The Strain (2014) – 1ª Temporada

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The Strain
Original:The Strain
Ano:2014•País:EUA, Canadá
Direção:Guillermo del Toro, David Semel, Keith Gordon, Peter Weller, Charlotte Sieling, Guy Ferland, John Dahl, Deran Sarafian, Phil Abraham
Roteiro:Guillermo del Toro, Chuck Hogan, Greggory Nations, Justin Britt-Gibson, Regina Corrado, Gennifer Hutchison, Bradley Thompson, David Weddle
Produção:J. Miles Dale
Elenco:Corey Stoll, David Bradley, Mía Maestro, Kevin Durand, Jonathan Hyde, Richard Sammel, Sean Astin, Jack Kesy, Natalie Brown, Miguel Gomez, Ben Hyland Lance Henriksen, Roger R. Cross

por Marcos Brolia

The Strain, baseado na trilogia de livros escrita por Guillermo Del Toro e Chuck Hogan, exibida no canal à cabo FX (inclusive aqui no Brasil), traz a adaptação televisiva para a chamada “Trilogia da Escuridão”, com uma diferente abordagem científica sobre o mito do chupador de sangue.

O nome de Del Toro fatidicamente gera um hype tanto para os nerds, por conta de Hellboy, Blade II e Círculo de Fogo, quanto para os fãs do terror e do fantástico, por conta de Cronos (também uma abordagem diferenciada dos vampiros proposta pelo mexicano), A Espinha do Diabo, O Labirinto do Fauno e o recente A Colina Escarlate, longas os quais dirige, além de estar envolvido na produção executiva do excelente O Orfanato ou do execrável Mama, entre outros.

Uma série sobre vampiros, ainda mais depois das pobres coitadas criaturas notívagas terem sido esculachadas nas duas últimas décadas em livros, séries e filmes para pré-adolescentes, e ainda com produção de Carlton Cuse (showrunner de Lost e Bates Motel), seria no mínimo, interessante.

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Os livros “Noturno”, “A Queda” e “Noite Eterna”, até por ter o nome de Del Toro envolvido, traz a maioria das sequências dos textos de uma forma completamente cinematográfica, parte de um pacote já prontinho para ser roteirizado para uma mídia visual, como o cinema (que seria a ideia original) e a TV (o que acabou mostrando-se muito mais acertado). Até por isso a primeira temporada da série flui de forma bem fácil para o cara do outro lado da telinha, tendo lido a trilogia ou não.

Logo o primeiro episódio, dirigido pelo próprio Del Toro, é uma aula de como se fazer um piloto de uma série. Independente de você conhecer a obra ou não, ele te prende já colocando praticamente todas as cartas possíveis na mesa, sem economizar nada, carregado de suspense e momentos de pura tensão, abrindo o leque para uma boa quantidade de mistérios que vão sendo resolvidos nos seguintes doze capítulos (e temporadas, pois a série já foi renovada para sua terceira).

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Um avião da Regis Air, vindo de Berlim, aterrissa no piloto automático no aeroporto JFK em Nova York, com todos os passageiros e tripulantes aparentemente mortos. Logo uma mistura de tramas clássicas à lá Além da Imaginação e Arquivo X começa a se desenhar, quando o Dr. Ephrain ‘Eph’ Goodweather (Corey Stoll, de Homem-Formiga), um prolífico médico do CDC, chefe do Projeto Canário – equipe que investiga ameaças biológicas – e sua equipe, formada pela Dra. Nora Martinez (Mia Maestro), mais que uma colega de trabalho, se é que você me entende, e por seu assistente traíra, Jim Kent (Sean Astin, o eterno Samwise Gamgee de O Senhor dos Anéis), são chamados para investigar um possível novo vírus que pode ter causado as mortes. Claro que usando aviões e Estados Unidos na mesma frase, a primeira suspeita é terrorismo.

Mal ele sabe que no compartimento de carga do avião havia um caixão trazendo para América uma antiga e poderosa entidade vampiresca de quase três metros de altura, conhecida como Mestre (todo desenvolvido em CG com a voz de Robin Atkin Downes e com a feição inspirada no Nosferatu de Murnau), trazido com auxílio da fortuna e esquemas do bilionário Eldritch Palmer (Jonathan Hyde), dono da poderosa Corporação Stoneheart, que sofre de um problema renal e vive no limite entre a vida e a morte, tendo que se submeter sucessivamente a diversos transplantes para viver mais um dia.

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Essa condição médica o leva a fazer um verdadeiro “pacto com o diabo” em troca de vida eterna, ajudando-o com recursos e contatos para que um engendrado plano de conspiração (em diversos escalões) tome forma, o Mestre atravesse o rio (vampiros não podem atravessar água corrente, lembra?) e a infecção vampírica comece a se espalhar.

Isso já abre espaço para uma variação na mitologia vampírica (pelo menos neste primeiro momento) tirando todo o aparato mítico/gótico/sedutor/aristocrático dos longos caninos cravados na jugular das donzelas incautas do vilarejo, para um vampiro viral, que nasce de um verme transmitido através do sangue, causando uma terrível mutação nos infectados, transformando-os biologicamente em criaturas acopladas com uma extensa língua prênsil alojada em uma bolsa na traqueia que é expelida para se alimentar do sangue humano e espalhar o verme (mais ou menos como Del Toro mesmo havia feito anteriormente em Blade II). Outro detalhe deveras interessante da mutação é a perda de órgãos que agora são inúteis para eles, como cabelos, nariz, orelha e até o aparelho reprodutor (ouch!).

