Fear the Walking Dead – 3ª Temporada (2017)

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Fear the Walking Dead - 3ª Temporada
Original:Fear the Walking Dead - Season 3
Ano:2017•País:EUA
Direção:Stefan Schwartz, Andrew Bernstein, Deborah Chow, Paco Cabezas, Alex Garcia Lopez, Courtney Hunt, Daniel Stamm, Jeremy Webb
Roteiro:Dave Erickson, Robert Kirkman, Tony Moore, Wes Brown, Suzanne Heathcote, Lauren Signorino, Mark Richard, Jami O'Brien, Ryan Scott, Michael Zunic
Produção:Pablo Cruz, Arturo Sampson, Bob Lewis
Elenco:Kim Dickens, Frank Dillane, Alycia Debnam-Carey, Mercedes Mason, Colman Domingo, Rubén Blades, Cliff Curtis, Danay Garcia, Daniel Sharman, Sam Underwood, Dayton Callie

Com a morte de Jeremiah (Dayton Callie), pai de Troy (Daniel Sharman) e Jake (Sam Underwood), o rancho finalmente firmou um acordo de paz com os nativos. No entanto, a convivência passa a ser o motor propulsor dos conflitos, principalmente quando Madison (Kim Dickens), Alicia (Alycia Debnam-Carey) e Nick (Frank Dillane) percebem que a falta de água terá consequências graves nas próximas semanas. Enquanto decisões precisam ser tomadas para que haja uma distribuição adequada da água, Troy retorna de seu exílio com a perspectiva de vingar a morte do pai e tentar convencer Nick a se unir a ele. Não dará certo, e novamente o rapaz terá que se afastar até retornar de maneira drástica alguns episódios depois.

Madison parte em uma jornada ao encontro de Daniel Salazar (Rubén Blades) na barragem, com a perspectiva de um acordo que possa eliminar o problema da escassez de água. Mesmo com o apoio de Walker (Michael Greyeyes) e Strand (Colman Domingo), há uma certa relutância, principalmente de Lola (Lisandra Tena), sendo necessária uma atitude ousada para conquistar a confiança. Enquanto isso, nas proximidades do rancho, Troy retorna com uma leva de zumbis, conduzidos pelo som, e ocasiona os melhores momentos da temporada, nos episódios 12 (Brother’s Keeper, de Alrick Riley) e 13 (This Land Is Your Land, de Meera Menon), quando um grupo, liderado por Alicia (Alycia Debnam-Carey) e Ofelia (Mercedes Mason), se isola num bunker. Presos, com uma tensão pela falta de oxigênio e claustrofobia, Alicia se desenvolve de maneira absoluta, passando a ser uma guerreira, com bastante semelhança com sua personagem em The 100, e comandante.

Jake é mordido pelos zumbis, restando a Nick e Troy a responsabilidade de tentar salvar o rancho. Assim, o ambiente acaba extinto pelos invasores vorazes, e os poucos sobreviventes partem para dois lugares distintos: uma região de comércio, onde Nick voltará a ter problemas com drogas e Strand agirá de maneira imbecil para não se tornar vítima de uma facção instalada no local, entregando a existência da barragem; e Alicia acabará se esbarrando com os mesmos bandidos ao ser oferecida como enfermeira do líder, prestes a realizar uma cirurgia delicada. Tudo explodirá na guerra da barragem, com a morte de mais personagens de destaque e um provável sacrifício.

Essa segunda metade de Fear the Walking Dead soube mesclar ousadia – algo que faltava à série – com momentos de tensão e conflitos armados. Mas, como o sobrenome “the walking dead” exige, os personagens estão sempre em movimento, dificilmente se estabelecendo em um único lugar. Parece que o México realmente fez bem à série, assim como a falta de vínculo com uma HQ, possibilitando o desenvolvimento de seus próprios enredos. Ainda não entendo a sobrevida de Strand, comprovadamente um calhorda desde a primeira temporada, mas vejo com bons olhos o crescimento de Alicia e o retorno grandioso de Daniel.

