Rasen (1998)

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TRÊS VERSÕES DE “RINGU 2”

Atenção: SPOILERS – Se não quiser saber TUDO sobre Rasen e Ringu 2, pare de ler agora.

A segunda continuação de Ringu talvez seja um dos poucos filmes da história do cinema a ter três versões. Existe a primeira versão, Rasen, que foi um inesperado fracasso de bilheteria, e sua refilmagem, Ringu 2, feita pelo mesmo estúdio para “substituirRasen. E, O Chamado 2, que nada mais é do que a continuação do remake americano O Chamado – aproveitando bem pouco das ideias do livro Spiral ou mesmo do filme japonês Ringu 2.. Logo, é quase uma continuação original, dentro do seu próprio universo. Portanto, é interessante perceber que Rasen, Ringu 2 e O Chamado 2 podem ser assistidos quase como três filmes diferentes, sendo que entre si têm bem pouco em comum.

A trama de Rasen, mais fiel ao livro Spiral, relata as investigações do patologista Ando Mitsuo sobre a morte misteriosa do amigo de faculdade Ryuji Takayama. Todos sabemos que ele foi morto por Sadako no final de Ringu, mas nem Ando, nem a polícia e nem a namorada do professor, Mai Takano, sabem disso. Lá pelas tantas, Ando descobre que a maldição de Sadako é, na verdade, um vírus, que contamina a pessoa assim que ela assiste a fita amaldiçoada e fica incubando por um périodo de sete dias, matando sua vítima graças ao desenvolvimento de um tumor maligno em seu organismo.

A fita, na verdade, é apenas parte do plano de Sadako. Quando a pessoa está contaminada, ela pode gerar clones de Sadako no mundo real, caso consiga fertilizar com sucesso o óvulo de uma mulher. Ao fazer sexo com Mai, Ando dá a chance para Sadako voltar ao mundo (acarretando na morte de Mai). E como Sadako espalhou pelo mundo um novo vírus, mais clones dela devem surgir, mergulhando a humanidade no caos. Rasen termina deixando as portas abertas para uma nova continuação, que, com seu fracasso nos cinemas, não foi e talvez jamais será feita.

Ringu 2 (1999) (2)

Ringu 2, a sequüência japonesa considerada “oficial” depois que o estúdio Asmik-Ace jogou Rasen para escanteio, preferiu não tomar o livro Spiral como base, com medo de que os fãs de Ringu novamente estranhassem a guinada de um mistério sobrenatural para uma trama científica. Assim, trata-se de um roteiro original escrito pelo próprio diretor Hideo Nakata com a ajuda do roteirista do primeiro filme, Hiroshi Takahashi – e que, ironicamente, também acabou revelando-se uma trama mais científica do que sobrenatural!!!

O filme foi lançado em 1999 e aproveita algumas situações de Ringu, mas praticamente nada do livro Spiral ou do filme Rasen. Logo, o médico Ando Mitsuo não aparece e nem é citado em Ringu 2. Outro que desaparece da trama é o jornalista Yoshino, apesar de ele ter tido uma pequena participação no primeiro filme. Mas o roteiro de Ringu 2 resgata a personagem de Mai Takano, que passa a ser a principal protagonista da história (em Rasen ficou em segundo plano e ainda era vítima de Sadako). Resgata, também, as personagens de Reiko Asakawa e seu filho Yoichi, que em Rasen nem apareciam, pois morriam automaticamente num acidente de automóvel.

No roteiro, investigando a morte de Ryuji, Mai descobre o paradeiro de Reiko e Yoichi e fica sabendo da história de Sadako e sua fita amaldiçoada. Paralelamente, um repórter Chamado Okasaki (que também tem uma pequena participação em Ringu) passa a investigar o fenômeno, que a estas alturas já é uma lenda urbana. Com a ajuda de um cientista, Mai chega à conclusão que Yoichi está desenvolvendo poderes paranormais como o pai Ryuji, porém a raiva do garoto (devido à perda do pai e, depois, da mãe) pode fazer com que ele use os poderes para o mal, transformando-se em uma nova Sadako.

