio, entre a piada sem graça de Joe e os vômitos de Lilly, June observa algumas misteriosas luzes no céu. Formando um semi-círculo, as luzes mudam sua intensidade e se movimentam em conjunto pelo céu cheio de estrelas do Arizona. Ela chama a atenção dos amigos, inclusive de Matt, que até então guiava o veículo com muito carinho, já que ele havia comprado-o com a intenção de passar mais tempo com Lilly – ela andava reclamando muito das ausências do namorado e da relação que não avançava. O rapaz se distrai com a dança das luzes e coloca o carro para fora da estrada, quase atropelando um homem que arrumava sua camionete próximo dali.

Com o violento encontro com o poste, Joe, sabe Deus como, consegue se ferir gravemente com uma faca. O objeto fica cravado em seu ombro, trazendo os primeiros momentos de pânico aos jovens. O dono da camionete é Richard (Jason Connery, filho de ninguém menos que Sean Connery), que logo se apresenta como um ex-combatente da “Tempestade do Deserto” e capaz de auxiliar nos cuidados com o ferido. Graças ao novo amigo, Matt é impedido de retirar a faca das costas de Joe, evitando assim que alguma artéria danificada pudesse fazê-lo sangrar até a morte.

Os celulares apresentam a mensagem “fora de serviço”. Os rádios dos carros apenas emitem sons sem sentido algum. Aparentemente, estão distantes da civilização e de qualquer contato humano, e precisam, com urgência, levar o amigo ferido a um hospital.

Sem controle da situação, o grupo passa a perceber estranhos movimentos na mata, indicando que estão sendo observados. Richard sugere aos amigos que sigam os postes de iluminação com a possibilidade de encontrar alguma residência na região, com telefone e veículo. Matt gosta da sugestão, mas pede que Richard o acompanhe, mesmo sabendo que os postes estão indicando uma moradia no interior da mata escura. Eles deixam as garotas à mercê da sorte, enquanto caminham pela floresta, sendo protegidos apenas pelo revólver de Richard.

Logo eles começarão a ser atacados por estranhas criaturas, com olhos grandes e um corpo desproporcional. Primeiro apenas com alguns vultos passando pela janela, a estranha sensação de estarem sendo observados e barulhos incômodos no teto do trailer. Depois, o terror, propriamente dito, tomará conta definitivamente daquela passeio, quando os vidros explodirem…

O experiente diretor Roy Knyrim (Anjos Rebeldes 2 e 3) tenta dar ao filme uma visão do que pode realmente ter acontecido naquela noite. Sem exageros técnicos – até mesmo na concepção da criatura e das luzes -, ele vai apresentando os verdadeiros inimigos sem a menor pressa, para que o público, primeiramente, simpatize com seus personagens, antes de vê-los desaparecer ou morrer.

Essa lentidão é o maior problema do filme. Durante os cinquenta primeiros minutos, pouca coisa acontece. Namoricos, brigas, a revelação de uma gravidez óbvia e os cuidados com o ferimento de Joe são os únicos atrativos da produção. Até mesmo quando um personagem entra na floresta procurando alguém o resultado é frustrante e sem impacto.

Fazendo uso de sustos básicos, com a trilha sonora sendo elevada, o diretor busca o medo expondo o rosto das criaturas a todo momento seja na mata ou na janela do veículo. Até usa o velho clichê da sequência de sonhos, completamente descartável.

Outro fator que prejudica o filme é a atuação medonha de alguns atores como June, que chega a irritar a demora em revelar aos amigos as estranhas luzes do céu. Ela chega a olhar várias vezes pela janela até fazer um comentário bobo. Também não convence o sofrimento de Joe, nem muito menos o motivo da faca estar cravada em seu ombro. Não acredito que uma faca possa entrar inteiramente no corpo de uma pessoa simplesmente caindo sobre ela. Confesso que esperei alguma revelação sobre um possível assassino entre os amigos….

No final, exatamente o que não deveria acontecer acaba acontecendo. O filme não consegue convencer o público da veracidade dos fatos. Ao condenar a pessoa que sobreviveu ao vício, passa a clara ideia de que muita coisa pode ter saído da cabeça dela, mesmo depois das sessões de hipnoses relatadas.

Não há dúvidas quanto aos mistérios daquela noite. As matérias, os vídeos amadores, e até mesmo as palavras do Senador no começo do filme são bem curiosas. O que teria realmente acontecido no céu do Arizona? Bem longe dessa produção, a verdade continua lá fora…

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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