Aliás, por falar em retorno, o episódio final, Sleigh Ride, de Andrew Bernstein, me surpreendeu ao apresentar nos créditos o nome Cliff Curtis, o Travis, aparentemente morto no começo da temporada. Contudo, a solução encontrada para seu retorno, de maneira onírica, não permitiu que uma resposta para seu sumiço fosse dada. No fundo, Madison demonstra acreditar em sua volta tanto que o personagem não tem seu túmulo exposto na visão e ainda serve de apoio para que ela não se entregue. Sem forçar episódios centrados em um núcleo único, pelo menos não de maneira abrupta, Fear the Walking Dead torna-se um entretenimento de interesse, distante de sua condição de subproduto da série original.

Agora, com o anúncio oficial de um crossover entre as séries, restava saber qual personagem saltaria entre os universos. Minha aposta inicial era Heath (Corey Hawkins), que desapareceu de The Walking Dead desde o episódio 6 da sétima temporada, mas já foi anunciado que o personagem Morgan fará o vínculo das séries. No entanto, a diferença temporal pode ser um grande obstáculo para a ponte entre os dois programas, apesar da boa intenção. Vamos aguardar!

Se quiser ler minha análise sobre os primeiros oito episódios, clique para continuar na página 2 abaixo!

Fear the Walking Dead – 3ª Temporada (2017) – Episódios 1 a 8

Fear the Walking Dead - 3ª Temporada
Original:Fear the Walking Dead - Season 3
Ano:2017•País:EUA
Direção:Stefan Schwartz, Andrew Bernstein, Deborah Chow, Paco Cabezas, Alex Garcia Lopez, Courtney Hunt, Daniel Stamm, Jeremy Webb
Roteiro:Dave Erickson, Robert Kirkman, Tony Moore, Wes Brown, Suzanne Heathcote, Lauren Signorino, Mark Richard, Jami O'Brien, Ryan Scott, Michael Zunic
Produção:Pablo Cruz, Arturo Sampson, Bob Lewis
Elenco:Kim Dickens, Frank Dillane, Alycia Debnam-Carey, Mercedes Mason, Colman Domingo, Rubén Blades, Cliff Curtis, Danay Garcia, Daniel Sharman, Sam Underwood, Dayton Callie

Após um início de segunda temporada bastante irregular, com a perspectiva promissora de transportar o universo dos errantes para os mares, Fear the Walking Dead conseguiu atracar de maneira segura no México, deixando de lado os zumbis náufragos e os piratas em troca de contrabandistas e um líder religioso. Ficaram isolados em um hotel, encontraram uma fazenda como a de Hershell e, com o incêndio no final, buscaram refúgio na fronteira, acreditando que a América do Norte ainda pudesse trazer segurança. Terminei a minha crítica ao último episódio com a sentença: “Agora só nos resta aguardar para saber se os bons rumos desse final serão recorrentes na terceira temporada, para que possamos ver intensidade também na chegada à América do Norte.

A boa notícia é que conseguiram, sim, manter a tensão desenvolvida ao criar conflitos que se assemelharam bastante com Dia dos Mortos, de 1985, e Extermínio, 2002, com militares abusando de seus poderes em experiências com zumbis, parecidas com as que foram exercidas pelos nazistas a mando de Hitler. Travis (Cliff Curtis) foi mantido num pequeno quarto com Nick (Frank Dillane) e a ferida Luciana (Danay Garcia), entre outros prisioneiros, aguardando o momento em que serão executados para testes; enquanto Madison (Kim Dickens) e Alicia (Alycia Debnam-Carey) foram isoladas em outro ambiente sob os cuidados do soldado Troy (Daniel Sharman), um dos torturadores e assassinos. Sem alternativas, cada dupla decide fugir a seu modo, mesmo sabendo das dificuldades que terão pelo caminho, como na cena em que Travis é atirado em um fosso para enfrentar as criaturas, usando apenas os itens que existem no local – como Rick no lixão, na sétima temporada de The Walking Dead.

