Voodoo (2017)

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Voodoo
Original:Voodoo
Ano:2017•País:EUA
Direção:Tom Costabile
Roteiro:Tom Costabile
Produção:Alec Justin Henderson
Elenco:Samantha Stewart, Ruth Reynolds, Dominic Matteucci, Daniel Kozul, Ron Jeremy, Lavelle Roby

“Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada.” (William Congreve)

Já levaram o subgênero found footage para todos os lugares e situações. Festas, acampamentos, hospitais, escolas, cavernas e até mesmo à cidade grande no encontro com assassinos virtuais e monstros gigantes. Não existe lenda que não tenha sido explorada ou exorcismo que não tenha tido a participação de algum jovem cinegrafista; já testemunharam assombrações em apartamentos e casas e já fugiram de zumbis e alienígenas. Faltava realmente o Inferno! Voodoo, de Tom Costabile, traz uma visão tosca, mas curiosa do que poderia ser a morada de Satã, entre cenas macabras que podem incomodar os mais fracos. E já mostra a que veio no prólogo.

Uma mãe brinca com a filha em um playground, sendo observada por alguém na moita. Segundos depois, a mãe é vista ensanguentada no chão, enquanto a criança é arrastada pelo estranho. Novo corte, e vemos o corpo da pequena em uma cama, e uma mulher (Constance Strickland) praticando um ritual demoníaco enquanto se alimenta e se diverte com suas entranhas. Depois dos créditos, o espectador conhece a protagonista, Dani (Samantha Stewart), que viaja de New Orleans para Los Angeles para passar um mês com a prima Stacy (Ruth Reynolds), que está em processo de formação de uma banda. É bom lembrar que a terra-natal da garota é considerado um lugar místico e que recebe pessoas de diversas religiões, muitas oriundas da África – vide A Chave Mestra (2006).

A razão principal da viagem de Dani envolve o término de um relacionamento conturbado. Sem saber, ela namorava um homem casado, e, assim que descobrira, foi ameaçada pela mulher dele, prometendo conduzi-la a um castigo eterno. Embora não acredite em vodu e nada do tipo, mesmo sabendo que a mulher era praticante, ela preferiu se afastar por ainda nutrir sentimentos pelo rapaz. A chegada a Los Angeles, vem com a perspectiva de conhecer “artistas“, algo que acontece em um bar, onde ela encontra ninguém menos que o famoso ator pornô e ícone Ron Jeremy, que lhe entrega um cartão para possíveis trabalhos na cidade.

Durante os primeiros quarenta minutos, o público vai aos poucos se sentindo atraído pela protagonista. Simpática, dona de um sorriso fácil, ela encanta pela beleza e pelo modo como lida com as novas situações. Uma vidente enxerga algo ruim nela, algo que o espectador irá ver quando a luz de seu celular permitir a visão noturna, remetendo à criatura do curta Lights Out, num momento extremamente aterrorizante. Certa madrugada, às 3 da manhã, ela é acordada por sons de tambores, e, inicialmente, acredita que seja a prima ensaiando até tarde. Aos poucos o Inferno alcança o ambiente, e depois ela é arrastada para o encontro na região dos perdidos.

Se algumas entidades causam desconforto na residência, como a figura negra de olhos brilhantes, o Inferno não esconde sua aparência barata, lembrando aqueles túneis de terror dos parques – saudades de Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967). Problemas na maquiagem, na condução do elenco, e nos estágios testemunhados por Dani, como o encontro com a mãe, soando extremamente artificial. Torturas, um recém-nascido sendo devorado – remetendo ao aborto que ela realizou – e outros episódios sangrentos vão mostrando à garota que o ideal seria conhecer melhor seus parceiros antes de iniciar uma relação.

Tom Costabile até se esforça para desenvolver a ambientação satânica, até mesmo com a aparição do diabo em atos de estupro e tortura, mas esquece que o filme começou como um found footage. Todo o ato final não se decide entre uma filmagem convencional e cenas captadas por sua câmera, o que dificulta a caracterização realista da primeira parte. Ao final, fica uma sensação de que as intenções foram boas, pelo menos ousadas, como todo a retratação do Inferno deveria ser.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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