Python (2000)

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Python (2000)

Python
Original:Python
Ano:2000•País:EUA
Direção:Richard Clabaugh
Roteiro:Phillip J. Roth, Chris Neal, Gary Hershberger, Paul Bogh
Produção:Jeffery Beach, Ken Olandt, Phillip J. Roth
Elenco:Frayne Rosanoff, Robert Englund, Casper Van Dien, William Zabka, Dana Barron, Sara Mornell, Wil Wheaton, Jenny McCarthy, Chris Owens, Sean Whalen, Gary Grubbs, Theo Nicholas Pagones

Eu sempre odiei filmes com animais gigantes e/ou assassinos, tipo Anaconda, Octopus e Formigas Assassinas, porque, de um modo geral, eles se levam a sério demais, mesmo sendo péssimos filmes, e o resultado é um completo fiasco. Por muito tempo, devido a este meu preconceito relativo ao subgênero “terror animal“, eu fiquei longe de um filmeco classe Z chamado Python, cuja capinha não era nem um pouco chamativa, mesmo anunciando as presenças de Casper Von Dien (o canastrão de Tropas Estelares) e de Robert Englund (o famoso Freddy Krueger) no elenco.

Já tinha visto Anaconda, que de tão ruim é engraçado, e King Cobra, que é uma imitação de Anaconda, porém só ruim mesmo. Por que eu precisava ver Python, que certamente seria mais uma reunião dos clichês sobre cobras gigantes?

Mesmo assim, traumatizado devido à ruindade de Anaconda 2, eu resolvi me autoflagelar e pegar mais um filme com cobras gigantes para assistir. E o escolhido foi justamente o Python. Para minha total surpresa, em nenhum momento eu fiquei com vontade de quebrar a TV. Em nenhum momento praguejei, amaldiçoando os produtores do filme e a minha imbecilidade por alugá-lo. Não, meus amigos, eu confesso: gostei de Python, um dos filmes mais mongoloides que vi nos últimos tempos. Um trash com todas as letras, um filme realmente “bom de tão ruim“, como há muito tempo eu não via.

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Feita esta introdução, você já sabe no que vai se meter: nem pense em alugar este filme se estiver meio mal-humorado, ou se for daquele tipo de espectador que gosta de levar as coisas a sério. Não, nada de seriedade aqui. Python é uma bobagem, e todo mundo sabe disso: do roteirista ao diretor, passando pelo elenco e pelo técnico em efeitos especiais, todo mundo está conformado com a extrema imbecilidade do projeto, por isso eles levam o negócio na brincadeira mesmo, sem tentar enganar o espectador. Se você assistir com um sorriso nos lábios, de preferência com amigos na sala, prepare-se para rir muito, a exemplo dos filmes do Bruno Mattei ou do Ed Wood. Se estiver bêbado ou chapado, então, melhor ainda: Python é O filme para morrer de rir!

Realizado em 2000, ele marca a estreia na direção de Richard Clabaugh, que foi cinegrafista em filmes de terror respeitados, como Anjos Rebeldes e Fantasmas. Trabalhou também em A Colheita Maldita 4 e A Colheita Maldita 666, pois ninguém é perfeito. Como tem prática como cinegrafista, Clabaugh nos brinda com uma direção vigorosa (para um filme classe C), com belos enquadramentos e algumas cenas interessantes, com câmera na mão sacundido ao estilo “Soldado Ryan“. Mas não se iludam: este filme não é bem-feito. Muito pelo contrário… O roteiro, acreditem se quiser, foi escrito por três pessoas, e mesmo assim consegue ser mais divertido que Anaconda 2, que teve quatro roteiristas! Python foi escrito por Chris Neal, Gary Hershberger e Paul Bogh. E é curioso constatar que um dos produtores é Kenneth Olandt, que participou como ator em filmes tipo A Noite das Brincadeiras Mortais e O Duende.

