Scanners III - O Duelo Final
Original:Scanners III: The Takeover
Ano:1991•País:Canadá, EUA Direção:Christian Duguay Roteiro:B.J. Nelson, Julie Richard, David Preston Produção:René Malo Elenco:Liliana Komorowska, Valérie Valois, Steve Parrish, Colin Fox, Daniel Pilon, Peter Wright, Sith Sekae, Michael Copeman, Jean Frenette |
“Você tem poderes especiais. Deve saber como lidar com eles: como uma maldição… ou um dom.”
Monge para Alex Monet
Se o primeiro Scanners não deixava muita abertura para uma continuação e ainda assim Scanners 2 foi feito, o que esperar de uma segunda continuação, se não o pior? Pois acontece exatamente o pior! Este filme, novamente dirigido por Christian Duguay, torna toda a mitologia criada em torno dos Scanners uma avacalhação total, misturando-os com monges e gângsteres, e que é ruim mesmo visto pelo lado trash da coisa.
O filme inicia com letreiros nos informando toda aquela história sobre os scanners, o Ephemerol e as drogas EPH-1 e EPH-2, que já nos havia sido contada nos filmes anteriores.
Então vemos uma comemoração de natal na casa de Joyce Stone (Valérie Valois), quando chega seu namorado scanner Alex (o pouco conhecido e por-favor-continue-assim, Steve Parrish), acompanhado pela sua irmã também scanner Helena Monet (Liliana Komorowska, esposa e atriz marcada nos filmes de Christian Duguay, incluindo Screamers). Um grupo de amigos discute sobre a verdadeira existência dos scanners, porém Taylor, um amigo de Alex, diz que tem como provar que eles existem e convence-o a demonstrar os seus poderes. No entanto, a demonstração acaba em um acidente fatal.
Abatido pela perda, Alex larga tudo e entra em uma viagem espiritual obtendo refúgio em um monastério tailandês para aprender a controlar os seus poderes e obter paz interior.
Passados dois anos, Helena anda sofrendo com fortes dores de cabeça e toda aquela inconveniência em ser um scanner. Enquanto perambula por becos visivelmente perigosos com sua amiga Joyce, ambas são atacadas por três típicos punks marginais estereotipados e tomam uma lição bem ao estilo scanner, jogados em um caminhão de lixo e posteriormente esmagados pela prensa do caminhão.
Seu pai adotivo Dr. Elton Monet (Colin Fox, do bem, eh, “filme” A Praga Assassina), dono de uma grande empresa química, trabalha numa droga experimental chamada EPH-3, que é uma coisinha redonda com um led verde piscante, acomodada em uma embalagem de camisinha, que quando colada na nuca libera o remédio gradualmente, aliviando a dor por 24 horas. Mas como toda droga experimental, ela possui efeitos colaterais desconhecidos que serão ignorados por Helena em uma noite em que ela tem uma crise provocada por um pesadelo, envolvendo sua traumática infância de testes e experiências conduzidas pelo Dr. Baumann (Harry Hill, de Rabid).
O estranho (ou um dos buracos do roteiro) nesta cena é que mesmo sabendo que sua filha tem uma certa aversão ao remédio e que a droga experimental pode ser altamente perigosa, o Dr. Elton deixa dezenas de amostras em uma maleta destrancada na cozinha de sua casa. Acontece que a droga funciona e Helena nunca mais demonstra dores, porém (e sempre há um porém) a deixa com uma crescente fúria psicótica e megalomaníaca.
Paralelo a isso, Helena trabalha para um cara do show business, Mark Dragon (Peter Wright, em uma atuação digna de um Framboesa de Ouro), que está próximo de lançar a ASN, que basicamente é uma grande rede de televisão. O fato de Helena ser tratada como um objeto de decoração por Dragon, adicionado ao fato de estar sob o efeito colateral da droga, faz com que ela force Dragon a fazer um strip no meio de um restaurante durante um encontro com seu maior financiador, numa sequência dispensável e sem graça.
A partir daí Helena começa um plano de vingança e dominação mundial, começando pelo Dr. Baumann, que rende a única cena realmente boa do filme, e recrutando os scanners residentes na clínica que recebem EPH-3 também.
Cada vez mais possessa, Helena mata o seu próprio pai para obter o controle da empresa e fabricar o EPH-3 em massa, continuando seus planos, mas Michael (Daniel Pilon), um amigo da família, saca algo estranho no comportamento de Helena e vai atrás de Alex, o irmão desaparecido.