Se Spiral e Rasen preferem abordar detalhes científicos sobre o “vírus de Sadako” e o plano da menina-fantasma de espalhar clones pelo mundo, Ringu 2 centra o foco na descoberta de que Yoichi pode se tornar um “upgrade” de Sadako. Ao contrário de Rasen, Ringu 2 termina com os protagonistas voltando à ilha onde Sadako nasceu (quando o roteiro resgata outros personagens do primeiro filme, inclusive Takashi Yamamura, parente da mãe de Sadako. Na ilha é realizada uma experiência científica com o objetivo de dissipar a energia maligna de Sadako para sempre. Logo, trata-se de uma abordagem totalmente diferente da original prevista nos livros. Não é feita nenhuma menção a vírus, clones ou o retorno de Sadako ao mundo.

Uma outra diferença curiosa entre os dois filmes é que em Rasen/Spiral o personagem Ryuji Takayamavira a casaca“. Depois de ajudar sua ex-mulher Reiko no primeiro filme e acabar sendo morto por Sadako, em Rasen ele vira um “cúmplice” de Sadako, convencendo Ando a ressuscitá-la. Graças aos serviços prestados, o próprio Ryuji é clonado e passa a ser o braço direito de Sadako no plano de contaminar a humanidade com seu vírus. Como nada disso acontece em Ringu 2, Ryuji continua sendo visto como “mocinho“, inclusive ajudando Mai e Yoichi a escapar das garras de Sadako no final do filme, quando reaparece como um “fantasminha camarada“.

 

Não se sabe se THE RING TWO irá revisitar alguns aspectos da continuação japonesa, como o retorno à ilha onde Samara/Sadako nasceu. Nem se sabe se o roteiro de Kruger aproveitará a ideia de que Aidan/Yoichi poderá estar ligado a Samara de alguma forma, já que tanto na versão oriental quanto na ocidental o garoto tem poderes paranormais. O que se sabe é que, nas fotos de divulgação da seqüência americana, podemos ver, entre outras coisas, Rachel voltando ao fundo do poço onde Samara morreu – será uma alucinação ou algo mais? O negócio é esperar e torcer para que os americanos, liderados por Hideo Nakata, consigam fazer algo no mínimo tão interessante quanto Rasen e Ringu 2, e não apenas uma repetição da fórmula do primeiro filme – o que é mais fácil e provável, diga-se de passagem.

Vale ressaltar também que existe uma quarta versão da trama, já que em 1999 foi lançada (só no Japão, claro), a série de TV baseada no universo de Spiral, intitulada Rasen: The Series, com um total de 13 episódios. Lembrando pouco a trama do filme mal-sucedido, o seriado aproveitava apenas alguns personagens, mas mudava tudo. Ando Mitsuo, por exemplo, de médico-legista passou a ser professor de uma universidade, que investiga a maldição de Sadako auxiliado por uma de suas alunas, Natsumi, e com uma ajudinha de Mai Takano. O seriado não conta com os atores da série cinematográfica, e os episódios foram dirigidos por Takao Kinoshita e Hiroshi Nishitani.

Rasen também foi adaptado para o universo dos quadrinhos, pois no Japão é moda transformar tudo em mangá. A adaptação saiu em 1999, com arte de Mizuki Sakura. Uma curiosidade é que, no final, Ryuji diz que não só que irá publicar as anotações de Reiko para contaminar toda a humanidade com o vírus de Sadako, mas também fazer um filme sobre a maldição de Sadako com o mesmo propósito!!!

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Felipe M. Guerra

Jornalista por profissão e Cineasta por paixão. Diretor da saga "Entrei em Pânico...", entre muitos outros. Escreve para o Blog Filmes para Doidos!

6 thoughts on “Rasen (1998)