Python começa com uma péssima cena feita por computação gráfica mostrando um avião militar em uma tempestade. O piloto é Ed Lauter, veterano que já trabalhou em mais de 100 filmes, de Desejo de Matar 3 à refilmagem de King Kong; e o co-piloto é Marc McClure, que interpretava o fotógrafo Jimmy Olsen na série Superman, aquela estrelada por Christopher Reeve. Lauter reclama que o avião está sacudindo muito e pede para McClure dar uma checada na carga. Este, burro, abre um enorme contêiner, alheio aos avisos que dizem para “Não abrir“. E de lá sai uma cobra gigante, que arrebenta metade da fuselagem do avião (e mesmo assim não provoca descompressão na aeronave!!!). Por este início, o espectador iniciado em trash já sabe que o filme vai ser uma delícia. Afinal, dois atores conhecidos acabaram de ser devorados por uma cobra gigante a menos de cinco minutos de filme, e com péssimo CGI!!! Pode começar a gargalhar!

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Em seguida, provando definitivamente que estamos diante de um filme especial, somos brindados com a tradicional cena de um casal de adolescentes transando num acampamento, ao lado da fogueira. A diferença é que ao invés do casal tradicional, trata-se de um casal de LÉSBICAS, uma fazendo sexo oral na outra! E uma delas tem uma cobra de estimação, ainda por cima! Quando a cena de sexo, nudez e lesbianismo gratuitos termina, ambas viram as primeiras vítimas da cobrona assassina, que resistiu à queda do avião que a transportava.

Vale ressaltar que a cobrona assassina não só é enorme, não só engole as vítimas numa única bocada, não só parte pessoas no meio com sua cauda, mas também tem o poder de disparar um vômito de ácido (enzimas digestivos) para dissolver quem lhe ameaça. Pode uma coisa dessas?

Para melhorar ainda mais a coisa, os créditos de abertura lembram a abertura de Seven, de David Fincher, com caracteres sobrepostos e tremendo, enquanto somos apresentados ao nosso herói, John Cooper (Frayne Rosanoff). Ele é um campeão de mountain-bike que ficou anos longe da sua cidade, a pequena Ruby, voltando bem a tempo de roubar Kristin (Dana Barron), a namorada do seu ex-amigo policial, Greg Larsen (William Zabka). Só uma rápida informação do data-trash: Dana interpretou a filha feiosa de Chevy Chase no primeiro Férias Frustradas, de 1983, e aqui está surpreendentemente gostosa; já William, que está a cara do Luciano Huck, foi o loirinho vilão de Karate Kid! De onde foram tirar esse elenco, gente???

Enfim, a polícia descobre o corpo totalmente digerido de uma das lésbicas (a cena mostra com closes generosos o esqueleto coberto de carne queimada, tripas e sangue). Quando o legista Floyd (John Franklin, que interpretou o garoto-vilão Isaac no primeiro A Colheita Maldita!!!) diz que aquela garota só pode ter sido corroída por ácido, os policias de cara suspeitam de Cooper, porque seu irmão tem uma usina de gases químicos. É claro que Greg, ainda furioso por ter perdido a namorada para o rival, coloca lenha na fogueira. O xerife Griffin (Gary Grubbs) decide ficar de olho em Cooper, e um outro policial, o caricato Lewis (Sean Whalen, aquele cara esquisito que apareceu em The Wonders e A Mão Assassina), quer porque quer prender o rapaz, para poder colocar em prática o que aprendeu nos filmes policiais – lembre-se, estamos numa cidade pequena e assassinatos não são coisa comum, prisões menos ainda!