Com a chegada de Jake (Sam Underwood), irmão de Troy, a situação se tranquiliza para a família, embora os zumbis invadam o local e obriguem uma fuga estratégica de helicóptero e numa carreta. No percurso, bem no início do segundo episódio, The New Frontier, o veículo aéreo é atingido por tiros, sendo que uma das balas acerta Travis no pescoço. Ferido mortalmente ele se atira do helicóptero, encerrando (ou não) sua participação na série – lembrando a “morte” de Glen em The Walking Dead. É bem provável que sim pois o ator está envolvido em todas as continuações de Avatar, de James Cameron, e não terá tempo para o programa, mas deixaram em aberto outras possibilidades como fizeram com Jamie Lee Curtis em Halloween 8.

Enquanto Madison é levada ao rancho de Jeremiah (Dayton Callie), pai de Troy e Jake, o helicóptero de Alicia cai, sem ferimentos graves nos ocupantes. Eles são obrigados a atravessar o deserto a pé até chegar ao local, uma comunidade bastante reservada e que possui diferenças com os nativos que habitam as redondezas. O grupo é mais ou menos bem recebido, trazendo alguns conflitos com o irmão problemático, a perda de Travis e a tentativa de se envolver em algo importante, como acontece com Alicia ao aceitar participar de um encontro de jovens que “estudam a Bíblia“. A partir do segundo episódio, as ações se intercalam com Strand (Colman Domingo), que é expulso do hotel e tenta reencontrar um velho amigo, Dante (Jason Manuel Olazabal) no México, com grande controle sobre a água.

Capturado, ele reencontra um conhecido da série, apontado como morto na metade da temporada anterior: Daniel Salazar (Rubén Blades). Com seu passado militar, Daniel conseguiu uma boa estima no local, e também afastou os fantasmas que o incomodavam e o tornaram insuportável na série, estabelecendo uma relação com a versão insana de Rick após a morte da esposa. Daniel opta por ajudar Strand pensando em rever sua filha Ofelia (Mercedes Mason), que fugira do hotel com a intenção de buscar uma antiga relação.

Como acontece também em The Walking Dead, alguns personagens começam a apresentar algumas alterações de comportamento. Luciana abandona Nick, ao perceber que ele não pretende mais se afastar dos familiares – diferente do que ele fez na temporada anterior; Madison, que era apenas uma apaziguadora dos conflitos, passa a agir com agressividade, mostrando um lado guerreiro e defensora extrema da família, tendo até umas decisões equivocadas no sétimo episódio, The Unveiling. Ela é uma das provocadoras da grande tensão despertada na briga com os nativos ao ignorar um acordo de paz pelo bem da filha. O líder dos índios, Qaletqa Walker (Michael Greyeyes), mantém em seu convívio Ofélia, e está disposto a enfrentar Jeremiah pela oportunidade de adquirir os domínios de sua terra. Jake, que inicialmente demonstrava ser o irmão racional, começa a apresentar suas próprias falhas, quase invertendo os papéis com o problemático Troy.

No oitavo episódio ocorre o embate de todos os conflitos, e encerra de maneira satisfatória a metade da temporada, sem a necessidade de um final que deixasse o espectador roendo as unhas. Com a direção de nomes conhecidos como Paco Cabezas (de Aparecidos, 2007) e Daniel Stamm (de O Último Exorcismo, 2010), entre outros, a terceira temporada está bem das pernas. Teve apenas um episódio sonolento – lembrando boa parte da sétima de The Walking Dead -, o sexto, Red Dirt, dirigido por Courtney Hunt, mantendo durante todo o tempo boas mudanças narrativas e conflitos, ainda que os zumbis estejam ali apenas como perfumaria dos problemas humanos. É provável que a perda de Travis tenha exigido esses enredos mais ágeis, dinâmicos, o que pode significar a manutenção do alto nível na continuidade da temporada.

Dentre todos, Strand é o que ainda não se encontrou na série. Com exceção das provocações de Dante e Daniel, o personagem está praticamente agindo numa temporada pessoal, sem grande influência nos principais acontecimentos. Já Ofélia, apontada como uma possível vilã da temporada, está aos poucos ganhando mais espaço, e é provável que o encontro com seu pai possa despertar novamente a guerra com os nativos. De qualquer maneira, a temporada está bem melhor do que a oficial, The Walking Dead, e, se continuar assim, pode ser que ganhe até mais importância.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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