Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha (2018)

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Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha
Original:Gojira: kessen kidô zôshoku toshi
Ano:2018•País:Japão
Direção:Hiroyuki Seshita, Kôbun Shizuno
Roteiro:Gen Urobuchi
Produção:Takashi Yoshizawa
Elenco:Mamoru Miyano, Takahiro Sakurai, Kana Hanazawa, Tomokazu Sugita, Yûki Kaji, Jun'ichi Suwabe, Kenta Miyake, Ken'yû Horiuchi

Mesmo depois do sucesso conquistado na primeira batalha contra o gigantesco monstro, visto em Godzilla: Planeta dos Monstros, a guerra ainda está longe do fim. Vítima de uma explosão eletromagnética (PEM), Godzilla foi feito em pedaços, mas serviu apenas para despertar o verdadeiro monstro. Sim, todo o confronto visto no primeiro filme aconteceu com uma espécie de filho do Godzilla, enquanto aquele que trouxe morte e destruição ao Planeta estaria hibernando, embaixo da terra, emergindo apenas com a queda da outra criatura. Na cena final, ele surge com toda a sua imponência, na maior versão já vista entre todos os seus filmes, com 300 metros de altura, para surpresa de todos aqueles que lutavam pela conquista da Terra.

Conforme foi visto na cena pós-créditos, o vingativo Haruo (Mamoru Miyano) está vivo e foi salvo por uma nativa. Surpreso pela existência de humanos na Terra, ele teve suas feridas curadas por Miana (Ari Ozawa) e saiu em busca de outros sobreviventes, estranhando o fato de não precisar das roupas de proteção na caverna onde ela mora. Quando encontra um dos pelotões e descobre a existência de uma gêmea de Miana, chamada Maina (Reina Ueda) – numa referência às gêmeas Mothra do filme homônimo -, eles são capturados e levados ao interior da tribo terrestre, denominada Houtua, que cultua o ovo de uma divindade caída no local – outra referência ao filme de 1961, cuja criatura alada depois dividiria a atenção com Godzilla em algumas produções.

Com o grupo de terráqueos, evoluídos da raça humana, Haruo, Mulu-Elu Galu-Gu (Jun’ichi Suwabe), Rilu-Elu Belu-Be (Kenta Miyake), Yuko (Kana Hanazawa), entre outros, descobrem outros que sobreviveram à batalha contra Godzilla junior, como Martin Lazzari (Tomokazu Sugita) e seu pelotão, que têm feito algumas interessantes descobertas sobre o povo. Trata-se de um alento pelo fato das pessoas da Terra não conseguir contato com a nave-mãe Aratrum, o que leva o Capitão a uma ameaça de abandonar o sistema solar definitivamente.

Quando as gêmeas estão ajudando Haruo e seu grupo contra monstros alados, que apresentam características em seu biótipo com o Godzilla assim como boa parte da vida na Terra, incluindo os nativos (justificados pela necessidade de sobrevivência na evolução das espécies), elas usam uma flecha com uma ponta metálica, identificada como “nanometal“, um material que serviu para a construção do Meca-Godzilla, mas que não deu certo. Eles são levados ao local de extração do minério e descobrem uma cidade desenvolvida através dela, ocorrida com a expansão através dos milênios, e Galu-Gu a chama de Cidade Meca-Godzilla. Os alienígenas Bilusaludos, que são reconhecidos pela capacidade tecnológica, trabalham com o material para fortalecer as armas, o transporte aéreo e, assim, criar uma armadilha que possa conduzir Godzilla para sua destruição, conforme foi feito com a versão menor.

Como se pode observar com essa breve descrição, Godzilla quase não aparece no filme, deixando o grande confronto para os trinta minutos finais. Assim como o primeiro filme, devido ao fato da animação ser da mesma produtora, Polygon Pictures, não há absolutamente nada a questionar sobre os efeitos e as cenas de ação, bem tensas e realizadas. Contudo, Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha está um passo a frente do anterior pelo enredo mais interessante, novamente sob os domínios de Gen Urobuchi. Além das possibilidades apresentadas – como a presença dos terráqueos e a exploração do nanometal usado na construção do Meca-Godzilla e sua cidade -, o roteiro ainda traz algumas doses de romance pelo triângulo envolvendo o herói, Yuko e as gêmeas, e o embate entre a filosofia dos Exifs com as verdadeiras intenções dos Bilusaludos, e a confusão psicológica de Haruo, que chega a se questionar sobre os caminhos alcançados com sua vingança.

Godzilla continua com sua presença marcante, ainda que apareça pouco na franquia. A relação de seu nome, em inglês God (deus), com o posicionamento de todos os envolvidos na tentativa de destruí-lo (por razões diferentes) faz com que o filme cresça em conteúdo, fortalecido pelos diálogos intensos e pela construção de personagens tão ricos que podem levar o infernauta a se importar com o destino deles. É claro que o principal nome é o de Haruo, que passou de insuportável (no primeiro filme) para uma concepção mais humana e inteligente.

Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha, o trigésimo terceiro longa do monstro gigante, vai além da transição para a última parte, com a capacidade de apresentar suas próprias qualidades, independente do que foi visto no primeiro. Mas ainda resta o último capítulo, Godzilla: O Devorador de Planetas, que chegaria aos cinemas japoneses seis meses depois para encerrar a série.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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