  • 25/12/2021 em 13:11
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    Ótimo blog.
    Mas cara, vamos cair na real. Pouquíssimas obras japonesas dessa franquia são realmente boas. Ringu de 1998 não é nem de longe tão excelente quanto muitos falam, ele é repleto de falhas que refletiram na franquia e na personagem da Sadako. Mas, apesar disso, é MUITO MELHOR do que Ring Kanzenban e outros filmes mais fiéis ao livro. Perceba que, quanto mais fiel aos livros os filmes são, piores e mais ridículos eles ficam. Ringu 2 evitou muitas das falhas que você comentou, mas ele não é perfeito, na verdade, é mediano. E Ringu 0 é bom, mas não o suficiente. Esse novo remake, “Sadako”, é um recomeço interessante, mas assim, poderia ter sido um pouco melhor. De resto, é tudo lixo. Ring Kanzenban, Rasen, os Sadakos 3D, aquele crossover com O Grito, as séries de TV, mano, são todos muito ruins. Uns bem piores do que o outro, mas ainda assim, todos péssimos.
    Ninguém mais leva a Sadako a sério. Ela não tem identidade nem personalidade, ela não é nada mais do que uma piada hoje. E é triste, pois gosto dela. A versão do filme é consideravelmente melhor do que esses livros horrorosos e ridículos. E os mangás… nunca li nenhum. Mas enfim, é isso. A saga japonesa tem altos e baixos, a maioria são quedas, mas ainda há o que se salva. E a saga americana, de três filmes, os dois primeiros são excelentes e o terceiro é medíocre. Mas nem de longe tão ruim quanto alguns “Ring” japoneses. A Samara Morgan é muito melhor do que a Sadako em todos os aspectos possíveis, e mesmo no terceiro filme, ela consegue se destacar como algo bom.

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  • 06/06/2018 em 00:33
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    Vamos deixar coisas claras. Os filmes Ringu, nenhum deles é fiel aos livros… Vamos lá. Asakawa não é uma mulher, é um homem. Yoichi não existe no mundo Ringu. A maldição de Sadako é sim um vírus, é um vírus mutado da Varíola. Não existe Sadako saindo de tv e nem ligação após assistir ao vídeo. Ringu dirigido por Nakata, não foi o primeiro. Em 1995 ou 1997 o primeiro filme foi Ringu Kazenban, que é o que mais se aproxima ao livro de Koji Suzuki. Rasen também é um filme que se aproxima do livro. A coleção dos livros são Ring, Spiral (Rasen), Loop (Nunca teve filme sobre), Bassudei (Adaptado como Ringu 0), Koji recentemente lançou um novo livro do universo Ringu, se chama S (Esu). Nenhum dos filmes realmente retrata com fidelidade os poderes e os motivos de Sadako Yamamura, mto mesmo a palhaçada que é a imbecil da Samara Morgan. Os livros de Koji são maravilhosos, se você quiser realmente saber da história da saga Ringu, te digo que os filmes farão muito pouco por você. Ah sim, Takayama não tem relação afetiva nenhuma com Asakawa, eram apenas amigos.

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  • 06/06/2018 em 00:30
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    Vamos deixar coisas claras. Os filmes Ringu, nenhum deles é fiel aos livros… Vamos lá. Asakawa não é uma mulher, é um homem. Yoichi não existe no mundo Ringu. A maldição de Sadako é sim um vírus, é um vírus mutado da Varíola. Não existe Sadako saindo de tv e nem ligação após assistir ao vídeo. Ringu dirigido por Nakata, não foi o primeiro. Em 1995 ou 1997 o primeiro filme foi Ringu Kazenban, que é o que mais se aproxima ao livro de Koji Suzuki. Rasen também é um filme que se aproxima do livro. A coleção dos livros são Ring, Spiral (Rasen), Loop (Nunca teve filme sobre), Bassudei (Adaptado como Ringu 0), Koji recentemente lançou um novo livro do universo Ringu, se chama S (Esu). Nenhum dos filmes realmente retrata com fidelidade os poderes e os motivos de Sadako Yamamura, mto mesmo a palhaçada que é a imbecil da Samara Morgan. Os livros de Koji são maravilhosos, se você quiser realmente saber da história da saga Ringu, te digo que os filmes farão muito pouco por você.

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  • 04/09/2016 em 13:01
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    Ring espiral tá disponível na Netflix Brasil agora, eu não fazia ideia da existência desse filme.

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    • 04/09/2019 em 18:06
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      Droga, vim correndo pra escrever EXATAMENTE ISSO, e seu comentario é de 2016, estamos em 2019…

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  • 25/02/2016 em 22:19
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    Saiu agora,acho que ano passado, o DVD Ring Espiral, pela Focus Filmes.Lançaram em conjunto com Ring e Ring 2, muito provavelmente devido ao lançamento recente do Sadako 3d 1 e 2 (que também foi lançado em DVD por eles).

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