Na Dimensão dos Mortos (1989)

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Na Dimensão dos Mortos (1989)

Na Dimensão dos Mortos
Original:Night Life
Ano:1989•País:EUA
Direção:David Acomba
Roteiro:Keith Critchlow
Produção:Charles Lippincott
Elenco:Scott Grimes, John Astin, Cheryl Pollak, Anthony Geary, Alan Blumenfeld, Kenneth Ian Davis, Darcy DeMoss, Lisa Fuller, Mark Pellegrino, Phil Proctor, Warwick Deeping, Biff Yeager

Filmes de zumbis voltaram à moda em 2005, com o sucesso de produções como Madrugada dos Mortos e Todo Mundo Quase Morto, o fracasso de outras tipo House of the Dead e a grande expectativa pela estreia de Terra dos Mortos, filme do mestre George A. Romero. Portanto, nada melhor do que fazer um revival das produções antigas sobre mortos-vivos. Em meio aos títulos óbvios, como aqueles feitos na Itália por Lucio Fulci e Bruno Mattei, ainda há muita coisa interessante para redescobrir. Na Dimensão dos Mortos, uma produção modesta e pouco falada feita em 1989, é uma delas. Você usualmente não lê nada sobre este filme em seleções de filmes de zumbis feitas por sites ou revistas; na verdade, o título está esquecido até em guias de filmes de horror lançados no Brasil.

No Brasil, a fita foi lançada no começo dos anos 90 pela Look Vídeo, e acredito que chegou a passar na TV, na Bandeirantes, nos tempos do antigo Cine Mistério (coisa antiga). Trata-se de um “terrir“, mistura de comédia e terror, sub-gênero que tomou conta das produções de horror lançadas naquele período, de olho principalmente no público adolescente. Assim, está mais para A Volta dos Mortos-Vivos do que para Madrugada dos Mortos. Porém, diferente de 90% das produções “terrir” do período, aqui a fórmula funciona e o filme é realmente divertido, mesmo que invista mais no humor do que no horror.

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O roteiro de Keith Critchlow (que também escreveu a comédia Voluntários da Fuzarca, um dos primeiros filmes do hoje astro respeitado Tom Hanks) enfoca a vida medíocre de um jovem “looser” (perdedor) chamado Archie Melville, que é interpretado por Scott Grimes – uma tentativa de criar outro ídolo adolescente da época, na linha Corey Haim e Corey Feldman; porém, Grimes não deu certo, apareceu em Criaturas 2 e depois só foi encontrar algo próximo do sucesso ao entrar no elenco fixo do seriado Plantão Médico, onde interpreta o dr. Archie (olha que coincidência!) Morris. Em Na Dimensão dos Mortos, apesar de ter apenas 17 anos, Archie não tem tempo para namorar, ir a festinhas ou sair por aí bebendo e se divertindo, já que é obrigado a trabalhar em uma funerária para pagar sua futura faculdade.

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A casa funerária pertence ao seu tio chato, Verlin Flanders (o veterano John Astin), que obriga Archie a passar o tempo embalsamando cadáveres, recolhendo corpos e preparando-os para funerais. Logo nos créditos de abertura, vemos o rapaz montando o corpo despedaçado de um jovem como se fosse um grande quebra-cabeça, separando os membros ensanguentados e os reunindo. Depois, ele pega um balde com “o que restou” e se prepara para jogar no lixo do lado de fora da funerária. Porém, ali encontra dois casais de namorados que são seus colegas de escola, mas, claro, o odeiam. São personagens comuns deste tipo de filme: dois atletas xaropes, Rog Davis (Kenneth Ian Davis) e Allen Palumbo (Mark Pelegrino, ainda hoje fazendo filmes, como Cidade dos Sonhos, e séries como Supernatural), e duas gostosas cheerleaders, Roberta Woods (Darcy DeMoss) e Joanie Snowland (Lisa Fuller).

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Claro, Rog e Allen adoram perseguir e atazanar o pobre Archie, que nutre uma paixão platônica por uma das garotas, a bela Joanie. Certo dia, durante uma aula de biologia, o professor usa choques elétricos para fazer um sapo morto movimentar as patas traseiras. Dessa forma, explica que a vida, talvez, seja uma combinação de compostos químicos e energia elétrica. Anote isso: é uma pista para o que acontece depois. Os minutos seguintes mostram Allen e Rog aprontando direto para o pobre Archie: a dupla chega a mandar Joanie para seduzir o rapaz enquanto entram na funerária e escondem um dos cadáveres que estava no necrotério. Isso provoca uma terrível polêmica, fazendo com que o tio Flanders dê a maior mijada em Archie antes de demití-lo. Para piorar a vida do jovem, sua única amiga, a mecânica Charly Dorn (Cheryl Pollak), se prepara para deixar a cidadezinha.

