Predador 2: A Caçada Continua (1990)

3.2
(5)

Predador 2: A Caçada Continua
Original:Predator 2
Ano:1990•País:EUA
Direção:Stephen Hopkins
Roteiro:Jim Thomas, John Thomas
Produção:John Davis, Lawrence Gordon, Joel Silver
Elenco:Danny Glover, Gary Busey, Kevin Peter Hall, Rubén Blades, Maria Conchita Alonso, Bill Paxton, Robert Davi, Adam Baldwin, Kent McCord

O guerreiro alienígena, visto nas matas sul-americanas de 1987, voltaria à Terra um tempo depois. Isso se deve à arrecadação monstruosa de U$98 milhões de dólares e as boas críticas recebidas, que levaram o personagem para além da tela grande (HQs, jogos de fliperama…). Colocá-lo novamente na mata faria da continuação uma espécie de refilmagem, e o público provavelmente gostaria de saber o que aconteceria se o predador fosse para a cidade grande. Assim, em 1990, sob a direção de Stephen Hopkins (A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy, 1989), a partir de um argumento desenvolvido pelos irmãos Jim e John Thomas, responsáveis pelo primeiro, Predador 2: A Caçada Continua chegava aos cinemas, desta vez com outro protagonista.

Com a desistência de Arnold Schwarzenegger de reprisar o papel de Dutch, Danny Glover passou a ser a principal escolha. Era um rosto conhecido por ter feito obras importantes para o cinema, como A Cor Púrpura, Silverado e A Testemunha – todas em 1985 -, além de ter estrelado os dois primeiros Máquina Mortífera. Do mesmo modo que o ator austríaco sentia-se à vontade para segurar metralhadoras e se esconder na selva, Glover convencia bem como um tenente da polícia. Desta vez, ele não pensa em se aposentar e nem fraqueja diante dos inimigos, com ações bastante ousadas no combate ao crime que assolou uma Los Angeles do futuro, ambientada em 1997 (!!!).

Sob temperaturas altíssimas, em um clima de secura e desorientação, a América resiste com dificuldade ao combate de gangues colombianas e jamaicanas, transformando as ruas em um cenário acinzentado, sujo e violento, lembrando a Detroit de Robocop. Tiroteios explosões passam a ser a rotina dos cidadãos, acompanhando os acontecimentos através de telejornalismos sensacionalistas. A criatura está ali, atenta, observando a chegada e as ações do tenente Michael R. Harrigan (Glover), diante de uma batalha urbana. Após uma ação esperta, ele e seu parceiro Danny (Rubén Blades, de Fear the Walking Dead) percebem que boa parte dos bandidos foi eliminada por um inimigo desconhecido, que utilizara uma arma capaz de abrir os peitos de suas vítimas e ainda deixar um exemplar pendurado de ponta cabeça, despelado.

Intrigado pelo modus operandi, mas imaginando se tratar da gangue rival, Mike se revolta ao perceber que o local fora dominado por federais, sob o comando de Peter Keyes (Gary Busey, de Máquina Mortífera, 1987). Sem entender a razão, ele pede apoio para a colega Leona Cantrell (Maria Conchita Alonso, de O Sobrevivente, 1987) e aceita a transferência do galanteador Jerry Lambert (Bill Paxton, 1955-2017). Um novo ataque da criatura, sempre enfrentando pessoas armadas, como fora percebido no filme anterior, resulta em diversos corpos pendurados, e mais uma ação de agentes que não querem envolvimento da polícia. Ao notar um estranho armamento entre os restos de carcaças e retornar para buscá-lo, Danny se torna vítima do alienígena, despertando no protagonista um sentimento de vingança absoluta mesmo indo contra os desejos de seu chefe.

Uma das sequências mais interessante, porém mal realizadas, acontece no metrô, com o predador espalhando sangue e corpos, com a baixa iluminação prejudicando a compreensão do que está acontecendo. Quanto mais se aproxima do inimigo em sua guerra pessoal, Mike percebe o quanto há mistérios que ele mesmo desconhece. Ele terá a oportunidade de saber o que os agentes já sabem, a partir do depoimento de Anna (Elpidia Carrillo, sobrevivente do primeiro) e as pesquisas realizadas por eles, mas, diferente de Mike, há o desejo sempre oportunista dos oficiais de explorar a tecnologia alienígena ao invés de combatê-la. O terceiro ato, entre prédios e a nave, até chega a empolgar, salvando o filme das duas primeiras partes, arrastadas e sonolentas. Contudo, não foi suficiente para evitar que o filme recebesse tantas críticas negativas e uma aceitação menor do público, enterrando qualquer possibilidade inicial de realização de uma nova continuação – embora, os planos para conceber um Alien Vs Predador já estivesse sendo imaginado (vide o crânio de uma das criaturas exposto na nave alienígena).

O predador, novamente interpretado por Kevin Peter Hall, apresenta novas armas: um disco metálico, capaz de degolar e desmembrar vítimas, um gancho que salta de sua mão e uma rede, resistente, que prende a vítima, além de apertá-la agressivamente. Mais uma vez por trás dos efeitos, Stan Winston aproveita para apresentar outros espécimes de criaturas, com armaduras diferenciadas pela hierarquia. O visual dos predadores continua bastante ameaçador, principalmente por mostrá-los maiores que os humanos, como acontecia no longa de 1987.

