Cemitério Geral (2013)

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Cemitério Geral
Original:Cementerio General
Ano:2013•País:Peru
Direção:Dorian Fernández-Moris
Roteiro:Dorian Fernández-Moris, Javier Velasquez
Produção:Luis Fernández
Elenco:Marisol Aguirre, Airam Galliani, Jürgen Gömez, Nikko Ponce, Leslie Shaw

Muitas críticas negativas estão espalhadas pela internet a respeito do primeiro filme de terror do Peru. É bem provável que elas tenham afastado muitos curiosos do gênero, que acabaram dando preferência para películas posteriores ou de regiões mais bem vistas pela Sétima Arte. Realmente não traz nada de inovador no estilo, mas é uma injustiça apontá-lo como um produto completamente descartável, se levar em consideração o que tem sido produzido em Hollywood e no cinema independente em geral. O longa, orçado em 400 mil, é o segundo trabalho de Dorian Fernández-Moris, que até então só fazia feito o drama El último piso, de 2010. A partir de 2013, passou a focar seus projetos no gênero fantástico e já possui 6 filmes dentro de temáticas que envolvem o sobrenatural e o found footage.

Cemitério Geral foi desenvolvido com base em lendas urbanas que rondam o maior cemitério da cidade de Iquitos. É um ambiente verdadeiramente sinistro, como já se pode verificar na sequência inicial, com o passeio de um garoto pelas tumbas até chegar a um enterro. O roteiro de Javier Velasquez mistura filmagem tradicional, com found footage, tábua ouija e vingança sobrenatural de maneira que tudo se justifica, tendo como apoio a câmera escura do diretor que já merece uma atenção diferenciada do que se comumente observa no gênero.

No enredo, o jovem Pablo (Jürgen Gómez) procura uma mãe que acabou de perder a filha para mostrar as filmagens do que considera material essencial para a compreensão dos acontecimentos. Como ele costuma registrar em vídeo tudo o que considera interessante – para isso há algumas cenas tradicionais que completam a narrativa -, ele decidiu acompanhar seus amigos no registro de uma tentativa de comunicação com os mortos. O pai de Andrea (Ariam Galliani) sofreu um acidente de carro, mas se manteve vivo durante um tempo para se despedir da filha. A garota acabou se atrasando e perdeu a oportunidade de um último encontro, afetando o interesse pela escola e pelos amigos. Sua amiga Mayra (Diva Rivera) a convence a experimentar uma comunicação com letras e uma moeda, numa tentativa caseira de produzir uma tábua ouija.

Sem sucesso, ela sugere que tentem jogar no próprio cemitério, o que permitiria o contato com mais facilidade. Com elas e Pablo, também vão a pequena Evita (Flavia Trujillo), o gordinho Julio (César Menéndez) e o metido a engraçado Gabriel (Nikko Ponce). Desta vez, utilizam uma verdadeira tábua ouija, fornecida pela tia de Mayra, e a experiência, obviamente, acaba trazendo uma entidade maléfica ao local, possuindo Evita para provocar o medo e a morte. Graças à câmera de Pablo, eles podem caminhar pelo cemitério com a luz noturna sem despertar a atenção do coveiro residente. E é nesse passeio que as assombrações se escondem, sendo que algumas só são mostradas ao público, e se você prestar bastante atenção nas imagens.

O filme não se encerra com o final da fita de Pablo. Depois da exibição e sofrimento da mãe, Pablo justifica o ato como uma necessidade de sobrevivência, uma vez que algo continua acompanhando todos os jovens, além das portas do cemitério. Essa assombração não se cansará enquanto não levar ao túmulo todos aqueles que o despertaram de seu sono, sob a aparência da vítima que iniciou tudo.

É claro que os recursos limitados e a pouca experiência estão evidentes em Cemitério Geral. Nota-se problemas também de atuação e de uso indevido de trilha incidental, mas o esforço em produzir uma película que incomode o espectador deve ser considerado para uma avaliação final. Trata-se da primeira experiência da equipe com o medo, com as lendas urbanas e assombrações…e até que o resultado pode ser satisfatório se você resolver passear com o grupo pelo macabro Cemitério Geral.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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