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A história começa a ficar interessante apenas 50 minutos depois, quando os quatro jovens rivais de Archie morrem em um terrível acidente de trânsito, batendo seu carro, muito convenientemente, em um caminhão de substâncias químicas!!! A cena onde o rapaz vai recolher os cadáveres, após ser recontratado pelo tio, é bem tétrica, com o “herói” vendo os corpos em pedaços dos seus “amigos“. Em seguida, somos brindados com cinco minutos bem macabros, onde o tio Flanders e Archie preparam os corpos dos garotos mortos para o funeral. Com a maior tranquilidade, Flanders fica dizendo: “Precisamos providenciar uma nova orelha para este… O outro aqui está com uma narina arrebentada“. Depois, o velho costura os lábios dos garotos e arranca pedaços de metal que eles têm na boca, passando então para o processo de embalsamamento (tudo mostrado com efeitos bem gráficos, que poderão ser nauseantes para os mais sensíveis). Talvez este seja um dos filmes que mostra mais detalhadamente o processo de preparação dos corpos em funerárias, ao lado da série Fantasma, de Don Coscarelli, e de Jogos Mortais 4, de Darren Lynn Bousman.

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À noite, durante uma tempestade, um raio atinge a câmara fria do necrotério, e a soma de produtos químicos e energia elétrica, como ensinou o professor de biologia, faz com que os quatro mortos ressuscitem. Porém, diferente de outros zumbis do cinema de horror, eles não querem comer carne humana e nem mesmo cérebros, mas sim continuar azucrinando o pobre Archie, dando um fim nele e em todas as pessoas que o rodeiam. Sobra mais meia hora de filme, onde vemos os quatro garotos mortos aprontando das suas pela cidade, atacando policiais, vítimas inocentes e perseguindo obsessivamente Archie e sua amiguinha Charly. Como parar os zumbis adolescentes?

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Na Dimensão dos Mortos mantém a atenção e é bem divertido, com uma boa dose de humor negro e excelente maquiagem, mesmo que leve mais para o lado da gozação do que para o terror. Numa cena, uma vítima dos quatro zumbis é agarrada e “enchida” com óleo até explodir, espalhando pedaços ensanguentados por toda parte; em outra, muito bem feita, uma das mortas-vivas leva uma machadada que atravessa sua cabeça até o começo do nariz, num efeito muito bem realizado (tudo mecânico, sem computação gráfica, como hoje em dia). Os bons efeitos especiais são de Steve Fink, que trabalhou na série Arquivo X e em Evil Dead 3, entre outras produções. Claro que o filme perde um pouco da sua graça ao eliminar o tradicional aspecto canibal dos zumbis, que aqui apenas matam os vivos, porém sem devorá-los. Isso deixa o filme meio enfadonho e um tanto “inocente“, especialmente para os fãs número 1 de filmes de mortos-vivos.

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Portanto, vale a pena procurar esta produção classe B pouco conhecida nas locadoras. É garantia de uma boa diversão sem compromisso e sem escatologia, que serve até como uma boa iniciação para quem está começando agora a assistir filmes de horror. E uma curiosidade para os “nerds“: o diretor deste filme, David Acomba, desconhecido da grande maioria, é o responsável por uma heresia chamada Star Wars Holiday Special, um filme feito para a TV em 1978, reunindo todo o elenco e personagens do primeiro Guerra nas Estrelas, de George Lucas. Pois o filme ficou tão ruim que o próprio Lucas tentou tirá-lo de circulação, embora hoje em dia ainda circule em cópias piratas pela Internet – uma delas até circula aqui em casa!

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Felipe M. Guerra

Jornalista por profissão e Cineasta por paixão. Diretor da saga "Entrei em Pânico...", entre muitos outros. Escreve para o Blog Filmes para Doidos!

7 thoughts on “Na Dimensão dos Mortos (1989)

  • 06/11/2019 em 12:03
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    Assisti no saudoso cine trash, alias acho que assisti quas todos

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  • 23/02/2019 em 19:38
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    Quero ver, adoro esse tipo de filme B, misturando terror e comédia ! Tem no youtube !

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  • 21/09/2017 em 11:49
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    Filme Bom Sabe um Terror Clássico tem que ter não apenas terror ,mas na metade do filme ou até mesmo no começo que que ser um pouco descontraído e ter a aquele clima do que pode acontecer embora a gente já tem uma ideia o que nos passa o filme Bom Demais!!!!

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  • 08/09/2017 em 02:14
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    Esse filme passou no saudoso Cine Trash com o título mudado em português para Vida Noturna. É diversão garantida!

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  • 11/08/2015 em 14:51
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    Assisti a muito tempo atrás esse filme na bandeirantes de madrugada , excelente filme recomendo !!!

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