A Árvore da Maldição (1990)
A Árvore da Maldição
Original:The Guardian
Ano:1990•País:EUA Direção:William Friedkin Roteiro:Dan Greenburg, Stephen Volk, William Friedkin Produção:Joe Wizan Elenco:Jenny Seagrove, Dwier Brown, Carey Lowell, Brad Hall, Miguel Ferrer, Natalija Nogulich, Pamela Brull, Gary Swanson, Frank Noon, Theresa Randle, Xander Berkeley |
Existem cineastas que surgem como novas promessas, fazendo filmes exemplares, e depois se perdem em produções medíocres (ou esbarram na própria pretensão), afundando suas carreiras de forma vertiginosa. Foi assim, por exemplo, com Tobe Hooper, que revolucionou o cinema de horror com O Massacre da Serra Elétrica, em 1974, e fez outras produções razoáveis antes de cair em filmes esquecíveis. O excelente John Frankenheimer também fez excelentes filmes nos anos 50 e 60, (Sob o Domínio do Mal, Grand Prix, Domingo Negro), antes de apelar para bobagens (inclusive a refilmagem de A Ilha do Dr. Moreau, com Marlon Brando).
Um outro exemplo claro é William Friedkin. Em 1971, quando não tinha nem 30 anos, ele lançou um dos melhores filmes policiais da história, Operação França, com Gene Hackman. Depois, em 1973, dirigiu O Exorcista, considerado uma obra-prima do cinema de horror. E deve ter sido amaldiçoado pelo demônio, pois nunca mais fez um filme que pudesse ser considerado uma obra-prima, ou um sucesso de bilheteria. Atualmente, vive de produções menores e da fama de ter feito O Exorcista.
Em 1990, Friedkin tentou um retorno ao gênero que o tinha consagrado. Foi quando fez The Guardian (A Guardiã), que no Brasil ganhou o título de A Árvore da Maldição. Tinha tudo para dar a volta por cima: era uma produção de baixo orçamento (logo, com mais liberdades criativas), com uma história envolvendo demonismo e até matança de bebês, algo extremamente chocante. O resultado, infelizmente, é meia-boca, como quase tudo que Friedkin fez depois daquele famoso filme de 1973.
A Árvore da Maldição começa com um letreiro explicando que existiu, na Antiguidade, o povo druida, que venerava árvores, algumas boas, outras más. Misteriosamente, esta explicação não diz nada sobre o filme. Temos no enredo uma árvore demoníaca e uma mulher demoníaca, mas em nenhum momento o roteiro revela qual a relação de ambas com os druidas. E não explica muitas outras coisas também, mas logo chegamos lá…
Após a introdução, somos apresentados à família Sheridan. Mamãe e papai Sheridan vão viajar, deixando o pequeno Scotty e a bebê de quatro meses aos cuidados da babá acima de qualquer suspeita. Mas algo estranho acontece. Assim que a família sai, a babá agarra a nenê e a leva para o meio de um bosque, onde existe uma árvore horrenda, toda retorcida e seca. Ali, a babá segura o bebê para o alto e ele subitamente desaparece de suas mãos (em um efeito fraquíssimo, à la Chapolim), reaparecendo no “take” seguinte entalhado no tronco da árvore. “Cumpriu-se um ciclo“, diz a babá demoníaca. Só não se sabe ciclo de quê.
Somos então apresentados aos heróis de nossa história, o casal Phil (Dwier Brown) e Kate (Carey Lowell). Eles se mudam de Chicago para Los Angeles, e Phil, que vai trabalhar em uma agência de publicidade, descobre não só que o novo lar é abalado por terremotos de vez em quando, mas também que a mulher está grávida. O pequeno Jake (interpretado por quatro bebês diferentes) nasce e eles resolvem contratar uma babá para cuidar dele. A primeira escolhida morre em um acidente bizarro. Assim, chamam a segunda da lista, Camilla (Jenny Seagrove), uma bela mulher com sotaque europeu.
Eles não desconfiam nem por um minuto que Camilla é a babá vilã que roubou o bebê do começo do filme, e somente está esperando que Jake complete quatro meses para sacrificá-lo ao seu “deus árvore” e completar mais um “ciclo” – mas ciclo de quê, caramba?
