Parque do Inferno (2018)

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Parque do Inferno
Original:Hell Fest
Ano:2018•País:EUA
Direção:Gregory Plotkin
Roteiro:Akela Cooper, Christopher Sey, William Penick, Blair Butler, Seth M. Sherwood
Produção:Tucker Tooley
Elenco:Amy Forsyth, Reign Edwards, Bex Taylor-Klaus, Christian James, Roby Attal, Matt Mercurio, Tony Todd, Courtney Dietz, Stephen Conroy, Michael Tourek

Divertido para entrar, um Inferno para sair

Uma das analogias mais usadas na justificativa pela apreciação de um filme de terror-pipoca é a do passeio em uma montanha-russa assombrada. “Você experimenta um medo artificial em vários níveis, mas depois retorna para seu porto seguro ao término da brincadeira“. É provavelmente a melhor maneira de caracterizar um slasher rasteiro e com poucas elevações como Parque do Inferno: ainda que a experimentação seja levemente favorável – pelos sustos, pelas mortes violentas e tensão – não irá além disso numa avaliação mais profunda. E o filme de Gregory Plotkin (Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma) vai aquém pela significação quase nula dentro de um gênero vasto, tendo como mérito apenas a ambientação divertida.

Imagine um psicopata atuando em um daqueles parques de horror itinerantes, tradicionais na época do Halloween americano. Não apenas uma atração assustadora em um ambiente de diversões, como você deve ter lembrado de Pague para Entrar, Reze para Sair, mas uma espécie de Hopi Hari totalmente de terror, com diversas atrações (todas com nomes interessantes como “O Seu Pior Pesadelo“, “Labirinto de Zumbis” e “Terra dos Mortos”) e muitos atores fantasiados correndo atrás do público! Ainda assim, o fã mais ardoroso irá lembrar da boa franquia The Houses October Built ao pensar que, entre falsas gritarias e caracterizações exageradas, possa haver alguém com intenções cruéis. Sim, Parque do Inferno não é inovador e é banhado em referências e clichês, porém está consciente de suas limitações e quer apenas brincar com o espectador.

No enredo, concebido por Akela Cooper, Seth M. Sherwood e Blair Butler, a partir de um argumento de William Penick e Christopher Sey, a jovem universitária Natalie (Amy Forsyth, de Faces do Medo e A Christmas Horror Story) acaba de voltar para casa, depois de um período afastada dos amigos. Ela reencontra sua ex-colega de quarto Brooke (Reign Edwards), além de Taylor (Bex Taylor-Klaus, da série Scream), e aceita o convite para visitar o parque assombrado Hell Fest, principalmente por saber que seu interesse Gavin (Robby Attal) não só estará lá, com os companheiros Quinn (Christian James) e Asher (Matt Mercurio), como conseguiu um passe VIP para as atrações. Sem perder tempo, a narrativa já salta para a noite do pesadelo, mostrando o grupo sendo constantemente assustado pelos monstros do local, enquanto explora seus ambientes e comenta uma tragédia ocorrida dois anos antes, mostrada na abertura, envolvendo o violento assassinato de uma jovem, cujo corpo fora descoberto tardiamente, devido à confusão com objetos em exposição.

Ao testemunhar o assassinato de uma garota, acreditando se tratar de uma encenação, Natalie e os amigos passam a ser seguidos e, posteriormente, perseguidos por um homem mascarado, cujo modus operandi envolve observação e ataque. A partir daí, a cartilha dos slashers, desenvolvida na década de 80, serve de orientação para o que será visto: 1. a mocinha desconfia que algo está errado; 2. muitos, até mesmo do próprio grupo, não acreditam nela; 3. quem se isola dos demais irá morrer ou trazer momentos de tensão e susto; 4. amigos irão desaparecer e ninguém vai achar estranho…

Se não existe vida inteligente no roteiro, permitindo a antecipação de praticamente tudo e contando com a colaboração do público na digestão de algumas falhas (personagens que se escondem bem ou encontram meios de cortar caminhos para surgir em momentos oportunos), pelo menos o longa reserva algumas mortes gráficas (na verdade, apenas duas) e sabe aproveitar bem seu cenário sinistro. É, sem dúvida alguma, um dos únicos pontos que merecem menção por deixar o infernauta com vontade de visitar o local e curtir seus monstros assustadores escondidos em corredores estreitos. Destaque para a dica de Gavin de como saber diferenciar bonecos de pessoas vestidas e que conduz a cenas divertidas como a da falsa prisão, repleta de braços.

Entre homens maquiados e atrações curiosas – na concepção, a “Terra dos Mortos” instiga por ser um espaço que permite que você seja tocado pelos atores, embora não tenha sido muito bem aproveitada -, está um velho e ainda carismático Tony Todd, agindo como um anfitrião de Hell Fest, com sua sempre reconhecida voz gutural. Com uma ponta que remete a sua narração em Premonição 3, o ator de filmes de horror B não é suficiente para salvar Parque do Inferno de sua mediocridade, como se o passeio na montanha-russa fosse o mesmo de sempre, sem surpresas.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

4 thoughts on “Parque do Inferno (2018)

    • 15/06/2019 em 20:36
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      Outro filme ao estilo “mais do mesmo”, personagens extremamentes pueris e inócuos como tantos vistos em vários filmecos. Sustos bobos (quando há), diálogos escritos por um provável iniciante e um cenário já explorado de forma muito mais satisfatória em outras obras . Sugestão: não perca tempo com essa tranqueira. A elogiar apenas a beleza das protagonistas o que é muito pouco em um filme que poderia render muitíssimo mais.

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    • 19/09/2019 em 14:11
      Permalink

      Me fez lembrar As Noites do Terror no saudoso Playcenter.

      Resposta

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