The Warriors: Os Selvagens da Noite (2015)

3.5
(2)

The Warriors: Os Selvagens da Noite
Original:The Warriors
Ano:2015•País:EUA
Autor:Sol Yurick •Editora: Darkside Books

Quando se fala em The Warriors, a primeira coisa que vem à mente é o filme cult de 1979 e a frase que o marcou: “Warriors, come out to play”. Mas antes disso, em 1965, o então iniciante Sol Yurick publicou o livro que deu origem ao filme. A obra demorou cinquenta anos para chegar por aqui, mas foi finalmente lançada em 2015 em uma bela edição da DarkSide Books, que incluiu um prefácio escrito pelo autor.

The Warriors é inspirado na obra grega Anábase, de Xenofonte, que acompanha a jornada de dez mil mercenários gregos tentando voltar para casa depois de lutarem no império Persa. O livro acompanha a gangue Dominadores de Coney Island, que deixa seu território para participar de uma reunião entre várias gangues rivais convocada pelo carismático líder Ismael Rivera. No encontro, que tinha como objetivo unir as gangues contra “Os Outros” – a sociedade que os marginaliza –, brigas emergem, a polícia aparece e Ismael acaba sendo baleado, o que faz todos fugirem. A partir daí, o livro acompanha os Dominadores enquanto eles devem atravessar Nova York para voltar para casa, passando pelos territórios de gangues rivais e tentando se esquivar da polícia.

Ler The Warriors não é fácil. Apesar de ser um livro curto, a história dos Dominadores não é agradável. Esqueça o filme, que é mais uma aventura do que um retrato de grupos marginalizados em uma das maiores cidades do mundo. Além de Anábase, Sol Yurick teve como base para o livro suas próprias experiências: o autor foi assistente social e trabalhou em áreas muito pobres de Nova York, especialmente com negros e latinos, justamente as minorias étnicas a que pertencem os membros dos Dominadores. É esta a realidade em que o livro nos insere, junto de “heróis” para quem é difícil torcer.

Composta por sete adolescentes, a gangue dos Dominadores passa por alguns apuros no caminho para casa, mas se mostra tão violenta quanto seus adversários. Estupro e assassinato fazem parte de sua trajetória como se fossem acontecimentos banais. Apesar de tentarem se provar como homens, eles são imaturos – em uma ocasião, por exemplo, os membros competem para ver quem consegue urinar mais longe, e o ganhador seria o mais “macho” do grupo. Poderia ser só isso, mas Yurick se aprofunda em questões que nos fazem ver que os adolescentes são apenas humanos. Na segunda metade do livro, quando a gangue acaba se separando, conseguimos conhecer um pouco mais de cada membro, especialmente Hinton, e entender melhor os motivos de seu comportamento.

A adaptação de The Warriors para o cinema, no longa dirigido por Walter Hill, não agradou a Yurick, que não achou que o filme mostrou a história que ele queria contar. Vale assistir ao clássico, mas tratando-o como uma obra diferente. Vale mais ainda ler o livro, que, apesar de ter mais de 50 anos, se mantém atual e pode dar ao leitor uma visão diferente de uma classe em que muitos de nós não estamos inseridos, e acabamos temendo antes de tentar entender.

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Silvana Perez

Escolheu alguns caminhos errados e acabou vindo parar na Boca do Inferno em 2012. Apresenta o podcast do site, o Falando no Diabo, desde 2019. Fez parte da curadoria e do júri no Cinefantasy. Ainda fala de feminismos no Spill the Beans e de ciclismo no Beco da Bike.

One thought on “The Warriors: Os Selvagens da Noite (2015)

  • 27/06/2017 em 18:52
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    Nem sabia que á editora “Darkside Books” tinha lançado esse livro aqui no Brasil ,Warriors -Os Selvagens da Noite ” é grande filme de ação sobre as gang’s de Nova York,bem dirigido e com ótimos atores destaques para James Remar no papel de Ajax ,ele esta excelente nesse filme. Logico ! que o autor não gostou da adaptação que fizeram para á tela grande é normal em Hollywood e as vezes muita coisa que se escreve em um livro incomoda muitas pessoas principalmente os donos dos grandes estudios de cinema ,ate nos gibis adaptados para o cinema acontece isso tambem.Valeu! pela á dica Silvana.

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