Pois é, como pode-se perceber, A Árvore da Maldição é um filme realmente meia-boca. A história tem poucas surpresas, resumindo-se a apresentar alguns personagens secundários desnecessários que acabam se metendo com Camilla e morrem. A cena mais gratuita é aquela em que ela está passeando com o bebê no meio do bosque e aparecem três punks mal-encarados – que estão aí apenas para serem massacrados pelo deus árvore, em cenas razoavelmente gore. O restante da produção mostra pesadelos de Phil e algumas cenas sem a menor importância – zero suspense e zero surpresas.
O pior é que nem dá para simpatizar com o casal de heróis, que contrata uma babá e a coloca em casa sem nem ao menos checar suas referências (todas falsas, como o papai descobre tarde demais), e ainda deixam a moça tomar banho pelada com seu bebê em plena madrugada e ainda levá-lo para o meio de uma floresta escura, livremente.
Em outra cena difícil de aguentar, um arquiteto amigo do casal desaparece (morto por coiotes liderados por Camilla), e ninguém dá parte à polícia sobre o desaparecimento. Quando descobrem a identidade da babá e aparentemente a matam atropelada (o corpo desaparece), Phil e Kate vão à polícia, mas ninguém acredita neles. Mesmo sabendo que a vilã continua à solta, o casal volta para casa com seu bebê, alheios ao perigo – estão enfrentando uma babá demoníaca, caramba!
O roteiro não se preocupa em explicar o quê, afinal, é Camilla e sua árvore (são druidas? e daí?), qual o objetivo de Camilla ao sacrificar os bebês para a árvore (tornar-se imortal? trazer a árvore de volta à vida? manter a árvore viva?), se existem outras “sacerdotisas vegetais” como ela espalhadas pelo mundo, enfim, não explica nada, resumindo-se ao tradicional final com corre-corre, mata-mata, foge-foge e por aí vai.
O que valoriza A Árvore da Maldição são as tais cenas razoavelmente sangrentas que eu citei anteriormente (melhores que a média da época), e o final, onde o herói confronta a árvore maldita com uma serra elétrica (claro!), fazendo jorrar rios de sangue. Curiosamente, é a primeira vez em um filme de horror onde uma serra elétrica é usada no alvo para o qual se destina, ou seja, uma árvore!
Por outro lado, o filme peca por ser convencional demais. A história é esquemática e se desenvolve sem surpresas até o final que todo mundo vai adivinhar qual é. Não há reviravoltas, morrem os personagens secundários supracitados e todas as coisas que mereciam explicação ficam sem explicação. E aquele talento que Friedkin tinha demonstrado em Operação França e O Exorcista? Nem sombra por aqui! A Árvore da Maldição poderia muito bem ter sido dirigido por David DeCouteau ou Albert Pyun, e ninguém iria notar a diferença. Cortasse as cenas sangrentas, seria mais uma daquelas produções que infestam o SuperCine da Globo aos sábados de noite.
E isso é pouco, muito pouco, para o homem que revolucionou o cinema de horror com aquele famoso filme de 1973…
Filme tosco demais
Tem na NETFLIX.
Caraca, ouvi falar que esse filme era bom. Kkkk agora não sei se assisto. A ilha do Dr. Moreau eu gostei. Nunca assisti o Exorcista, ainda não tive coragem.
quando assisti na tv aberta sempre achei que ela fosse a árvore. Se não me engano ela também morre quando a árvore é cortada
primeira vez em um filme de horror onde uma serra elétrica é usada no alvo para o qual se destina, ou seja, uma árvore! kkkkkkkkkkkkkk
Só discordo da opinião de que ele não fez quase nada de bom pós 73.
Temos:
Viver e Morrer em L.A,
Sindrome do Mal
A refilmagem de 12Angry Men
Caçado,
Killer Joe,
E todos foram muito melhores que esse trash com grife.
Exatamente. Friedkin segue sendo um excepcional cineasta, tendo duas obras-primas entre os filmes que você citou.
Assisti esse filme há muito tempo, senti muito medo, quero assistir novamente com outro ponto de vista 🤪