
![]() Predador: Terras Selvagens
Original:Predator: Badlands
Ano:2025•País:EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha Direção:Dan Trachtenberg Roteiro:Dan Trachtenberg, Jim Thomas, Produção:John Davis, Brent O'Connor, Ben Rosenblatt, Marc Toberoff Elenco:Elle Fanning, Dimitrius Schuster-Koloamatangi, Ravi Narayan, Michael Homik, Stefan Grube, Reuben de Jong, Cameron Brown, Alison Wright, Matt Duffer, Ross Duffer |

Dois anos antes de Schwarzenegger encarar um habilidoso predador nas matas da América do Sul, Dennis Quaid tinha que aprender a conviver com uma criatura alienígena, numa relação de confiança improvável. Clássico da Sessão da Tarde, Inimigo Meu (Enemy Mine), de Wolfgang Petersen, estabelece uma interessante conexão com o recente Predador: Terras Selvagens (Predator: Badlands, 2025), que chegou aos cinemas no dia 6 de novembro. A ideia de um ambiente hostil e a necessidade de uma união pela sobrevivência mostram uma releitura curiosa de um conceito sempre funcional no cinema fantástico, com mensagens camufladas sobre se esquivar das diferenças pelo bem mútuo.
Terceiro filme do Predador comandado por Dan Trachtenberg (de Rua Cloverfield, 10) — antes ele fez O Predador: A Caçada e a boa animação Predador: Assassino de Assassinos —, este é o seu trabalho mais ousado. Faz referência a diversas produções fantásticas, incluindo o jogo Shadow of the Colossus (2005), e traz um mundo repleto de monstros, Elle Fanning em dois papéis distintos sendo que um deles não tem as pernas, um predador como protagonista, com sua própria linguagem, combates entre guerreiros e uma centena de sintéticos de mesma aparência. O resultado é uma produção light divertida, um cinepipoca envolto em entretenimento e reflexões bregas.

O predador Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) deseja fazer parte do clã dos Yautja, mas é considerado o mais fraco dos guerreiros, uma vergonha para seu pai Njohrr (Reuben de Jong), que pede que seu filho mais velho, Kwei (Michael Homik), mate-o. Como ele se recusa, o pai mata Kwei sob o olhar de Dek, quando sua nave é ativada para levá-lo a Genna, conhecida como “o planeta da morte” por ser o habitat do temível Kalisk. Dek parte para a missão de trazer o crânio da criatura para provar seu valor, mas não imaginava que o local traria diversas outras ameaças.
Cipós vivos, plantas explosivas, grama-navalha e outras criaturas surgem pelo caminho, assim como a sintética Thia (Fanning), produzida pela Weyland-Yutani Corporation, e que, na nova versão, possui sentimentos (não disse que era brega?). Sem as pernas devido ao confronto com Kalish, ela se oferece para ajudar Dek a cumprir sua missão desde que seja levada ao resto do seu corpo e possa talvez reencontrar a “irmã“ Tessa. Relutante por ser uma criatura que caça sozinha, Dek aos poucos aprende com a companhia sobre a postura dos lobos (sim, é brega) e sua sobrevivência coletiva, enquanto persistem na jornada perigosa contra as ameaças do planeta e a necessidade de Tessa de cumprir o objetivo designado pela Mãe.

Como se nota, em meio a uma aventura de combates e monstros, há uma reflexão sobre família, principalmente irmãos. Se Dek tem nas lembranças seu irmão se sacrificando por ele, Thia não percebe o mesmo sobre Tessa; e o conceito sobre confiança e família ainda se amplia com a aproximação do bichinho simpático, apelidado de “Bud” (muita breguice), e que tenta se aliar ao grupo, ainda sem o interesse de Dek. Nessa proposta Sessão da Tarde da nova geração, Kalisk é apenas um “macguffin” para as interações e aprendizados, numa caracterização comum de uma criatura que se regenera, justificando os interesses da Weyland-Yutani Corporation.

Muito bem feito, com ótima fotografia (Jeff Cutter) e efeitos especiais até convincentes — com o Predador tendo uma aparência de Russell Means em O Último dos Moicanos (1992) —, Predador: Terras Selvagens tem chances de agradar até os que não são íntimos da longa trajetória do Predador e nem perceberam a conexão com o universo Alien. É um filme de censura 13 anos que não surpreende e passa longe de incomodar.






















O filme me surpreendeu pela ousadia em fugir do feijão com arroz.