Como de boba Helena não tem nada, ela manda um capanga scanner para a Tailândia junto com Michael para matar Alex, para tanto ele escaneia alguns lutadores de kickboxer e dá cabo de Michael. Só que Alex treinou bastante, consegue matar o scanner e resolve voltar para impedir sua irmã.
Daí pra frente à coisa desanda e Alex é perseguido pelo grupo de scanners gangsters que lutam kung-fu (?!?!?) mais uma enfermeira gostosona e, no final das contas, o plano de nossa “Femme Fatale” acaba parecendo um episódio bizarro de Pink e Cérebro. Entretanto se você conseguiu sobreviver até aqui, aguarde a esperada batalha final cheia de caretas e a conclusão é inacreditavelmente ridícula. É ver pra crer como Duguay simplesmente detona com tudo o que o filme teve de bom (que já não era muito, diga-se de passagem).
As atuações são horrorosas, piores até que o filme anterior. A vilã do filme é tão, mas tão exageradamente má que parece que foi inspirada na novela mexicana “A Usurpadora“; Steve Parrish até tenta, mas não consegue convencer como um scanner.
Agora se algum de vocês quiser culpar alguém, guardem estes nomes: B.J. Nelson, Julie Richard e David Preston, os roteiristas. Exatamente, foram três as pessoas que escreveram essa coisa e acharam que ia fazer sucesso.
Na maçaroca de ideias apresentadas no roteiro muitas são surreais, algumas beirando o ridículo e simplesmente não convencem: Alex deslocado em um monastério Tailandês, uma droga que causa comportamento psicótico e a batida ideia da dominação do mundo, inventando até um laser azul que serve como uma kriptonita para scanners, lançado por armas de plástico que fazem um barulhinho tosco.
Resumindo: o filme não convence, o roteiro não se preocupa com nexo e a inteligência do espectador e Duguay parece mais preocupado em fazer um filme para mostrar como sua esposa é talentosa (e não é) do que um filme sobre Scanners. Se você sentir uma tentadora curiosidade de assistir a esse treco, lançado em DVD no Brasil pela Califórnia Filmes, resista, reveja o primeiro filme e seja feliz.
Novos Poderes: Se sua mãe não tomava Ephemerol quando estava grávida, é uma pena. Você poderia ter alguns poderes bacanas como estes de Scanners 3:
Explodir Pombos: Não sei como não pensaram nisso antes. Se você acha estes seres asquerosos, defecadores e proliferadores de doenças, esta é a sua chance. Helena Monet detona quando um deles pensa que ela é um banheiro. (hahaha… muito hilário). Outra coisa que você vai aprender sobre os pombos é que eles são ocos. Eles explodem e não tem sangue ou vísceras, só penas…
Scaneamento Coletivo: Agora não só uma, mas até cinco pessoas podem ser escaneadas ao mesmo tempo. Helena e um outro scanner mané fazem isso com um pé nas costas.
Scaneamento em playback e via satélite: Essa é genial. Aprenda com Helena: faça uma brincadeirinha de scanner com alguém e grave em vídeo, e cada vez que a fita for passada, aquele que assistir vai fazer a mesma coisa. E melhor ainda, você pode fazer ao contrário, de casa para uma transmissão ao vivo e via satélite (Eu ainda não me conformo que precisaram 3 pessoas para pensar numa bobagem dessa).
Um bom momento: Como marmanjo, a bad girl Helena Monet na primeira cena de nudismo em toda série, e a enfermeira gostosona. Como crítico, a morte do Dr. Baumann é bem legal, pena que essa seja a única cena realmente gore do filme inteiro.
Mas sua cabeça pode explodir quando: Durante todo o filme, mas no final quando você pensou que já tinha visto de tudo, acontece o desfecho mais podre da série forçando uma continuação que, ainda bem, não existe. Não vou contar, mas acho que já sei de onde tiraram a inspiração para o “roteiro” de Vozes do Além.
Eu gostei de algumas coisas nesse filme, como a vilã saber no fundo que errou ao matar seu pai, que era realmente bom, e não um “mau revelado”, como normalmente acontece em filmes podres como no caso do oadre de “Passageiro do Futuro”. Porém, quando finalmente assisti ao primeiro, percebbi o quanto foram caça níquel essas continuações.
Sabe o que é bizarro? Eu gostei desse filme quando era um moleque nos anos.90. Eu assisti em VHS. E foi o primeiro que eu assisti.