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Enquanto isso, mais pessoas vão morrendo, com a Python circulando livremente pela cidade sem ser vista (apesar de ter uns 60 metros!). As próximas vítimas são o corretor de imóveis Kenny Summers (Scott Williamson) e a gostosíssima Francesca Garibaldi (!!!), interpretada pela igualmente gostosíssima Jenny McCarthy (aquela loira peituda que aparece no início de Todo Mundo em Pânico 3, junto com Pamela Anderson!!!). A “interpretação” de Jenny é sob medida para nos lembrar que tudo que estamos vendo é uma total avacalhação: as caretas e os gritinhos quando ela vê a Python são lastimáveis, de se mijar de rir (parece um quadro do Zorra Total), assim como seu triste fim – decapitada com uma rabada da cobra, infelizmente antes de tirar a roupa e poder mostrar todo seu “talento“. Mas pior destino tem Kenny, que é abocanhado pela Python e sacudido no ar. Por favor, passe esta cena em câmera lenta, para poder ver melhor o ator substituído por um bonequinho em CGI, duro e SEM ROSTO!!! hahahahahaha. Essa, só vendo para acreditar.

Cooper é preso quando a polícia encontra mais estes corpos, e então entra em cena um esquadrão especial do Exército liderado por Bart Parker (Casper Von Dien). Um parêntese: Von Dien é naturalmente canastrão, como todo mundo viu em Tropas Estelares. Mas aqui em Python ele está ainda pior porque aparece naturalmente avacalhado, com um bigodinho de fresco, tentando fazer pose de cara mau e visivelmente recitando seus diálogos de cor, sem a menor pretensão de atuar (hahahaha). Ajudado pelo dr. Anton Rudolph (Englund, quem mais?), o cientista que criou a Python, Bart vai até Ruby com seu batalhão, armado com metralhadoras e bazucas, para tentar deter o temível réptil.

A partir daí, Python se transforma em um festival de abobrinhas como o cinema trash raramente mostrou. Se até então a coisa até podia ser levada um pouquinho a sério, quando o batalhão entra em ação a podreira toma conta. A cobra em CGI nos faz cair na gargalhada toda vez que entra em cena (até porque, às vezes, ela não fica bem sincronizada com os atores). A briga de Cooper e Greg num parquinho infantil é memorável, até porque não acrescenta nada à trama. E eu realmente preciso comentar a cena onde uma mocinha (a gostosa Sara Mornell) está tomando banho, em outra cena de nudez gratuita, e a cobrona vai atacá-la no banheiro. Primeiro, a garota histérica tenta jogar xampu na cara da serpente, mas nada acontece. Então ela olha o frasco e percebe que é xampu para bebês, daquele que não arde nos olhos (hahahahaha). Depois, desesperada, ela ainda joga seu patinho de borracha na cobra! E consegue escapar!!! hahahahaha

Para completar a brincadeira, a Python é inteligente e consegue escapar de uma armadilha em um túnel desligando, com sua cauda, os explosivos colocados no caminho (bahhh…). E apesar de ser fortíssima e gigantesca, no fim ela acaba apanhando do herói Cooper, que sai literalmente no braço com ela, dando-lhe socos e pauladas na cabeça (hahahahahaha). No fim, o filme vira um festival do exagero, com a cobrona sendo cortada no meio e suas tripas saindo em close da barrigona (hahahaha), e uma das mocinhas desfilando com uma camiseta escrita “Eu ajudei a matar uma Python gigante e tudo que ganhei foi esta droga de camiseta!“.

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Na sua crítica sobre o filme Anaconda 2, Pablo Villaça, do site Cinema em Cena, lamentou a ausência de nomes conhecidos no elenco, dizendo que se vai ao cinema para ver pessoas sendo comidas por cobras gigantes, pelo menos quer que sejam pessoas conhecidas. Por isso Python é tão divertido: a maior parte do elenco é formada por rostos famosos, ou pelo menos conhecidos, daqueles que você vê em diversos filmes ao longo da vida (tipo o eterno coadjuvante Ed Lauter). Tem também uma participação do Wil Wheaton (da série Star Trek: A Nova Geração), interpretando um mané cujas últimas palavras são: “Eu não acredito que você me tirou da cama por causa de uma cobra…“, antes de ser abocanhado pela bocarra da serpente gigante!

