O Bar (2017)

2.6
(5)

O Bar
Original:El Bar
Ano:2017•País:Espanha, Argentina
Direção:Álex de la Iglesia
Roteiro:Jorge Guerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Produção:Carolina Bang, Álex de la Iglesia, Sofía Fábregas, Mercedes Gamero, Mikel Lejarza,Kiko Martínez
Elenco:Blanca Suarez, Mario Casas, Carmen Machi, Secun de La Rosa, Jaime Ordóñez, Terele Pávez, Joaquín Climent, Alejandro Awada

Se vivêssemos num mundo justo, cada filme lançado de Álex de la Iglesia seria tão ou mais festejado que um filme de Tarantino. El Bar mostra o que todos que acompanham a filmografia do diretor basco já sabiam: que ele é um realizador talentoso, cheio de humor negro e sarcasmo.

Tudo começa quando um grupo heterogêneo de pessoas se reúne no bar de Amparo (a veterana Terele Pávez, figurinha carimbada dos filmes do diretor), situado no movimentado centro de Madrid. Estão lá a bela Elena (Blanca Suarez de A Pele que Habito), que está matando tempo até chegar a hora de encontrar um rapaz com quem marcou encontro via rede social; temos também Trini (Carmen Machi), uma senhora viciadas em caça-níqueis; Israel (Jaime Ordóñez), um mendigo que gosta de citações bíblicas e que é figura habitual do bar, onde ganha sempre algo para comer; temos também Nacho (Mario Casas), o típico publicitário hipster de barba comprida e tudo mais, entre outros.

Tudo vai bem até um cliente sair do bar e ser atingido por uma bala na cabeça e tombar morto na calçada em frente ao bar. Outro que estava dentro do bar vai até o cadáver na rua e acaba abatido também. Logo a situação fica clara: todos que estão dentro do bar estão confinados ali, correndo o risco de serem abatidos como caças se puserem os pés na rua.

Neste ponto o filme lembra a cena do bar em Os Pássaros, com um grupo preso dentro do estabelecimento, mas logo vira A Noite dos Mortos-Vivos, pois não demora em baixar a paranoia e a desconfiança dentro do próprio grupo.

Para piorar o que estava ruim, os cadáveres da calçada desaparecem como mágica, enquanto as pessoas do bar discutem e se acusam mutuamente. Descobrem também que há um cadáver no banheiro, de um cliente que entrou passando mal no bar e obviamente ninguém deu bola. O cadáver está repulsivamente inchado. Qual a ligação do morto do banheiro com as pessoas que foram assassinadas na porta do bar? A medida que a trama avança as coisas vão ficando cada vez mais surreais e fora de controle. E as situações limites vão aflorando o que há de pior nos personagens, o egoísmo, a brutalidade, sem contar as frustrações do cotidiano de alguns deles que também vem a tona. O roteiro é daquelas tramas que convém não dar maiores detalhes, para não estragar as surpresas que o roteiro reserva em seu desenrolar. Curiosamente a trama lembra um filme brasileiro também deste ano: Ninguém Entra, Ninguém Sai, do diretor estreante de origem taiwanesa Hsu Chien Hsin, onde pessoas são confinadas num motel por motivos semelhantes aos daqui.

El Bar tem todos os elementos que são a marca registrada do cinema de Alex de La Iglesia: humor negro, situações surreais, personagens bizarras, violência, diálogos rápidos e inteligentes e crítica social – não faltando aqui farpas para o governo, à imprensa, às desigualdades sociais (aqui representadas na figura do mendigo), xenofobia, enfim, nada escapa da lente de la Iglesia em seu microcosmo. Depois de todos esses anos, o diretor de O Dia da Besta, Ação Mutante, Perdita Durango, entre outras maravilhas, ainda está em forma, e mostra que ainda tem muito a dizer. Ele conduz o filme inicialmente como se fosse um episódio de Além da Imaginação que vai se descontrolando. Na parte final há uma perseguição no esgoto que lembra o clássico Kanal, de Andrzej Wajda.

El Bar é sem sombra de dúvida um dos melhores e mais divertido filmes de 2017. Não deixem de fazer uma visitar a esse bar, não irão se arrepender. Um viva para Álex de la Iglesia e seu cinema iconoclasta.

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

6 thoughts on “O Bar (2017)

  • 14/04/2019 em 15:57
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    Loucura, loucura dentro de um bar.

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  • 05/10/2018 em 00:44
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    Nossa, que final foi esse?! Alguem me explica, pf?! O que raios estava de fato acontecendo??

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  • 27/10/2017 em 10:25
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    Dentro do genero (pessoas presas num bar por motivo x), é O filme mais ruim que já vi na vida, mesmo contando as curtas amadores… Nesse tipo de filme você deve criar embatia pelos personagens. Praticamente todos nesse filme com excessão do Hipster são raros demais, o motivo porque eles foram isolados e a forma como foram, é tão cheio de furos que era muito melhor o roteiro ter deixado em aberto, nem parece ser um filme do mesmo país que fez REC… Sobre violencia (kkkkkkkk), três dos protagonistas do filme, que tinham o minimo de carisma, morrem em OFF todos ao mesmo tempo… Pra finalizar o final boboca e clichezão a la final girl.

    Enfim, assistam Um drink no inferno, pois filme ruim por filme ruim de gente presa em bar, Drink pelo menos não se leva a serio e é divertido.

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  • 26/09/2017 em 18:02
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    Confesso que eu não criei expectativas do filme, mas me surpreendi novamente pela história que nos faz pensar como o ser humano age quando o medo toma conta = Instinto de sobrevivência.
    Esse envolvimento todo do enredo e das pessoas me fez lembrar 2 filmes: The Belko Experiment e Train to Busan (Invasão Zumbi). Novamente envolvendo o caráter humano.
    Reflitam sobre isso.

    Filmes de origem espanhola também surpreendem! A quadrilogia REC diz muito e também se encaixe nesse contexto de caráter.

    O filme é mais Comédia/Drama/Suspense

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  • 25/09/2017 em 08:44
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    Quando a Pessoa Assistir esse filme, vai lembrar de tanta coisa, as vezes copiam tanta coisa de outros filmes que chega parecer estranho o filme, mas quando você nota vê, ba já vi isso em algum lugar e fica falando o tempo todo mas se for pela diversão Assistir esse ta valendo!!!

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  • 24/09/2017 em 21:39
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    Assisti; é um terrir repleto do conhecido melodramatismo do cinema espanhol.

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