Com o retorno da característica trilha de Alan Silvestri e com um bom elenco, Predador 2 é bastante inferior ao original. O excesso de figurantes, na apresentação de um futuro violento e sujo, faz algumas cenas ficarem confusas e desagradáveis de acompanhar. Não é explicado porque o predador poupou a vida de um garoto, aparentemente armado, e porque preservou a vida de uma garota ao descobrir que estava grávida. Seria já uma tendência de apresentar um inimigo que enfrenta combatentes e soldados armados e não crianças e bebês? Por outro lado, ao deixar evidências de que predador já esteve presente na Terra, ao deixar uma arma do século XVIII, permite boas reflexões

Assim, pode-se dizer que a selva de pedra não fez bem ao monstro guerreiro. Depois de muita especulação, ele somente voltaria para as telas para o encontro com seu inimigo mortal em Alien Vs Predador (2004) e na continuação, Alien Vs Predador 2 (2007). Mesmo com as críticas negativas, teria mais um filme solo, o divertido Predadores (2010), até finalmente voltar ao holofote com a estreia de O Predador (2018). Parece que, independente da qualidade de seus filmes, ele ainda é um personagem que desperta a atenção do público na caça aos seus troféus de ossos.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

13 thoughts on “Predador 2: A Caçada Continua (1990)

  • 24/09/2018 em 14:18
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    Carai. Eu assisti esse filme no cinema.

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  • 20/09/2018 em 03:50
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    Tbm gosto desse filme, não é do mesmo nível do primeiro,mas é sim um bom filme.

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  • 15/09/2018 em 22:15
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    Para aqueles que gostam de datas de exibição de quando filme tal foi exibido pela á primeira vez na TV Aberta , esse filme “PREDADOR 2 ” passou na Terça Nobre em 07/12/1993 na Rede Globo .

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  • 15/09/2018 em 17:09
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    Lembro de ter assistido esse filme em uma Tela Quente a muito tempo com meu pai e ficou na minha cabeça o Predador segurando a cabeça do King Will (acho que era esse o nome) rsrs. Mas também lembro do esqueleto do Alien na nave do Predador, antes dele começar uma nova briga com o Dany Grover. Muito diferente do primeiro, mas gostei também desse.

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  • 14/09/2018 em 18:31
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    Eu prefeiro os filme originais do Predador (1987 e 1990) do que esse filme novo que é um remake ou uma continuação repaginada ,sei lá o que eu sei mesmo é que Hollywood esta cada vez mais sem criatividade em criar novos filmes aí vão fazendo essas revisões ruins de classicos do genero ficção e horror .

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  • 13/09/2018 em 19:59
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    Porque o predador poupou o garota e a Leona? Desde o primeiro filme os predadores são apresentados como uma raça de caçadores que segue um código. Algo como as “regras da caça”. Essa é uma característica importante do personagem. . Eles só caçam quem pode ser considerado um oponente (um humano desarmado não é um oponente, a caçada só pode começar se o humano pegar uma arma). Ele sabe que o garoto não esta realmente armado. E, obviamente, as regras da caça o proíbem de abater indivíduos jovens ou fêmeas prenhas das espécies caçadas. O quadrinho “batman vs predador” é uma bosta justamente por que o imbecil que escreveu o roteiro não entendeu nada do personagem.
    O fato dos predadores, não só, deixarem o Michael (Danny Glover) ir embora, mas como, também, o alfa presenteá-lo com um troféu, é parte desse código: ele derrotou o predador que o tinha escolhido como troféu.

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    • 08/01/2019 em 20:21
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      É exatamente assim, Erico… perfeito.

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    • 21/11/2019 em 17:27
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      Amigo, somente o nome de Danny Clover, e algum saudosismo, ou nostalgia explica esse filme não ser taxado de uma grande porcaria unanime. Pra ser sincero nenhum filme pegou a essência do original. E muito menos da raça guerreira.

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    • 25/04/2022 em 14:54
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      Seu comentário foi perfeito!
      A as críticas para ess filme aqui no BdI são meio razas, parece que o autor não conhece a história dos predadores, Como vc bem lembrou eles são uma raça de caçadores e seguem um código.
      Esse filme esta um pouco abaixo do primeiro mas aidna assim é um ótimo filme, acho que no fundo algumas pessoas tem um pouco de má vontade com esse filme talvez por conta do seu protagonista não ser o modelo preferido de herói block buster.

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  • 13/09/2018 em 19:20
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    Predador 2 e Predadores perto desse O Predador (2018) parecem obras primas do cinema.
    O plot do filme, os piores coadjuvantes da franquia e a constrangedora cena final, que serve de gancho pra uma possível sequência. Muita coisa ruim junta.

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  • 11/09/2018 em 19:36
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    Eu curto bastante esse filme, mais que “Predadores” e “Alien vs predador”. Ouvi dizer que os produtores já tinham um terceiro filme planejado, que seria ambientado no velho oeste, mas ele nunca foi realizado.

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