Python não deve e nem pode ser levado a sério, e por isso mesmo é divertidíssimo. É um filme incoerente, que você pode usar tanto para assustar sua namorada ou sobrinho pequeno que não gostam de filmes de terror e odeiam cobras quanto para se divertir com os amigos, dando muitas gargalhadas com as toneladas de abobrinhas do roteiro. É um filme divertido, mas certamente não daqueles “clássicos” que você vai ficar com vontade de rever depois. Uma única assistida é suficiente para Python. Mesmo assim, ele é anos-luz mais engraçado e legal que uma bomba pretensiosa tipo Anaconda 2.

Com a devida preparação e com o devido estado de espírito (de preferência, espírito-de-porco), arrisque dar uma chance para Python qualquer dia desses, e prepare-se para ver uma bobagem tão divertida quanto o Ratos, do Bruno Mattei, O Monstro do Armário ou O Ataque dos Vermes Malditos!

A propósito: a continuação, Python 2, foi feita para a TV, com outros realizadores, e se leva mais a sério do que seu antecessor. O único integrante do elenco original a voltar é William Zabka, o Greg, e há alguns flashbacks do primeiro filme. Do jeito que a coisa vai, e com as continuações de Anaconda, não duvido que logo logo saia um Python 3. É só esperar…

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Felipe M. Guerra

Jornalista por profissão e Cineasta por paixão. Diretor da saga "Entrei em Pânico...", entre muitos outros. Escreve para o Blog Filmes para Doidos!

7 thoughts on “Python (2000)

  • 06/07/2014 em 15:50
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    Eu assisti esse filme umas três vezes (não me pergunte porque, kk.) Mas prefiro Anaconda, não pela história é claro, mas pelos efeitos porque pelo menos eles usaram um ”bonecão”.

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  • 30/05/2014 em 08:13
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    gostei não,prefiro 1000 vezes anaconda.

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  • 29/05/2014 em 23:14
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    Não se leva a sério mesmo e tem seus momentos divertidos!rs

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  • 29/05/2014 em 17:07
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    Eu lembro que na época que aluguei o DVD, foi justamente a capa que me chamou a atenção… e meu pai perguntando se o nome do filme era Pintão….rsrsrsr bons tempos das locadoras.

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  • 29/05/2014 em 00:11
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    O melhor filme de cobra que já assisti foi Anaconda 2, é uma pena que as continuações foram tão ruins.

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  • 28/05/2014 em 20:30
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    Eu particularmente gosto muito também deste subgênero ” Eco – Terror ” , mais é claro que nem todos são bons , mais a maioria deles que assisti eu gosto e ” Python ” é um bom exemplo disso .

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  • 27/05/2014 em 17:07
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    “PYTHON” é uma divertida viagem trash e não merece, em momento algum, ser levado à sério…
    A começar pela trama simples e com CARA de produção de baixo orçamento, rodada em poucos dias…
    Depois, Casper Van Dien interpreta o mesmo papel de antes, do sujeito esquentado que acaba morrendo no meio do filme.
    Wil Wheaton interpreta o cara engraçado que acaba sendo vitima da cobra…
    Jenny McCarthy é a loira bonitona que entra para incrementar a historia, mas também é descartada.
    E por fim…
    Robert Englund vive o misterioso cientista que sabe tudo sobre a ameaça monstruosa, ajuda os heróis e acaba morto pela própria criação…
    O quarteto de protagonistas tenta segurar o filme, mas sinceramente, poderia ser dispensado… E o policial irritante, que suspeita do herói é muito obvio, e também é descartado… E a ponta de John Franklin – o eterno Issac de “Colheita Maldita” (1984) – é mais uma surpresa, bem como a presença do eterno Freddy Krueger.
    Enfim… “PYTHON” é um Filme B – , com tudo que tem direito, inclusive efeitos especiais de décima categoria.
    Mesmo assim, vale a pena ser visto, mesmo que seja para dar umas boas risadas…

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