A infecção se dá início com quatro sobreviventes do avião, dentre 206, que liberados pelo CDC e pelo Departamento de Saúde (onde você começa a perceber os peões sendo movimentados), mesmo a contragosto de Eph, voltam para seus entes queridos, pois essa é a premissa do mais básico instinto restante nas criaturas: buscar aqueles que amam para transformá-los também.

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O único que realmente sabe a verdade sobre os vampiros e tenta alertar o Dr. Goodwather e sua equipe é o velho dono de uma loja de penhores chamado Abraham Setrakian (David Bradley – papel originalmente de John Hurt, que chegou a gravar um piloto, mas teve de desistir por problemas de agenda), que vem caçando o mestre e seus Strigoi (termo do folclore romeno para os mortos que se levantam de seus túmulos) desde a Segunda Guerra Mundial, quando, judeu, foi levado para o campo de concentração de Treblinka, local usado pelo Mestre como fonte de alimento sem dar nenhuma pinta.

Neste momento histórico pontuado em flashbacks também se desenha um entrevero entre Setrakian e um poderoso acólito do mestre, o comandante nazista Thomas Eichrost (Richard Sammel). Vale dizer que os grandes momentos da série são os diálogos entre os dois durante a guerra, onde Setrakian sobrevive apenas por conta de seus dotes de artesão, obrigado a construir um caixão detalhadíssimo para o Mestre, aquele mesmo que veio para NY dentro do avião, ganhando o apelido de “Entalhador” pelo vilão e chamado sadicamente pelo alemão com seu número de prisioneiro, A230385. Sobrevivendo ao holocausto, Setrakian dedicará sua vida a estudar o fenômeno, eliminar os Strigoi e caçar tanto o Mestre quanto Eichrost em busca de vingança que se tornará ainda mais pessoal.

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Setrakian consegue convencer Eph à duras penas de que se trata de vampiros e não uma simples pandemia e o ensina as técnicas capazes de matá-los, como a luz do sol (ou luz ultravioleta) e a prata. Juntam-se ao time futuramente o ucraniano durão Vasily Fet (Kevin Durand, de Lost – personagem criado por Del Toro com seu ator fetiche Ron Pearlman em mente), que trabalha como exterminador de pragas, e a hacker Dutch Velders (Ruta Gedmintas), criada exclusivamente para a série, não existindo nos livros, responsável por derrubar a Internet e as comunicações para Palmer, para que ninguém filme um ataque vampiro e meta no Instagram ou Youtube, mantendo o clima de cortina de fumaça, que depois passa para o lado dos mocinhos.

Ainda há uma trama paralela importantíssima envolvendo o filho de Eph, Zach (Ben Hyland) e sua ex-esposa, Kelly (Natalie Brown), onde ambos estão em disputa pela guarda do garoto, depois de uma traumática separação levada pelo excesso de trabalho de Eph, falta de tempo para os dois e seu alcoolismo. Essa relação será importante para todo o desenvolvimento emocional da trama e principalmente, para as consequências vindouras para as próximas temporadas.

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Outro personagem importante para o desenrolar dos acontecimentos é o descendente de mexicano, Augustin ‘Gus’ Elizalde (Miguel Gómez), um criminoso mal encarado (mas que ama sua mãe) que chantageado por Eichrost, presta favores ao mestre sem saber, mas depois percebe o descarrilar da situação com a infecção vampírica e aqueles monstros soltos nas ruas, e não terá outra solução a não ser combater a praga e se aliar aos “vilões”, numa reviravolta das mais interessantes no último capítulo da primeira temporada.

Mesclando elementos de terror, ficção, suspense e ação, The Strain agrada em cheio aos fãs de todos esses gêneros. E claro, os fãs de vampiros que procuram uma abordagem diferente da criatura. O aumento da tensão é um ponto fundamental para a fluidez dos episódios, tornando-se cada vez mais assustador e sinistro conforme a epidemia e seu desenrolar avançam.

Apesar de algumas mudanças pontuais com relação à publicação e comidas de bolas em outras, mantém-se bastante fiel e o que é alterado torna-se positivo para a dinâmica e o seu desenrolar, fazendo com que a primeira temporada de The Strain mostre-se agradável tanto para os fãs da Trilogia da Escuridão quanto novos públicos.

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Um infernauta com talentos sobrenaturais convidado a ter seu texto publicado no Boca do Inferno!

3 thoughts on “The Strain (2014) – 1ª Temporada

  • 29/10/2015 em 05:16
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    Muito boa a série e a trilogia dos livros é épica.

    Resposta
  • 25/10/2015 em 05:28
    Permalink

    Gostei tanto da série (melhor dizendo, dessa primeira temporada) que comprei a Trilogia da Escuridão (os livros)! Fiquei viciada nessa história por MESES!

    Porém, infelizmente esse vício morreu com a segunda temporada. Eu espero que as próximas temporadas sejam melhores.

    Resposta
  • 23/10/2015 em 18:02
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    curti muito essa 1 temporada,realmente prende o espectador.interessante as tramas paralelas e essa nova mitologia de vampiro…a segunda é completamente inferior a 1 o que é uma pena!

    Resposta

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